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Bíblia Sagrada

Livro dos Salmos


1

1 Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores. 2 Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite. 3 Ele é como a árvore plantada na margem das águas correntes: dá fruto na época própria, sua folhagem não murchará jamais. Tudo o que empreende, prospera. 4 Os ímpios não são assim! Mas são como a palha que o vento leva. 5 Por isso não suportarão o juízo, nem permanecerão os pecadores na assembléia dos justos. 6 Porque o Senhor vela pelo caminho dos justos, ao passo que o dos ímpios leva à perdição.

2

1 Por que tumultuam as nações? Por que tramam os povos vãs conspirações? 2 Erguem-se, juntos, os reis da terra, e os príncipes se unem para conspirar contra o Senhor e contra seu Cristo. 3 Quebremos seu jugo, disseram eles, e sacudamos para longe de nós as suas cadeias! 4 Aquele, porém, que mora nos céus, se ri, o Senhor os reduz ao ridículo. 5 Dirigindo-se a eles em cólera, ele os aterra com o seu furor: 6 Sou eu, diz, quem me sagrei um rei em Sião, minha montanha santa. 7 Vou publicar o decreto do Senhor. Disse-me o Senhor: Tu és meu filho, eu hoje te gerei. 8 Pede-me; dar-te-ei por herança todas as nações; tu possuirás os confins do mundo. 9 Tu as governarás com cetro de ferro, tu as pulverizarás como um vaso de argila. 10 Agora, ó reis, compreendei isto; instruí-vos, ó juízes da terra. 11 Servi ao Senhor com respeito e exultai em sua presença; prestai-lhe homenagem com tremor, para que não se irrite e não pereçais quando, em breve, se acender sua cólera. Felizes, entretanto, todos os que nele confiam.

3

1 Salmo de Davi, quando fugia de Absalão, seu filho. 2 Senhor, como são numerosos os meus perseguidores! É uma turba que se dirige contra mim. 3 Uma multidão inteira grita a meu respeito: Não, não há mais salvação para ele em seu Deus! 4 Mas vós sois, Senhor, para mim um escudo; vós sois minha glória, vós me levantais a cabeça. 5 Apenas elevei a voz para o Senhor, ele me responde de sua montanha santa. 6 Eu, que me tinha deitado e adormecido, levanto-me, porque o Senhor me sustenta. 7 Nada temo diante desta multidão de povo, que de todos os lados se dirige contra mim. 8 Levantai-vos, Senhor! Salvai-me, ó meu Deus! Feris no rosto todos os que me perseguem, quebrais os dentes dos pecadores. 9 Sim, Senhor, a salvação vem de vós. Desça a vossa bênção sobre vosso povo.

4

1 Ao mestre de canto. Com instrumentos de corda. Salmo de Davi. 2 Quando vos invoco, respondei-me, ó Deus de minha justiça, vós que na hora da angústia me reconfortastes. Tende piedade de mim e ouvi minha oração. 3 Ó poderosos, até quando tereis o coração endurecido, no amor das vaidades e na busca da mentira? 4 O Senhor escolheu como eleito uma pessoa admirável, o Senhor me ouviu quando o invoquei. 5 Tremei, mas sem pecar; refleti em vossos corações, quando estiverdes em vossos leitos, e calai. 6 Oferecei vossos sacrifícios com sinceridade e esperai no Senhor. 7 Dizem muitos: Quem nos fará ver a felicidade? Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz de vossa face. 8 Pusestes em meu coração mais alegria do que quando abundam o trigo e o vinho. 9 Apenas me deito, logo adormeço em paz, porque a segurança de meu repouso vem de vós só, Senhor.

5

1 Ao mestre de canto. Com flautas. Salmo de Davi. 2 Senhor, ouvi minhas palavras, escutai meus gemidos. 3 Atendei à voz de minha prece, ó meu rei, ó meu Deus. 4 É a vós que eu invoco, Senhor, desde a manhã; escutai a minha voz, porque, desde o raiar do dia, vos apresento minha súplica e espero. 5 Pois vós não sois um Deus a quem agrade o mal, o mau não poderia morar junto de vós; 6 os ímpios não podem resistir ao vosso olhar. Detestais a todos os que praticam o mal, 7 fazeis perecer aqueles que mentem, o homem cruel e doloso vos é abominável, ó Senhor. 8 Mas eu, graças à vossa grande bondade, entrarei em vossa casa. Prostrar-me-ei em vosso santuário, com o respeito que vos é devido, Senhor. 9 Conduzi-me pelas sendas da justiça, por causa de meus inimigos; aplainai, para mim, vosso caminho. 10 Porque em seus lábios não há sinceridade, seus corações só urdem projetos ardilosos. A garganta deles é como um sepulcro escancarado, com a língua distribuem lisonjas. 11 Deixai-os, Senhor, prender-se nos seus erros, que suas maquinações malogrem! Por causa do número de seus crimes, rejeitai-os, pois é contra vós que se revoltaram. 12 Regozijam-se, pelo contrário, os que em vós confiam, permanecem para sempre na alegria. Protegei-os e triunfarão em vós os que amam vosso nome. 13 Pois, vós, Senhor, abençoais o justo; vossa benevolência, como um escudo, o cobrirá.

6

1 Ao mestre de canto. Com instrumentos de corda. Em oitava. Salmo de Davi. 2 Senhor, em vossa cólera não me repreendais, em vosso furor não me castigueis. 3 Tende piedade de mim, Senhor, porque desfaleço; sarai-me, pois sinto abalados os meus ossos. 4 Minha alma está muito perturbada; vós, porém, Senhor, até quando?... 5 Voltai, Senhor, livrai minha alma; salvai-me, pela vossa bondade. 6 Porque no seio da morte não há quem de vós se lembre; quem vos glorificará na habitação dos mortos? 7 Eu me esgoto gemendo; todas as noites banho de pranto minha cama, com lágrimas inundo o meu leito. 8 De amargura meus olhos se turvam, esmorecem por causa dos que me oprimem. 9 Apartai-vos de mim, vós todos que praticais o mal, porque o Senhor atendeu às minhas lágrimas. 10 O Senhor escutou a minha oração, o Senhor acolheu a minha súplica. 11 Que todos os meus inimigos sejam envergonhados e aterrados; recuem imediatamente, cobertos de confusão!

7

1 Lamentação de Davi, que cantou em honra do Senhor, por causa de Cus, o benjaminita. 2 Senhor, ó meu Deus, é em vós que eu busco meu refúgio; salvai-me de todos os que me perseguem e livrai-me, 3 para que o inimigo não me arrebate como um leão, e me dilacere sem que ninguém me livre. 4 Senhor, ó meu Deus, se acaso fiz isso, se minhas mãos cometeram a iniqüidade, 5 se fiz mal ao homem pacífico, se oprimi os que me perseguiam sem motivo, 6 que o inimigo me persiga e me apanhe, que ele me pise vivo ao solo e atire a minha honra ao pó. 7 Levantai-vos, Senhor, na vossa cólera; erguei-vos contra o furor dos que me oprimem, erguei-vos para me defender numa causa que tomastes a vós. 8 Que a assembléia das nações vos circunde, presidi-a de um trono elevado. 9 O Senhor é o juiz dos povos. Fazei-me justiça, Senhor, segundo o meu justo direito, conforme minha integridade. 10 Ponde fim à malícia dos ímpios e sustentai o direito, ó Deus de justiça, que sondais os corações e os rins. 11 O meu escudo é Deus, Ele salva os que têm o coração reto. 12 Deus é um juiz íntegro, um Deus perpetuamente vingador. 13 Se eles não se corrigem, ele afiará a espada, entesará o arco e visará. 14 Contra os ímpios apresentará dardos mortíferos, lançará flechas inflamadas. 15 Eis que o mau está em dores de parto, concebe a malícia e dá à luz a mentira. 16 Abre um fosso profundo, mas cai no abismo por ele mesmo cavado. 17 Sua malícia recairá em sua própria cabeça, e sua violência se voltará contra a sua fronte. 18 Eu, porém, glorificarei o Senhor por sua justiça, e salmodiarei ao nome do Senhor, o Altíssimo.

8

1 Ao mestre de canto. Com a gitiena. Salmo de Davi. 2 Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra! Vossa majestade se estende, triunfante, por cima de todos os céus. 3 Da boca das crianças e dos pequeninos sai um louvor que confunde vossos adversários, e reduz ao silêncio vossos inimigos. 4 Quando contemplo o firmamento, obra de vossos dedos, a lua e as estrelas que lá fixastes: 5 Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles? 6 Entretanto, vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o coroastes. 7 Destes-lhe poder sobre as obras de vossas mãos, vós lhe submetestes todo o universo. 8 Rebanhos e gados, e até os animais bravios, 9 pássaros do céu e peixes do mar, tudo o que se move nas águas do oceano. 10 Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra!

9

1 Ao mestre de canto. Segundo a melodia A morte para o filho. Salmo de Davi. 2 Eu vos louvarei, Senhor, de todo o coração, todas as vossas maravilhas narrarei. 3 Em vós eu estremeço de alegria, cantarei vosso nome, ó Altíssimo! 4 Porque meus inimigos recuaram, fraquejaram, pereceram ante a vossa face. 5 Pois tomastes a vós meu direito e minha causa, assentastes, ó justo Juiz, em vosso tribunal. 6 Com efeito, perseguistes as nações, destruístes o ímpio; apagastes, para sempre, o seu nome. 7 Meus inimigos pereceram, consumou-se sua ruína eterna; demolistes suas cidades, sua própria lembrança se acabou. 8 O Senhor, porém, domina eternamente; num trono sólido, ele pronuncia seus julgamentos. 9 Ele mesmo julgará o universo com justiça, com eqüidade pronunciará sentença sobre os povos. 10 O Senhor torna-se refúgio para o oprimido, uma defesa oportuna para os tempos de perigo. 11 Aqueles que conheceram vosso nome confiarão em vós, porque, Senhor, jamais abandonais quem vos procura. 12 Salmodiai ao Senhor, que habita em Sião; proclamai seus altos feitos entre os povos. 13 Porque, vingador do sangue derramado, ele se lembra deles e não esqueceu o clamor dos infelizes. 14 Tende piedade de mim, Senhor, vede a miséria a que me reduziram os inimigos; arrancai-me das portas da morte, 15 para que nas portas da filha de Sião eu publique vossos louvores, e me regozije de vosso auxílio. 16 Caíram as nações no fosso que cavaram; prenderam-se seus pés na armadilha que armaram. 17 O Senhor se manifestou e fez justiça, capturando o ímpio em suas próprias redes. 18 Que os pecadores caiam na região dos mortos, todos esses povos que olvidaram a Deus. 19 O pobre, porém, não ficará no eterno esquecimento; nem a esperança dos aflitos será frustrada para sempre. 20 Levantai-vos, Senhor! Não seja o homem quem tenha a última palavra! Que diante de vós sejam julgadas as nações. 21 Enchei-as de pavor, Senhor, para que saibam que não passam de simples homens. 22 (l) Senhor, por que ficais tão longe? Por que vos ocultais nas horas de angústia? 23 (2) Enquanto o ímpio se enche de orgulho, é vexado o infeliz com as tribulações que aquele tramou. 24 (3) O pecador se gloria até de sua cupidez, o cobiçoso blasfema e despreza a Deus. 25 (4) Em sua arrogância, o ímpio diz: Não há castigo, Deus não existe. É tudo e só o que ele pensa. 26 (5) Em todos os tempos, próspero é o curso de sua vida; vossos juízos estão acima de seu alcance; quanto a seus adversários, os despreza a todos. 27 (6) Diz no coração: Nada me abalará, jamais terei má sorte. 28 (7) De maledicência, astúcia e dolo sua boca está cheia; em sua língua só existem palavras injuriosas e ofensivas. 29 (8) Põe-se de emboscada na vizinhança dos povoados, mata o inocente em lugares ocultos; seus olhos vigiam o infeliz. 30 (9) Como um leão no covil, espreita, no escuro; arma ciladas para surpreender o infeliz, colhe-o, na sua rede, e o arrebata. 31 (10) Curva-se, agacha-se no chão, e os infortunados caem em suas garras. 32 (11) Depois diz em seu coração: Deus depressa se esquecerá, ele voltará a cabeça, nunca vê nada. 33 (12) Levantai-vos, Senhor! Estendei a mão, e não vos esqueçais dos pobres. 34 (13) Por que razão o ímpio despreza a Deus e diz em seu coração Não haverá castigo? 35 (14) Entretanto, vós vedes tudo: observais os que penam e sofrem, a fim de tomar a causa deles em vossas mãos. É a vós que se abandona o infortunado, sois vós o amparo do órfão. 36 (15) Esmagai, pois, o braço do pecador perverso; persegui sua malícia, para que não subsista. 37 (16) O Senhor é rei eterno, as nações pagãs desaparecerão de seu domínio. 38 (17) Senhor, ouvistes os desejos dos humildes, confortastes-lhes o coração e os atendestes. 39 (18) Para que justiça seja feita ao órfão e ao oprimido, nem mais incuta terror o homem tirado do pó.

10

1 Ao mestre de canto. De Davi. É junto do Senhor que procuro refúgio. Por que dizer-me: Foge, velozmente, para a montanha, como um pássaro; 2 eis que os maus entesam seu arco, ajustam a flecha na corda, para ferir, de noite, os que têm o coração reto. 3 Quando os próprios fundamentos se abalam, que pode fazer ainda o justo? 4 Entretanto, o Senhor habita em seu templo, o Senhor tem seu trono no céu. Sua vista está atenta, seus olhares observam os filhos dos homens. 5 O Senhor sonda o justo como o ímpio, mas aquele que ama a injustiça, ele o aborrece. 6 Sobre os ímpios ele fará cair uma chuva de fogo e de enxofre; um vento abrasador de procela será o seu quinhão. 7 Porque o Senhor é justo, ele ama a justiça; e os homens retos contemplarão a sua face.

11

1 Ao mestre de canto. Uma oitava abaixo. Salmo de Davi. 2 Salvai-nos, Senhor, pois desaparecem os homens piedosos, e a lealdade se extingue entre os homens. 3 Uns não têm para com os outros senão palavras mentirosas; adulação na boca, duplicidade no coração. 4 Que o Senhor extirpe os lábios hipócritas e a língua insolente. 5 Aqueles que dizem: Dominaremos pela nossa língua, nossos lábios trabalham para nós, quem nos será senhor? 6 Responde, porém, o Senhor: Por causa da aflição dos humildes e dos gemidos dos pobres, levantar-me-ei para lhes dar a salvação que desejam. 7 As palavras do Senhor são palavras sinceras, puras como a prata acrisolada, isenta de ganga, sete vezes depurada. 8 Vós, Senhor, haveis de nos guardar, defender-nos-eis sempre dessa raça maléfica, 9 porque os ímpios andam de todos os lados, enquanto a vileza se ergue entre os homens.

12

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. 2 Até quando, Senhor, de todo vos esquecereis de mim? Por quanto tempo ainda desviareis de mim os vossos olhares? 3 Até quando aninharei a angústia na minha alma, e, dia após dia, a tristeza no coração? 4 Até quando se levantará o meu inimigo contra mim? Olhai! Ouvi-me, Senhor, ó meu Deus! 5 Iluminai meus olhos com vossa luz, para eu não adormecer na morte, para que meu inimigo não venha a dizer: Venci-o; 6 e meus adversários não triunfem no momento de minha queda, eu que confiei em vossa misericórdia. Antes possa meu coração regozijar-se em vosso socorro! Então cantarei ao Senhor pelos benefícios que me concedeu.

13

1 Ao mestre de canto. De Davi. Diz o insensato em seu coração: Não há Deus. Corromperam-se os homens, sua conduta é abominável, não há um só que faça o bem. 2 O Senhor, do alto do céu, observa os filhos dos homens, para ver se, acaso, existe alguém sensato que busque a Deus. 3 Mas todos eles se extraviaram e se perverteram; não há mais ninguém que faça o bem, nem um, nem mesmo um só. 4 Não se emendarão esses obreiros do mal, que devoram meu povo como quem come pão? Eles que não invocam o Senhor? 5 Mas irão tremer de pavor, porque Deus está com a raça dos justos; 6 pretendeis frustrar os planos do humilde, mas o Senhor é seu refúgio. 7 Ah, que venha de Sião a salvação de Israel! Quando o Senhor tiver mudado a sorte de seu povo, Jacó exultará e Israel se alegrará.

14

1 Salmo de Davi. Senhor, quem há de morar em vosso tabernáculo? Quem habitará em vossa montanha santa? 2 O que vive na inocência e pratica a justiça, o que pensa o que é reto no seu coração, 3 cuja língua não calunia; o que não faz mal a seu próximo, e não ultraja seu semelhante. 4 O que tem por desprezível o malvado, mas sabe honrar os que temem a Deus; o que não retrata juramento mesmo com dano seu, 5 não empresta dinheiro com usura, nem recebe presente para condenar o inocente. Aquele que assim proceder jamais será abalado.

15

1 Poema de Davi. Guardai-me, ó Deus, porque é em vós que procuro refúgio. 2 Digo a Deus: Sois o meu Senhor, fora de vós não há felicidade para mim. 3 Quão admirável tornou Deus o meu afeto para com os santos que estão em sua terra. 4 Numerosos são os sofrimentos que suportam aqueles que se entregam a estranhos deuses. Não hei de oferecer suas libações de sangue e meus lábios jamais pronunciarão o nome de seus ídolos. 5 Senhor, vós sois a minha parte de herança e meu cálice; vós tendes nas mãos o meu destino. 6 O cordel mediu para mim um lote aprazível, muito me agrada a minha herança. 7 Bendigo o Senhor porque me deu conselho, porque mesmo de noite o coração me exorta. 8 Ponho sempre o Senhor diante dos olhos, pois ele está à minha direita; não vacilarei. 9 Por isso meu coração se alegra e minha alma exulta, até meu corpo descansará seguro, 10 porque vós não abandonareis minha alma na habitação dos mortos, nem permitireis que vosso Santo conheça a corrupção. 11 Vós me ensinareis o caminho da vida, há abundância de alegria junto de vós, e delícias eternas à vossa direita.

16

1 Súplica de Davi. Ouvi, Senhor, uma causa justa! Atendei meu clamor! Escutai minha prece, de lábios sem malícia. 2 Venha de vós o meu julgamento, e vossos olhos reconheçam que sou íntegro. 3 Podeis sondar meu coração, visitá-lo à noite, prová-lo pelo fogo, não encontrareis iniqüidade em mim. 4 Minha boca não pecou, como costumam os homens; conforme as palavras dos vossos lábios, segui os caminhos da lei. 5 Meus passos se mantiveram firmes nas vossas sendas, meus pés não titubearam. 6 Eu vos invoco, pois me atendereis, Senhor; inclinai vossos ouvidos para mim, escutai minha voz. 7 Mostrai a vossa admirável misericórdia, vós que salvais dos adversários os que se acolhem à vossa direita. 8 Guardai-me como a pupila dos olhos, escondei-me à sombra de vossas asas, 9 longe dos pecadores, que me querem fazer violência. Meus inimigos me rodeiam com furor. 10 Seu coração endurecido se fecha à piedade; só têm na boca palavras arrogantes. 11 Eis que agora me cercam, espreitam para me prostrar por terra; 12 qual leão que se atira ávido sobre a presa, e como o leãozinho no seu covil. 13 Levantai-vos, Senhor, correi-lhe ao encontro, derrubai-o; com vossa espada livrai-me do pecador, 14 com vossa mão livrai-me dos homens, desses cuja única felicidade está nesta vida, que têm o ventre repleto de bens, cujos filhos vivem na abundância e deixam ainda aos seus filhos o que lhes sobra. 15 Mas eu, confiado na vossa justiça, contemplarei a vossa face; ao despertar, saciar-me-ei com a visão de vosso ser.

17

1 Ao mestre de canto. De Davi, servo do Senhor, que dirigiu as palavras deste cântico ao Senhor, no dia em que ficou livre de todos os seus inimigos e das mãos de Saul. 2 Disse: Eu vos amo, Senhor, minha força! 3 O Senhor é o meu rochedo, minha fortaleza e meu libertador. Meu Deus é a minha rocha, onde encontro o meu refúgio, meu escudo, força de minha salvação e minha cidadela. 4 Invoco o Senhor, digno de todo louvor, e fico livre dos meus inimigos. 5 Circundavam-me os vagalhões da morte, torrentes devastadoras me atemorizavam, 6 enlaçavam-se as cadeias da habitação dos mortos, a própria morte me prendia em suas redes. 7 Na minha angústia, invoquei o Senhor, gritei para meu Deus: do seu templo ele ouviu a minha voz, e o meu clamor em sua presença chegou aos seus ouvidos. 8 A terra vacilou e tremeu, os fundamentos das montanhas fremiram, abalaram-se, porque Deus se abrasou em cólera: 9 suas narinas exalavam fumaça; sua boca, fogo devorador, brasas incandescentes. 10 Ele inclinou os céus e desceu, calcando aos pés escuras nuvens. 11 Cavalgou sobre um querubim e voou, planando nas asas do vento. 12 Envolveu-se nas trevas como se fossem véu, fez para si uma tenda das águas tenebrosas, densas nuvens. 13 Do esplendor de sua presença suas nuvens avançaram: saraiva e centelhas de fogo. 14 Dos céus trovejou o Senhor, o Altíssimo fez ressoar a sua voz. 15 Lançou setas e dispersou os inimigos, fulminou relâmpagos e os desbaratou. 16 E apareceu descoberto o leito do mar, ficaram à vista os fundamentos da terra, ante a vossa ameaçadora voz, ó Senhor, ante o furacão de vossa cólera. 17 Do alto estendeu a sua mão e me pegou, e retirou-me das águas profundas, 18 livrou-me de inimigo poderoso, dos meus adversários mais fortes do que eu. 19 Investiram contra mim no dia do meu infortúnio, mas o Senhor foi o meu arrimo; 20 pôs-me a salvo e livrou-me, porque me ama. 21 O Senhor me tratou segundo a minha inocência, retribuiu-me segundo a pureza de minhas mãos, 22 porque guardei os caminhos do Senhor e não pequei separando-me do meu Deus. 23 Tenho diante dos olhos todos os seus preceitos e não me desvio de suas leis. 24 Ando irrepreensivelmente diante dele, guardando-me do meu pecado. 25 O Senhor retribuiu-me segundo a minha justiça, segundo a pureza de minhas mãos diante dos seus olhos. 26 Com quem é bondoso vos mostrais bondoso, com o homem íntegro vos mostrais íntegro; 27 puro com quem é puro; prudente com quem é astuto. 28 Os humildes salvais, os semblantes soberbos humilhais. 29 Senhor, sois vós que fazeis brilhar o meu farol, sois vós que dissipais as minhas trevas. 30 Convosco afrontarei batalhões, com meu Deus escalarei muralhas. 31 Os caminhos de Deus são perfeitos, a palavra do Senhor é pura. Ele é o escudo de todos os que nele se refugiam. 32 Pois quem é Deus senão o Senhor? Quem é o rochedo, senão o nosso Deus? 33 É Deus quem me cinge de coragem e aplana o meu caminho. 34 Torna os meus pés velozes como os das gazelas e me instala nas alturas. 35 Adestra minhas mãos para o combate e meus braços para o tiro de arco. 36 Vós me dais o escudo que me salva. Vossa destra me sustém, e vossa bondade me engrandece. 37 Alargais o caminho a meus passos, para meus pés não resvalarem. 38 Dou caça aos inimigos e os alcanço, e não volto sem que os tenha aniquilado. 39 De tal sorte os despedaço, que não mais poderão levantar-se: eles ficam caídos a meus pés. 40 Vós me cingis de coragem para a luta e ante mim dobrais os meus adversários. 41 Afugentais da minha presença os meus inimigos e reduzis ao silêncio os que me aborrecem. 42 Gritam por socorro, mas não há quem os salve; clamam ao Senhor, mas não responde... 43 Eu os disperso como o pó que o vento leva, e os esmago como o barro das estradas. 44 Vós me livrais das revoltas do povo e me colocais à frente das nações; povos que eu desconhecia se tornaram meus servos. 45 Gente estranha me serve abnegadamente e me obedece à primeira intimação. 46 Gente estranha desfalece e sai tremendo de seus esconderijos. 47 Viva o Senhor e bendito seja o meu rochedo! Exaltado seja Deus, que me salva! 48 Deus, que me proporciona a vingança e avassala nações a meus pés. 49 Sois vós que me libertais dos meus inimigos, me exaltais acima dos meus adversários e me salvais do homem violento. 50 Por isso vos louvarei, ó Senhor, entre as nações e celebrarei o vosso nome. 51 Ele prepara grandes vitórias a seu rei e faz misericórdia a seu ungido, a Davi e a sua descendência para sempre.

18

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. 2 Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos. 3 O dia ao outro transmite essa mensagem, e uma noite à outra a repete. 4 Não é uma língua nem são palavras, cujo sentido não se perceba, 5 porque por toda a terra se espalha o seu ruído, e até os confins do mundo a sua voz; aí armou Deus para o sol uma tenda. 6 E este, qual esposo que sai do seu tálamo, exulta, como um gigante, a percorrer seu caminho. 7 Sai de um extremo do céu, e no outro termina o seu curso; nada se furta ao seu calor. 8 A lei do Senhor é perfeita, reconforta a alma; a ordem do Senhor é segura, instrui o simples. 9 Os preceitos do Senhor são retos, deleitam o coração; o mandamento do Senhor é luminoso, esclarece os olhos. 10 O temor do Senhor é puro, subsiste eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros, todos igualmente justos. 11 Mais desejáveis que o ouro, que uma barra de ouro fino; mais doces que o mel, que o puro mel dos favos. 12 Ainda que vosso servo neles atente, guardando-os com todo o cuidado; 13 quem pode, entretanto, ver as próprias faltas? Purificai-me das que me são ocultas. 14 Preservai, também, vosso servo do orgulho; não domine ele sobre mim, então serei íntegro e limpo de falta grave. 15 Aceitai as palavras de meus lábios e os pensamentos de meu coração, na vossa presença, Senhor, minha rocha e meu redentor.

19

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. 2 Que o Senhor te escute no dia da provação, e te proteja o nome do Deus de Jacó. 3 Do seu santuário ele te socorra, e de Sião ele te sustente. 4 Lembre-se de tuas ofertas, e aceite os teus sacrifícios. 5 Conceda-te o que teu coração anela, e realize todos os teus desejos. 6 Possamos nós alegrar-nos com tua vitória e levantar as bandeiras em nome de nosso Deus. Sim, que o Senhor realize todos os teus pedidos. 7 Já sei que o Senhor reservou a vitória para seu ungido, e o ouviu do alto de seu santuário pelo poder de seu braço vencedor. 8 Uns põem sua força nos carros, outros nos cavalos. Nós, porém, a temos em nome do Senhor, nosso Deus. 9 Eles fraquejaram e foram vencidos, mas nós, de pé, continuamos firmes. 10 Senhor, dai a vitória ao rei, e ouvi-nos no dia em que vos invocamos.

20

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. 2 Senhor, alegra-se o rei com o vosso poder, e muito exulta com o vosso auxílio! 3 Realizastes os anseios de seu coração, não rejeitastes a prece de seus lábios. 4 Com preciosas bênçãos fostes-lhe ao encontro, pusestes-lhe na cabeça coroa de puríssimo ouro. 5 Ele vos pediu a vida, vós lha concedestes, uma vida cujos dias serão eternos. 6 Grande é a sua glória, devida à vossa proteção; vós o cobristes de majestade e esplendor. 7 Sim, fizestes dele o objeto de vossas eternas bênçãos, de alegria o cobristes com a vossa presença, 8 pois o rei confiou no Senhor. Graças ao Altíssimo não será abalado. 9 Que tua mão, ó rei, apanhe teus inimigos, que tua mão atinja os que te odeiam. 10 Tu os tornarás como fornalha ardente, quando apareceres diante deles. Que o Senhor em sua cólera os consuma, e que o fogo os devore. 11 Faze desaparecer da terra a posteridade deles e a sua descendência dentre os filhos dos homens. 12 Se intentarem fazer-te mal, tramando algum plano, não o conseguirão, 13 porque os porás em fuga, dirigindo teu arco contra a face deles. 14 Erguei-vos, Senhor, em vossa potência! Cantaremos e celebraremos o vosso poder.

21

1 Ao mestre de canto. Segundo a melodia A corça da aurora. Salmo de Davi. 2 Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? E permaneceis longe de minhas súplicas e de meus gemidos? 3 Meu Deus, clamo de dia e não me respondeis; imploro de noite e não me atendeis. 4 Entretanto, vós habitais em vosso santuário, vós que sois a glória de Israel. 5 Nossos pais puseram sua confiança em vós, esperaram em vós e os livrastes. 6 A vós clamaram e foram salvos; confiaram em vós e não foram confundidos. 7 Eu, porém, sou um verme, não sou homem, o opróbrio de todos e a abjeção da plebe. 8 Todos os que me vêem zombam de mim; dizem, meneando a cabeça: 9 Esperou no Senhor, pois que ele o livre, que o salve, se o ama. 10 Sim, fostes vós que me tirastes das entranhas de minha mãe e, seguro, me fizestes repousar em seu seio. 11 Eu vos fui entregue desde o meu nascer, desde o ventre de minha mãe vós sois o meu Deus. 12 Não fiqueis longe de mim, pois estou atribulado; vinde para perto de mim, porque não há quem me ajude. 13 Cercam-me touros numerosos, rodeiam-me touros de Basã; 14 contra mim eles abrem suas fauces, como o leão que ruge e arrebata. 15 Derramo-me como água, todos os meus ossos se desconjuntam; meu coração tornou-se como cera, e derrete-se nas minhas entranhas. 16 Minha garganta está seca qual barro cozido, pega-se no paladar a minha língua: vós me reduzistes ao pó da morte. 17 Sim, rodeia-me uma malta de cães, cerca-me um bando de malfeitores. Traspassaram minhas mãos e meus pés: 18 poderia contar todos os meus ossos. Eles me olham e me observam com alegria, 19 repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica. 20 Porém, vós, Senhor, não vos afasteis de mim; ó meu auxílio, bem depressa me ajudai. 21 Livrai da espada a minha alma, e das garras dos cães a minha vida. 22 Salvai-me a mim, mísero, das fauces do leão e dos chifres dos búfalos. 23 Então, anunciarei vosso nome a meus irmãos, e vos louvarei no meio da assembléia. 24 Vós que temeis o Senhor, louvai-o; vós todos, descendentes de Jacó, aclamai-o; temei-o, todos vós, estirpe de Israel, 25 porque ele não rejeitou nem desprezou a miséria do infeliz, nem dele desviou a sua face, mas o ouviu, quando lhe suplicava. 26 De vós procede o meu louvor na grande assembléia, cumprirei meus votos na presença dos que vos temem. 27 Os pobres comerão e serão saciados; louvarão o Senhor aqueles que o procuram: Vivam para sempre os nossos corações. 28 Hão de se lembrar do Senhor e a ele se converter todos os povos da terra; e diante dele se prostrarão todas as famílias das nações, 29 porque a realeza pertence ao Senhor, e ele impera sobre as nações. 30 Todos os que dormem no seio da terra o adorarão; diante dele se prostrarão os que retornam ao pó. 31 Para ele viverá a minha alma, há de servi-lo minha descendência. Ela falará do Senhor às gerações futuras e proclamará sua justiça ao povo que vai nascer: Eis o que fez o Senhor.

22

1 Salmo de Davi. O Senhor é meu pastor, nada me faltará. 2 Em verdes prados ele me faz repousar. Conduz-me junto às águas refrescantes, 3 restaura as forças de minha alma. Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome. 4 Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo. 5 Preparais para mim a mesa à vista de meus inimigos. Derramais o perfume sobre minha cabeça, e transborda minha taça. 6 A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias.

23

1 Salmo de Davi. Do Senhor é a terra e tudo o que ela contém, a órbita terrestre e todos os que nela habitam, 2 pois ele mesmo a assentou sobre as águas do mar e sobre as águas dos rios a consolidou. 3 Quem será digno de subir ao monte do Senhor? Ou de permanecer no seu lugar santo? 4 O que tem as mãos limpas e o coração puro, cujo espírito não busca as vaidades nem perjura para enganar seu próximo. 5 Este terá a bênção do Senhor, e a recompensa de Deus, seu Salvador. 6 Tal é a geração dos que o procuram, dos que buscam a face do Deus de Jacó. 7 Levantai, ó portas, os vossos dintéis! Levantai-vos, ó pórticos antigos, para que entre o Rei da glória! 8 Quem é este Rei da glória? É o Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na batalha. 9 Levantai, ó portas, os vossos dintéis! Levantai-vos, ó pórticos antigos, para que entre o Rei da glória! 10 Quem é este Rei da glória? É o Senhor dos exércitos! É ele o Rei da glória.

24

1 De Davi. Para vós, Senhor, elevo a minha alma. 2 Meu Deus, em vós confio: não seja eu decepcionado! Não escarneçam de mim meus inimigos! 3 Não, nenhum daqueles que esperam em vós será confundido, mas os pérfidos serão cobertos de vergonha. 4 Senhor, mostrai-me os vossos caminhos, e ensinai-me as vossas veredas. 5 Dirigi-me na vossa verdade e ensinai-me, porque sois o Deus de minha salvação e em vós eu espero sempre. 6 Lembrai-vos, Senhor, de vossas misericórdias e de vossas bondades, que são eternas. 7 Não vos lembreis dos pecados de minha juventude e dos meus delitos; em nome de vossa misericórdia, lembrai-vos de mim, por causa de vossa bondade, Senhor. 8 O Senhor é bom e reto, por isso reconduz os extraviados ao caminho reto. 9 Dirige os humildes na justiça, e lhes ensina a sua via. 10 Todos os caminhos do Senhor são graça e fidelidade, para aqueles que guardam sua aliança e seus preceitos. 11 Por amor de vosso nome, Senhor, perdoai meu pecado, por maior que seja. 12 Que advém ao homem que teme o Senhor? Deus lhe ensina o caminho que deve escolher. 13 Viverá na felicidade, e sua posteridade possuirá a terra. 14 O Senhor se torna íntimo dos que o temem, e lhes manifesta a sua aliança. 15 Meus olhos estão sempre fixos no Senhor, porque ele livrará do laço os meus pés. 16 Olhai-me e tende piedade de mim, porque estou só e na miséria. 17 Aliviai as angústias do meu coração, e livrai-me das aflições. 18 Vede minha miséria e meu sofrimento, e perdoai-me todas as faltas. 19 Vede meus inimigos, são muitos, e com ódio implacável me perseguem. 20 Defendei minha alma e livrai-me; não seja confundido eu que em vós me acolhi. 21 Protejam-me a inocência e a integridade, porque espero em vós, Senhor. 22 Ó Deus, livrai Israel de todas as suas angústias.

25

1 De Davi. Fazei-me justiça, Senhor, pois tenho andado retamente e, confiando em vós, não vacilei. 2 Sondai-me, Senhor, e provai-me; escrutai meus rins e meu coração. 3 Tenho sempre diante dos olhos vossa bondade, e caminho na vossa verdade. 4 Entre os homens iníquos não me assento, nem me associo aos trapaceiros. 5 Detesto a companhia dos malfeitores, com os ímpios não me junto. 6 Na inocência lavo as minhas mãos, e conservo-me junto de vosso altar, Senhor, 7 para publicamente anunciar vossos louvores, e proclamar todas as vossas maravilhas. 8 Senhor, amo a habitação de vossa casa, e o tabernáculo onde reside a vossa glória. 9 Não leveis a minha alma com a dos pecadores, nem me tireis a vida com a dos sanguinários, 10 cujas mãos são criminosas, e cuja destra está cheia de subornos. 11 Eu, porém, procedo com retidão. Livrai-me e sede-me propício. 12 Meu pé está firme no caminho reto; nas assembléias, bendirei ao Senhor.

26

1 De Davi. O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o protetor de minha vida, de quem terei medo? 2 Quando os malvados me atacam para me devorar vivo, são eles, meus adversários e inimigos, que resvalam e caem. 3 Se todo um exército se acampar contra mim, não temerá meu coração. Se se travar contra mim uma batalha, mesmo assim terei confiança. 4 Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário. 5 Assim, no dia mau ele me esconderá na sua tenda, ocultar-me-á no recôndito de seu tabernáculo, sobre um rochedo me erguerá. 6 Mas desde agora ele levanta a minha cabeça acima dos inimigos que me cercam; e oferecerei no tabernáculo sacrifícios de regozijo, com cantos e louvores ao Senhor. 7 Escutai, Senhor, a voz de minha oração, tende piedade de mim e ouvi-me. 8 Fala-vos meu coração, minha face vos busca; a vossa face, ó Senhor, eu a procuro. 9 Não escondais de mim vosso semblante, não afasteis com ira o vosso servo. Vós sois o meu amparo, não me rejeiteis. Nem me abandoneis, ó Deus, meu Salvador. 10 Se meu pai e minha mãe me abandonarem, o Senhor me acolherá. 11 Ensinai-me, Senhor, vosso caminho; por causa dos adversários, guiai-me pela senda reta. 12 Não me abandoneis à mercê dos inimigos, contra mim se ergueram violentos e falsos testemunhos. 13 Sei que verei os benefícios do Senhor na terra dos vivos! 14 Espera no Senhor e sê forte! Fortifique-se o teu coração e espera no Senhor!

27

1 De Davi. É para vós, Senhor, que ergo meu clamor. Ó meu apoio, não fiqueis surdo à minha voz; não suceda que, vós não me ouvindo, eu me vá unir aos que desceram para o túmulo. 2 Ouvi a voz de minha súplica quando clamo, quando levanto as mãos para o vosso templo santo. 3 Não me deixeis perecer com os pecadores e com os que praticam a iniqüidade, que dizem ao próximo palavras de paz, mas guardam a maldade no coração. 4 Tratai-os de acordo com as suas ações, e conforme a malícia de seus crimes. Retribuí-lhes segundo a obra de suas mãos; dai-lhes o que merecem, 5 pois não atendem às ações do Senhor nem às obras de suas mãos. Que Ele os abata e não os levante. 6 Bendito seja o Senhor, que ouviu a voz de minha súplica; nele confiou meu coração e fui socorrido. 7 O Senhor é a minha força e o meu escudo! Por isso meu coração exulta e o louvo com meu cântico. 8 O Senhor é a força do seu povo, uma fortaleza de salvação para o que lhe é consagrado. 9 Salvai, Senhor, vosso povo e abençoai a vossa herança; sede seu pastor, levai-o nos braços eternamente.

28

1 Salmo de Davi. Tributai ao Senhor, ó filhos de Deus, tributai ao Senhor glória e poder! 2 Rendei-lhe a glória devida ao seu nome; adorai o Senhor com ornamentos sagrados. 3 Ouve-se a voz do Senhor sobre as águas! O Deus de grandeza atroou: o Senhor trovejou sobre as águas imensas! 4 A voz do Senhor faz-se ouvir com poder! A voz do Senhor faz-se ouvir com majestade! 5 Fendem-se os cedros à voz do Senhor, quebra o Senhor os cedros do Líbano. 6 Faz saltar o Líbano como um novilho, e o Sarion como um búfalo novo. 7 A voz do Senhor despede relâmpagos, 8 A voz do Senhor abala o deserto. O Senhor faz tremer o deserto de Cades. 9 A voz do Senhor retorce os carvalhos, desnuda as florestas. E em seu templo todos bradam: glória! 10 O Senhor preside ao dilúvio, o Senhor trona como rei para sempre. 11 O Senhor há de dar fortaleza ao seu povo! O Senhor abençoará o seu povo, dando-lhe a paz!

29

1 Salmo. Cântico para a dedicação da casa de Deus. De Davi. 2 Eu vos exaltarei, Senhor, porque me livrastes, não permitistes que exultassem sobre mim meus inimigos. 3 Senhor, meu Deus, clamei a vós e fui curado. 4 Senhor, minha alma foi tirada por vós da habitação dos mortos; dentre os que descem para o túmulo, vós me salvastes. 5 Ó vós, fiéis do Senhor, cantai sua glória, dai graças ao seu santo nome. 6 Porque a sua indignação dura apenas um momento, enquanto sua benevolência é para toda a vida. Pela tarde, vem o pranto, mas, de manhã, volta a alegria. 7 Eu, porém, disse, seguro de mim: Não serei jamais abalado. 8 Senhor, foi por favor que me destes honra e poder, mas quando escondestes vossa face fiquei aterrado. 9 A vós, Senhor, eu clamo, e imploro a misericórdia de meu Deus. 10 Que proveito vos resultará de retomar-me a vida, de minha descida ao túmulo? Porventura vos louvará o meu pó? Apregoará ele a vossa fidelidade? 11 Ouvi-me, Senhor, e tende piedade de mim; Senhor, vinde em minha ajuda. 12 Vós convertestes o meu pranto em prazer, tirastes minhas vestes de penitência e me cingistes de alegria. 13 Assim, minha alma vos louvará sem calar jamais. Senhor, meu Deus, eu vos bendirei eternamente.

30

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. 2 Junto de vós, Senhor, me refugio. Não seja eu confundido para sempre; por vossa justiça, livrai-me! 3 Inclinai para mim vossos ouvidos, apressai-vos em me libertar. Sede para mim uma rocha de refúgio, uma fortaleza bem armada para me salvar. 4 Pois só vós sois minha rocha e fortaleza: haveis de me guiar e dirigir, por amor de vosso nome. 5 Vós me livrareis das ciladas que me armaram, porque sois minha defesa. 6 Em vossas mãos entrego meu espírito; livrai-me, ó Senhor, Deus fiel. 7 Detestais os que adoram ídolos vãos. Eu, porém, confio no Senhor. 8 Exultarei e me alegrarei pela vossa compaixão, porque olhastes para minha miséria e ajudastes minha alma angustiada. 9 Não me entregastes às mãos do inimigo, mas alargastes o caminho sob meus pés. 10 Tende piedade de mim, Senhor, porque vivo atribulado, de tristeza definham meus olhos, minha alma e minhas entranhas. 11 Realmente, minha vida se consome em amargura, e meus anos em gemidos. Minhas forças se esgotaram na aflição, mirraram-se os meus ossos. 12 Tornei-me objeto de opróbrio para todos os inimigos, ludíbrio dos vizinhos e pavor dos conhecidos. Fogem de mim os que me vêem na rua. 13 Fui esquecido dos corações como um morto, fiquei rejeitado como um vaso partido. 14 Sim, eu ouvi o vozerio da multidão; em toda parte, o terror! Conspirando contra mim, tramam como me tirar a vida. 15 Mas eu, Senhor, em vós confio. Digo: Sois vós o meu Deus. 16 Meu destino está nas vossas mãos. Livrai-me do poder de meus inimigos e perseguidores. 17 Mostrai semblante sereno ao vosso servo, salvai-me pela vossa misericórdia. 18 Senhor, não fique eu envergonhado, porque vos invoquei: Confundidos sejam os ímpios e, mudos, lançados na região dos mortos. 19 Fazei calar os lábios mentirosos que falam contra o justo com insolência, desprezo e arrogância. 20 Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos. 21 Sob a proteção de vossa face os defendeis contra as conspirações dos homens. Vós os ocultais em vossa tenda contra as línguas maldizentes. 22 Bendito seja o Senhor, que usou de maravilhosa bondade, abrigando-me em cidade fortificada. 23 Eu, porém, tinha dito no meu temor: Fui rejeitado de vossa presença. Mas ouvistes antes o brado de minhas súplicas, quando clamava a vós. 24 Amai o Senhor todos os seus servos! Ele protege os que lhe são fiéis. Sabe, porém, retribuir, castigando com rigor aos que procedem com soberba. 25 Animai-vos e sede fortes de coração todos vós, que esperais no Senhor.

31

1 De Davi. Hino. Feliz aquele cuja iniqüidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. 2 Feliz o homem a quem o Senhor não argúi de falta, e em cujo coração não há dolo. 3 Enquanto me conservei calado, mirraram-se-me os ossos, entre contínuos gemidos. 4 Pois, dia e noite, vossa mão pesava sobre mim; esgotavam-se-me as forças como nos ardores do verão. 5 Então eu vos confessei o meu pecado, e não mais dissimulei a minha culpa. Disse: Sim, vou confessar ao Senhor a minha iniqüidade. E vós perdoastes a pena do meu pecado. 6 Assim também todo fiel recorrerá a vós, no momento da necessidade. Quando transbordarem muitas águas, elas não chegarão até ele. 7 Vós sois meu asilo, das angústias me preservareis e me envolvereis na alegria de minha salvação. 8 Vou te ensinar, dizeis, vou te mostrar o caminho que deves seguir; vou te instruir, fitando em ti os meus olhos: 9 não queiras ser sem inteligência como o cavalo, como o muar, que só ao freio e à rédea submetem seus ímpetos; de outro modo não se chegam a ti. 10 São muitos os sofrimentos do ímpio. Mas quem espera no Senhor, sua misericórdia o envolve. 11 Ó justos, alegrai-vos e regozijai-vos no Senhor. Exultai todos vós, retos de coração.

32

1 Exultai no Senhor, ó justos, pois aos retos convém o louvor. 2 Celebrai o Senhor com a cítara, entoai-lhe hinos na harpa de dez cordas. 3 Cantai-lhe um cântico novo, acompanhado de instrumentos de música, 4 porque a palavra do Senhor é reta, em todas as suas obras resplandece a fidelidade: 5 ele ama a justiça e o direito, da bondade do Senhor está cheia a terra. 6 Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e pelo sopro de sua boca todo o seu exército. 7 Ele junta as águas do mar como num odre, e em reservatórios encerra as ondas. 8 Tema ao Senhor toda a terra; reverenciem-no todos os habitantes do globo. 9 Porque ele disse e tudo foi feito, ele ordenou e tudo existiu. 10 O Senhor desfaz os planos das nações pagãs, reduz a nada os projetos dos povos. 11 Só os desígnios do Senhor permanecem eternamente e os pensamentos de seu coração por todas as gerações. 12 Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus, e o povo que ele escolheu para sua herança. 13 O Senhor olha dos céus, vê todos os filhos dos homens. 14 Do alto de sua morada observa todos os habitantes da terra, 15 ele que formou o coração de cada um e está atento a cada uma de suas ações. 16 Não vence o rei pelo numeroso exército, nem se livra o guerreiro pela grande força. 17 O cavalo não é penhor de vitória, nem salva pela sua resistência. 18 Eis os olhos do Senhor pousados sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua bondade, 19 a fim de livrar-lhes a alma da morte e nutri-los no tempo da fome. 20 Nossa alma espera no Senhor, porque ele é nosso amparo e nosso escudo. 21 Nele, pois, se alegra o nosso coração, em seu santo nome confiamos. 22 Seja-nos manifestada, Senhor, a vossa misericórdia, como a esperamos de vós.

33

1 De Davi. Quando simulou alienação na presença de Abimelec e, despedido por ele, partiu. 2 Bendirei continuamente ao Senhor, seu louvor não deixará meus lábios. 3 Glorie-se a minha alma no Senhor; ouçam-me os humildes, e se alegrem. 4 Glorificai comigo ao Senhor, juntos exaltemos o seu nome. 5 Procurei o Senhor e ele me atendeu, livrou-me de todos os temores. 6 Olhai para ele a fim de vos alegrardes, e não se cobrir de vergonha o vosso rosto. 7 Vede, este miserável clamou e o Senhor o ouviu, de todas as angústias o livrou. 8 O anjo do Senhor acampa em redor dos que o temem, e os salva. 9 Provai e vede como o Senhor é bom, feliz o homem que se refugia junto dele. 10 Reverenciai o Senhor, vós, seus fiéis, porque nada falta àqueles que o temem. 11 Os poderosos empobrecem e passam fome, mas aos que buscam o Senhor nada lhes falta. 12 Vinde, meus filhos, ouvi-me: eu vos ensinarei o temor do Senhor. 13 Qual é o homem que ama a vida, e deseja longos dias para gozar de felicidade? 14 Guarda tua língua do mal, e teus lábios das palavras enganosas. 15 Aparta-te do mal e faze o bem, busca a paz e vai ao seu encalço. 16 Os olhos do Senhor estão voltados para os justos, e seus ouvidos atentos aos seus clamores. 17 O Senhor volta a sua face irritada contra os que fazem o mal, para apagar da terra a lembrança deles. 18 Apenas clamaram os justos, o Senhor os atendeu e os livrou de todas as suas angústias. 19 O Senhor está perto dos contritos de coração, e salva os que têm o espírito abatido. 20 São numerosas as tribulações do justo, mas de todas o livra o Senhor. 21 Ele protege cada um de seus ossos, nem um só deles será quebrado. 22 A malícia do ímpio o leva à morte, e os que odeiam o justo serão castigados. 23 O Senhor livra a alma de seus servos; não será punido quem a ele se acolhe.

34

1 De Davi. Lutai, Senhor, contra os que me atacam; combatei meus adversários. 2 Empunhai o broquel e o escudo, e erguei-vos em meu socorro. 3 Brandi a lança e sustai meus perseguidores. Dizei à minha alma: Eu sou a tua salvação. 4 Sejam confundidos e envergonhados os que odeiam a minha vida, recuem humilhados os que tramam minha desgraça. 5 Sejam como a palha levada pelo vento, quando o anjo do Senhor vier acossá-los. 6 Torne-se tenebroso e escorregadio o seu caminho, quando o anjo do Senhor vier persegui-los, 7 porquanto sem razão me armaram laços; para me perder, cavaram um fosso sem motivo. 8 Venha sobre eles de improviso a ruína; apanhe-os a rede por eles mesmos preparada, caiam eles próprios na cova que abriram. 9 Então a minha alma exultará no Senhor, e se alegrará pelo seu auxílio. 10 Todas as minhas potências dirão: Senhor, quem é semelhante a vós? Vós que livrais o desvalido do opressor, o mísero e o pobre de quem os despoja. 11 Surgiram apaixonadas testemunhas, interrogaram-me sobre faltas que ignoro, 12 pagaram-me o bem com o mal. Oh, desolação para a minha alma! 13 Contudo, quando eles adoeciam, eu me revestia de saco, extenuava-me em jejuns e rezava. 14 Andava triste, como se tivesse perdido um amigo, um irmão; abatido, me vergava como quem chora por sua mãe. 15 Quando tropecei, eles se reuniram para se alegrar; eles me dilaceraram sem parar. 16 Puseram-me à prova, escarneceram de mim, rangeram os dentes contra mim. 17 Senhor, até quando assistireis impassível a este espetáculo? Arrancai desses leões a minha vida, livrai-me a alma de seus rugidos. 18 Vou render-vos graças publicamente, eu vos louvarei na presença da multidão. 19 Não se regozijem de mim meus pérfidos inimigos, nem tramem com os olhos os que me odeiam sem motivo, 20 pois nunca têm palavras de paz: e armam ciladas contra a gente tranqüila da terra, 21 escancaram para mim a boca, dizendo: Ah! Ah! Com os nossos olhos, nós o vimos! 22 Vós também, Senhor, vistes! Não guardeis silêncio. Senhor, não vos aparteis de mim. 23 Acordai e levantai-vos para me defender, ó meu Deus e Senhor meu, em prol de minha causa! 24 Julgai-me, Senhor, segundo vossa justiça. Ó meu Deus, que não se regozijem à minha custa! 25 Não pensem em seus corações: Ah, tivemos sorte! Não digam: Nós o devoramos! 26 Sejam confundidos todos juntos e se envergonhem os que se alegram com meus males, cubram-se de pejo e ignomínia os que se levantam orgulhosamente contra mim. 27 Mas exultem e se alegrem os favoráveis à minha causa e digam sem cessar: Glorificado seja o Senhor, que quis a salvação de seu servo! 28 E a minha língua proclamará vossa justiça, dando-vos perpétuos louvores.

35

1 Ao mestre de canto. De Davi, servo do Senhor. 2 A iniqüidade fala ao ímpio no seu coração; não existe o temor a Deus ante os seus olhos, 3 porque ele se gloria de que sua culpa não será descoberta nem detestada por ninguém. 4 Suas palavras são más e enganosas; renunciou a proceder sabiamente e a fazer o bem. 5 Em seu leito ele medita o crime, anda pelo mau caminho, não detesta o mal. 6 Senhor, vossa bondade chega até os céus, vossa fidelidade se eleva até as nuvens. 7 Vossa justiça é semelhante às montanhas de Deus, vossos juízos são profundos como o mar. Vós protegeis, Senhor, os homens como os animais. 8 Como é preciosa a vossa bondade, ó Deus! À sombra de vossas asas se refugiam os filhos dos homens. 9 Eles se saciam da abundância de vossa casa, e lhes dais de beber das torrentes de vossas delícias, 10 porque em vós está a fonte da vida, e é na vossa luz que vemos a luz. 11 Continuai a dar vossa bondade aos que vos honram, e a vossa justiça aos retos de coração. 12 Não me calque o pé do orgulhoso, não me faça fugir a mão do pecador. 13 Eis que caíram os fautores da iniqüidade, foram prostrados para não mais se erguer.

36

1 De Davi. Não te irrites por causa dos que agem mal, nem invejes os que praticam a iniqüidade, 2 pois logo eles serão ceifados como a erva dos campos, e como a erva verde murcharão. 3 Espera no Senhor e faze o bem; habitarás a terra em plena segurança. 4 Põe tuas delícias no Senhor, e os desejos do teu coração ele atenderá. 5 Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirá. 6 Como a luz, fará brilhar a tua justiça; e como o sol do meio-dia, o teu direito. 7 Em silêncio, abandona-te ao Senhor, põe tua esperança nele. Não invejes o que prospera em suas empresas, e leva a bom termo seus maus desígnios. 8 Guarda-te da ira, depõe o furor, não te exasperes, que será um mal, 9 porque os maus serão exterminados, mas os que esperam no Senhor possuirão a terra. 10 Mais um pouco e não existirá o ímpio; se olhares o seu lugar, não o acharás. 11 Quanto aos mansos, possuirão a terra, e nela gozarão de imensa paz. 12 O ímpio conspira contra o justo, e para ele range os seus dentes. 13 Mas o Senhor se ri dele, porque vê o destino que o espera. 14 Os maus empunham a espada e retesam o arco, para abater o pobre e miserável e liquidar os que vão no caminho reto. 15 Sua espada, porém, lhes traspassará o coração, e seus arcos serão partidos. 16 O pouco que o justo possui vale mais que a opulência dos ímpios; 17 porque os braços dos ímpios serão quebrados, mas os justos o Senhor sustenta. 18 O Senhor vela pela vida dos íntegros, e a herança deles será eterna. 19 Não serão confundidos no tempo da desgraça e nos dias de fome serão saciados. 20 Porém, os ímpios perecerão e os inimigos do Senhor fenecerão como o verde dos prados; desaparecerão como a fumaça. 21 O ímpio pede emprestado e não paga, enquanto o justo se compadece e dá, 22 porque aqueles que o Senhor abençoa possuirão a terra, mas os que ele amaldiçoa serão destruídos. 23 O Senhor torna firmes os passos do homem e aprova os seus caminhos. 24 Ainda que caia, não ficará prostrado, porque o Senhor o sustenta pela mão. 25 Fui jovem e já sou velho, mas jamais vi o justo abandonado, nem seus filhos a mendigar o pão. 26 Todos os dias empresta misericordiosamente, e abençoada é a sua posteridade. 27 Aparta-te do mal e faze o bem, para que permaneças para sempre, 28 porque o Senhor ama a justiça e não abandona os seus fiéis. Os ímpios serão destruídos, e a raça dos ímpios exterminada. 29 Os justos possuirão a terra, e a habitarão eternamente. 30 A boca do justo fala sabedoria e a sua língua exprime a justiça. 31 Em seu coração está gravada a lei de Deus; não vacilam os seus passos. 32 O ímpio espreita o justo, e procura como fazê-lo perecer. 33 Mas o Senhor não o abandonará em suas mãos e, quando for julgado, não o condenará. 34 Põe tu confiança no Senhor, e segue os seus caminhos. Ele te exaltará e possuirás a terra; a queda dos ímpios verás com alegria. 35 Vi o ímpio cheio de arrogância, a expandir-se com um cedro frondoso. 36 Apenas passei e já não existia; procurei-o por toda a parte e nem traço dele encontrei. 37 Observa o homem de bem, considera o justo, pois há prosperidade para o pacífico. 38 Os pecadores serão exterminados, a geração dos ímpios será extirpada. 39 Vem do Senhor a salvação dos justos, que é seu refúgio no tempo da provocação. 40 O Senhor os ajuda e liberta; arranca-os dos ímpios e os salva, porque se refugiam nele.

37

1 Salmo de Davi. Para servir de lembrança. 2 Senhor, em vossa cólera não me repreendais, em vosso furor não me castigueis, 3 porque as vossas flechas me atingiram, e desceu sobre mim a vossa mão. 4 Vossa cólera nada poupou em minha carne, por causa de meu pecado nada há de intacto nos meus ossos. 5 Porque minhas culpas se elevaram acima de minha cabeça, como pesado fardo me oprimem em demasia. 6 São fétidas e purulentas as chagas que a minha loucura me causou. 7 Estou abatido, extremamente recurvado, todo o dia ando cheio de tristeza. 8 Inteiramente inflamados os meus rins; não há parte sã em minha carne. 9 Ao extremo enfraquecido e alquebrado, agitado o coração, lanço gritos lancinantes. 10 Senhor, diante de vós estão todos os meus desejos, e meu gemido não vos é oculto. 11 Palpita-me o coração, abandonam-me as forças, e me falta a própria luz dos olhos. 12 Amigos e companheiros fogem de minha chaga, e meus parentes permanecem longe. 13 Os que odeiam a minha vida, armam-me ciladas; os que me procuram perder, ameaçam-me de morte; não cessam de planejar traições. 14 Eu, porém, sou como um surdo: não ouço; sou como um mudo que não abre os lábios. 15 Fiz-me como um homem que não ouve, e que não tem na boca réplicas a dar. 16 Porque é em vós, Senhor, que eu espero; vós me atendereis, Senhor, ó meu Deus. 17 Eis meu desejo: Não se alegrem com minha perda; não se ensoberbeçam contra mim, quando meu pé resvala; 18 pois estou prestes a cair, e minha dor é permanente. 19 Sim, minha culpa eu a confesso, meu pecado me atormenta. 20 Entretanto, são vigorosos e fortes os meus inimigos, e muitos os que me odeiam sem razão. 21 Retribuem-me o mal pelo bem, hostilizam-me porque quero fazer o bem. 22 Não me abandoneis, Senhor. Ó meu Deus, não fiqueis longe de mim. 23 Depressa, vinde em meu auxílio, Senhor, minha salvação!

38

1 Ao mestre de canto, a Iditum. Salmo de Davi. 2 Disse comigo mesmo: Velarei sobre os meus atos, para não mais pecar com a língua. Porei um freio em meus lábios, enquanto o ímpio estiver diante de mim. 3 Fiquei mudo, mas sem resultado, porque minha dor recrudesceu. 4 Meu coração se abrasava dentro de mim, meu pensamento se acendia como um fogo, então eu me pus a falar: 5 Fazei-me conhecer, Senhor, o meu fim, e o número de meus dias, para que eu veja como sou efêmero. 6 A largura da mão: eis a medida de meus dias, diante de vós minha vida é como um nada; todo homem não é mais que um sopro. 7 De fato, o homem passa como uma sombra, é em vão que ele se agita; amontoa, sem saber quem recolherá. 8 E agora, Senhor, que posso esperar? Minha confiança está em vós. 9 Livrai-me de todas as faltas, não me abandoneis ao riso dos insensatos. 10 Calei-me, já não abro a boca, porque sois vós que operais. 11 Afastai de mim esse flagelo, pois sucumbo ao rigor de vossa mão. 12 Quando punis o homem, fazendo-lhe sentir a sua culpa, consumis, como o faria a traça, o que ele tem de mais caro. Verdadeiramente, apenas um sopro é o homem. 13 Ouvi, Senhor, a minha oração, escutai os meus clamores, não fiqueis insensível às minhas lágrimas. Diante de vós não sou mais que um viajor, um peregrino, como foram os meus pais. 14 Afastai de mim a vossa ira para que eu tome alento, antes que me vá para não mais voltar.

39

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. 2 Esperei no Senhor com toda a confiança. Ele se inclinou para mim, ouviu meus brados. 3 Tirou-me de uma fossa mortal, de um charco de lodo; assentou-me os pés numa rocha, firmou os meus passos; 4 pôs-me nos lábios um novo cântico, um hino à glória de nosso Deus. Muitos verão essas coisas e prestarão homenagem a Deus, e confiarão no Senhor. 5 Feliz o homem que pôs sua esperança no Senhor, e não segue os idólatras nem os apóstatas. 6 Senhor, meu Deus, são maravilhosas as vossas inumeráveis obras e ninguém vos assemelha nos desígnios para conosco. Eu quisera anunciá-los e divulgá-los, mas são mais do que se pode contar. 7 Não vos comprazeis em nenhum sacrifício, em nenhuma oferenda, mas me abristes os ouvidos: não desejais holocausto nem vítima de expiação. 8 Então eu disse: Eis que eu venho. No rolo do livro está escrito de mim: 9 fazer vossa vontade, meu Deus, é o que me agrada, porque vossa lei está no íntimo de meu coração. 10 Anunciei a justiça na grande assembléia, não cerrei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis. 11 Não escondi vossa justiça no coração, mas proclamei alto vossa fidelidade e vossa salvação. Não ocultei a vossa bondade nem a vossa fidelidade à grande assembléia. 12 E vós, Senhor, não me recuseis vossas misericórdias; protejam-me sempre vossa graça e vossa fidelidade, 13 porque males sem conta me cercaram. Minhas faltas me pesaram, a ponto de não agüentar vê-las; mais numerosas que os cabelos de minha cabeça. Sinto-me desfalecer. 14 Comprazei-vos, Senhor, em me livrar. Depressa, Senhor, vinde em meu auxílio. 15 Sejam confundidos e humilhados os que procuram arrebatar-me a vida. Recuem e corem de vergonha os que se comprazem com meus males. 16 Fiquem atônitos, cheios de confusão, os que me dizem: Bem feito! Bem feito! 17 Ao contrário, exultem e se alegrem em vós todos os que vos procuram; digam sem cessar aqueles que desejam vosso auxílio: Glória ao Senhor. 18 Quanto a mim, sou pobre e desvalido, mas o Senhor vela por mim. Sois meu protetor e libertador: ó meu Deus, não tardeis.

40

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. 2 Feliz quem se lembra do necessitado e do pobre, porque no dia da desgraça o Senhor o salvará. 3 O Senhor há de guardá-lo e o conservará vivo, há de torná-lo feliz na terra e não o abandonará à mercê de seus inimigos. 4 O Senhor o assistirá no leito de dores, e na sua doença o reconfortará. 5 Quanto a mim, eu vos digo: Piedade para mim, Senhor; sarai-me, porque pequei contra vós. 6 Meus inimigos falam de mim maldizendo: Quando há de morrer e se extinguir o seu nome? 7 Se alguém me vem visitar, fala hipocritamente. Seu coração recolhe calúnias e, saindo fora, se apressa em divulgá-las. 8 Todos os que me odeiam murmuram contra mim, e só procuram fazer-me mal. 9 Um mal mortal, dizem eles, o atingiu; ei-lo deitado, para não mais se levantar. 10 Até o próprio amigo em que eu confiava, que partilhava do meu pão, levantou contra mim o calcanhar. 11 Ao menos vós, Senhor, tende piedade de mim; erguei-me, para eu lhes dar a paga que merecem. 12 Nisto verei que me sois favorável, se meu inimigo não triunfar de mim. 13 Vós, porém, me conservareis incólume, e na vossa presença me poreis para sempre. 14 Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, de eternidade em eternidade! Assim seja! Assim seja!

41

1 Ao mestre de canto. Hino dos filhos de Coré. 2 Como a corça anseia pelas águas vivas, assim minha alma suspira por vós, ó meu Deus. 3 Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei contemplar a face de Deus? 4 Minhas lágrimas se converteram em alimento dia e noite, enquanto me repetem sem cessar: Teu Deus, onde está? 5 Lembro-me, e esta recordação me parte a alma, como ia entre a turba, e os conduzia à casa de Deus, entre gritos de júbilo e louvor de uma multidão em festa. 6 Por que te deprimes, ó minha alma, e te inquietas dentro de mim? Espera em Deus, porque ainda hei de louvá-lo: 7 ele é minha salvação e meu Deus. Desfalece-me a alma dentro de mim; por isso penso em vós do longínquo país do Jordão, perto do Hermon e do monte Misar. 8 Uma vaga traz outra no fragor das águas revoltas, todos os vagalhões de vossas torrentes passaram sobre mim. 9 Conceda-me o Senhor de dia a sua graça; e de noite eu cantarei, louvarei ao Deus de minha vida. 10 Digo a Deus: Ó meu rochedo, por que me esqueceis? Por que ando eu triste, sob a opressão do inimigo? 11 Sinto quebrarem-se-me os ossos, quando, em seus insultos, meus adversários me repetem todos os dias: Teu Deus, onde está ele? 12 Por que te deprimes, ó minha alma, e te inquietas dentro de mim? Espera em Deus, porque ainda hei de louvá-lo: ele é minha salvação e meu Deus.

42

1 Fazei-me justiça, ó Deus, e defendei minha causa contra uma nação ímpia. Livrai-me do homem doloso e perverso, 2 pois vós, ó meu Deus, sois a minha fortaleza; por que me repelis? Por que devo andar triste sob a opressão do inimigo? 3 Lançai sobre mim a vossa luz e fidelidade; que elas me guiem, e me conduzam ao vosso monte santo, aos vossos tabernáculos. 4 E me aproximarei do altar de Deus, do Deus de minha alegria e exultação. 5 Por que te deprimes, ó minha alma, e te inquietas dentro de mim? Espera em Deus, porque ainda hei de louvá-lo: ele é minha salvação e meu Deus.

43

1 Ao mestre de canto. Hino dos filhos de Coré. 2 Ó Deus, ouvimos com os nossos próprios ouvidos, nossos pais nos contaram a obra que fizestes em seus dias, nos tempos de antanho. 3 Para implantá-los, expulsastes com as vossas mãos nações pagãs; para lhes dardes lugar, abatestes povos. 4 Com efeito, não foi com sua espada que conquistaram essa terra, nem foi seu braço que os salvou, mas foi vossa mão, foi vosso braço, foi o resplendor de vossa face, porque os amastes. 5 Meu Deus, vós sois o meu rei, vós que destes as vitórias a Jacó. 6 Por vossa graça repelimos os nossos inimigos, em vosso nome esmagamos nossos adversários. 7 Não foi em meu arco que pus minha confiança, nem foi minha espada que me salvou, 8 mas fostes vós que nos livrastes de nossos inimigos e confundistes os que nos odiavam. 9 Era em Deus que em todo o tempo nos gloriávamos, e seu nome sempre celebrávamos. 10 Agora, porém, nos rejeitais e confundis; e já não ides à frente de nossos exércitos. 11 Vós nos fizestes recuar diante do inimigo, e os que nos odiavam pilharam nossos bens. 12 Entregastes-nos como ovelhas para o corte, e nos dispersastes entre os pagãos. 13 Vendestes vosso povo por um preço vil, e pouco lucrastes com esta venda. 14 Fizeste-nos o opróbrio de nossos vizinhos, irrisão e ludíbrio daqueles que nos cercam. 15 Fizestes de nós a sátira das nações pagãs, e os povos nos escarnecem à nossa vista. 16 Continuamente estou envergonhado, a confusão cobre-me a face, 17 por causa dos insultos e ultrajes de um inimigo cheio de rancor. 18 E, apesar de todos esses males que nos sobrevieram, não vos esquecemos, não violamos a vossa aliança. 19 Nosso coração não se desviou de vós, nem nossos passos se apartaram de vossos caminhos, 20 para que nos esmagueis no lugar da aflição e nos envolvais de trevas... 21 Se houvéramos olvidado o nome de nosso Deus e estendido as mãos a um deus estranho, 22 porventura Deus não o teria percebido, ele que conhece os segredos do coração? 23 Mas por vossa causa somos entregues à morte todos os dias e tratados como ovelhas de matadouro. 24 Acordai, Senhor! Por que dormis? Despertai! Não nos rejeiteis continuamente! 25 Por que ocultais a vossa face e esqueceis nossas misérias e opressões? 26 Nossa alma está prostrada até o pó, e colado no solo o nosso corpo. 27 Levantai-vos em nosso socorro e livrai-nos, pela vossa misericórdia.

44

1 Ao mestre de canto. Segundo a melodia: Os lírios. Hino dos filhos de Coré. Canto nupcial. 2 Transbordam palavras sublimes do meu coração. Ao rei dedico o meu canto. Minha língua é como o estilo de um ágil escriba. 3 Sois belo, o mais belo dos filhos dos homens. Expande-se a graça em vossos lábios, pelo que Deus vos cumulou de bênçãos eternas. 4 Cingi-vos com vossa espada, ó herói; ela é vosso ornamento e esplendor. 5 Erguei-vos vitorioso em defesa da verdade e da justiça. Que vossa mão se assinale por feitos gloriosos. 6 Aguçadas são as vossas flechas; a vós se submetem os povos; os inimigos do rei perdem o ânimo. 7 Vosso trono, ó Deus, é eterno, de eqüidade é vosso cetro real. 8 Amais a justiça e detestais o mal, pelo que o Senhor, vosso Deus, vos ungiu com óleo de alegria, preferindo-vos aos vossos iguais. 9 Exalam vossas vestes perfume de mirra, aloés e incenso; do palácio de marfim os sons das liras vos deleitam. 10 Filhas de reis formam vosso cortejo; posta-se à vossa direita a rainha, ornada de ouro de Ofir. 11 Ouve, filha, vê e presta atenção: esquece o teu povo e a casa de teu pai. 12 De tua beleza se encantará o rei; ele é teu senhor, rende-lhe homenagens. 13 Habitantes de Tiro virão com seus presentes, próceres do povo implorarão teu favor. 14 Toda formosa, entra a filha do rei, com vestes bordadas de ouro. 15 Em roupagens multicores apresenta-se ao rei, após ela vos são apresentadas as virgens, suas companheiras. 16 Levadas entre alegrias e júbilos, ingressam no palácio real. 17 Tomarão os vossos filhos o lugar de vossos pais, vós os estabelecereis príncipes sobre toda a terra. 18 Celebrarei vosso nome através das gerações. E os povos vos louvarão eternamente.

45

1 Ao mestre de canto. Dos filhos de Coré. Cântico para voz de soprano. 2 Deus é nosso refúgio e nossa força, mostrou-se nosso amparo nas tribulações. 3 Por isso a terra pode tremer, nada tememos; as próprias montanhas podem se afundar nos mares. 4 Ainda que as águas tumultuem e estuem e venham abalar os montes, está conosco o Senhor dos exércitos, nosso protetor é o Deus de Jacó. 5 Os braços de um rio alegram a cidade de Deus, o santuário do Altíssimo. 6 Deus está no seu centro, ela é inabalável; desde o amanhecer, já Deus lhe vem em socorro. 7 Agitaram-se as nações, vacilaram os reinos; apenas ressoou sua voz, tremeu a terra. 8 Está conosco o Senhor dos exércitos, nosso protetor é o Deus de Jacó. 9 Vinde admirar as obras do Senhor, os prodígios que ele fez sobre a terra. 10 Reprimiu as guerras em toda a extensão da terra; partiu os arcos, quebrou as lanças, queimou os escudos. 11 Parai, disse ele, e reconhecei que sou Deus; que domino sobre as nações e sobre toda a terra. 12 Está conosco o Senhor dos exércitos, nosso protetor é o Deus de Jacó.

46

1 Ao mestre de canto. Salmo dos filhos de Coré. 2 Povos, aplaudi com as mãos, aclamai a Deus com vozes alegres, 3 porque o Senhor é o Altíssimo, o temível, o grande Rei do universo. 4 Ele submeteu a nós as nações, colocou os povos sob nossos pés, 5 escolheu uma terra para nossa herança, a glória de Jacó, seu amado. 6 Subiu Deus por entre aclamações, o Senhor, ao som das trombetas. 7 Cantai à glória de Deus, cantai; cantai à glória de nosso rei, cantai. 8 Porque Deus é o rei do universo; entoai-lhe, pois, um hino! 9 Deus reina sobre as nações, Deus está em seu trono sagrado. 10 Reuniram-se os príncipes dos povos ao povo do Deus de Abraão, pois a Deus pertencem os grandes da terra, a ele, o soberanamente grande.

47

1 Cântico. Salmo dos filhos de Coré. 2 Grande é o Senhor e digno de todo louvor, na cidade de nosso Deus. O seu monte santo, 3 colina magnífica, é uma alegria para toda a terra. O lado norte do monte Sião é a cidade do grande rei. 4 Deus se mostrou em seus palácios um baluarte seguro. 5 Eis que se unem os reis para atacar juntamente. 6 Apenas a vêem, atônitos de medo e estupor, fogem. 7 Aí o terror se apodera deles, uma angústia como a de mulher em parto, 8 ou como quando o vento do oriente despedaça as naus de Társis. 9 Como nos contaram, assim o vimos na cidade do Senhor dos exércitos, na cidade de nosso Deus; Deus a sustenta eternamente! 10 Ó Deus, relembremos a vossa misericórdia no interior de vosso templo. 11 Como o vosso nome, ó Deus, assim vosso louvor chega até os confins do mundo. Vossa mão direita está cheia de justiça. 12 Que o monte Sião se alegre. Que as cidades de Judá exultem, à vista de vossos juízos! 13 Relanceai o olhar sobre Sião, dai-lhe a volta, contai suas torres, 14 considerai suas fortificações, examinai seus palácios, para narrardes às gerações futuras: 15 como Deus é grande, nosso Deus dos séculos eternos; é ele o nosso guia.

48

1 Ao mestre de canto. Salmo dos filhos de Coré. 2 Escutai, povos todos; atendei, todos vós que habitais a terra, 3 humildes e poderosos, tanto ricos como pobres. 4 Dirão os meus lábios palavras de sabedoria, e o meu coração meditará pensamentos profundos. 5 Ouvirei, atento, as sentenças inspiradas por Deus; depois, ao som da lira, explicarei meu oráculo. 6 Por que ter medo nos dias de infortúnio, quando me cerca a malícia dos meus inimigos? 7 Eles confiam em seus bens, e se vangloriam das grandes riquezas. 8 Mas nenhum homem a si mesmo pode salvar-se, nem pagar a Deus o seu resgate. 9 Caríssimo é o preço da sua alma, jamais conseguirá 10 prolongar indefinidamente a vida e escapar da morte, 11 porque ele verá morrer o sábio, assim como o néscio e o insensato, deixando a outrem os seus bens. 12 O túmulo será sua eterna morada, sua perpétua habitação, ainda que tenha dado a regiões inteiras o seu nome, 13 pois não permanecerá o homem que vive na opulência: ele é semelhante ao gado que se abate. 14 Este é o destino dos que estultamente em si confiam, tal é o fim dos que só vivem em delícias. 15 Como um rebanho serão postos no lugar dos mortos; a morte é seu pastor e os justos dominarão sobre eles. Depressa desaparecerão suas figuras, a região dos mortos será sua morada. 16 Deus, porém, livrará minha alma da habitação dos mortos, tomando-me consigo. 17 Não temas quando alguém se torna rico, quando aumenta o luxo de sua casa. 18 Em morrendo, nada levará consigo, nem sua fortuna descerá com ele aos infernos. 19 Ainda que em vida a si se felicitasse: Hão de te aplaudir pelos bens que granjeaste. 20 Ele irá para a companhia de seus pais, que nunca mais verão a luz. 21 O homem que vive na opulência e não reflete é semelhante ao gado que se abate.

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1 Salmo de Asaf. Falou o Senhor Deus e convocou toda a terra, desde o levante até o poente. 2 Do alto de Sião, ideal de beleza, Deus refulgiu: 3 nosso Deus vem vindo e não se calará. Um fogo abrasador o precede; ao seu redor, furiosa tempestade. 4 Do alto ele convoca os céus e a terra para julgar seu povo: 5 Reuni os meus fiéis, que selaram comigo aliança pelo sacrifício. 6 E os céus proclamam sua justiça, porque é o próprio Deus quem vai julgar. 7 Escutai, ó meu povo, que eu vou falar: Israel, vou testemunhar contra ti. Deus, o teu Deus, sou eu. 8 Não te repreendo pelos teus sacrifícios, pois teus holocaustos estão sempre diante de mim. 9 Não preciso do novilho do teu estábulo, nem dos cabritos de teus apriscos, 10 pois minhas são todas as feras das matas; há milhares de animais nos meus montes. 11 Conheço todos os pássaros do céu, e tudo o que se move nos campos. 12 Se tivesse fome, não precisava dizer-te, porque minha é a terra e tudo o que ela contém. 13 Porventura preciso comer carne de touros, ou beber sangue de cabrito?... 14 Oferece, antes, a Deus um sacrifício de louvor e cumpre teus votos para com o Altíssimo. 15 Invoca-me nos dias de tribulação, e eu te livrarei e me darás glória. 16 Ao pecador, porém, Deus diz: Por que recitas os meus mandamentos, e tens na boca as palavras da minha aliança? 17 Tu que aborreces meus ensinamentos e rejeitas minhas palavras? 18 Se vês um ladrão, te ajuntas a ele, e com adúlteros te associas. 19 Dás plena licença à tua boca para o mal e tua língua trama fraudes. 20 Tu te assentas para falar contra teu irmão, cobres de calúnias o filho de tua própria mãe. 21 Eis o que fazes, e eu hei de me calar? Pensas que eu sou igual a ti? Não, mas vou te repreender e te lançar em rosto os teus pecados. 22 Compreendei bem isto, vós que vos esqueceis de Deus: não suceda que eu vos arrebate e não haja quem vos salve. 23 Honra-me quem oferece um sacrifício de louvor; ao que procede retamente, a este eu mostrarei a salvação de Deus.

50

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi, 2 quando o profeta Natã foi encontrá-lo, após o pecado com Betsabé. 3 Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E conforme a imensidade de vossa misericórdia, apagai a minha iniqüidade. 4 Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado. 5 Eu reconheço a minha iniqüidade, diante de mim está sempre o meu pecado. 6 Só contra vós pequei, o que é mau fiz diante de vós. Vossa sentença assim se manifesta justa, e reto o vosso julgamento. 7 Eis que nasci na culpa, minha mãe concebeu-me no pecado. 8 Não obstante, amais a sinceridade de coração. Infundi-me, pois, a sabedoria no mais íntimo de mim. 9 Aspergi-me com um ramo de hissope e ficarei puro. Lavai-me e me tornarei mais branco do que a neve. 10 Fazei-me ouvir uma palavra de gozo e de alegria, para que exultem os ossos que triturastes. 11 Dos meus pecados desviai os olhos, e minhas culpas todas apagai. 12 Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza. 13 De vossa face não me rejeiteis, e nem me priveis de vosso santo Espírito. 14 Restituí-me a alegria da salvação, e sustentai-me com uma vontade generosa. 15 Então aos maus ensinarei vossos caminhos, e voltarão a vós os pecadores. 16 Deus, ó Deus, meu salvador, livrai-me da pena desse sangue derramado, e a vossa misericórdia a minha língua exaltará. 17 Senhor, abri meus lábios, a fim de que minha boca anuncie vossos louvores. 18 Vós não vos aplacais com sacrifícios rituais; e se eu vos ofertasse um sacrifício, não o aceitaríeis. 19 Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito, um coração arrependido e humilhado, ó Deus, que não haveis de desprezar. 20 Senhor, pela vossa bondade, tratai Sião com benevolência, reconstruí os muros de Jerusalém. 21 Então aceitareis os sacrifícios prescritos, as oferendas e os holocaustos; e sobre vosso altar vítimas vos serão oferecidas.

51

1 Ao mestre de canto. Hino de Davi. 2 Quando Doeg, o idumeu, veio dizer a Saul: Davi entrou na casa de Aquimelec. 3 Por que te glorias de tua malícia, ó infame prepotente? 4 Continuamente maquinas a perdição; tua língua é afiada navalha, tecedora de enganos. 5 Tu preferes o mal ao bem, a mentira à lealdade. 6 Só gostas de palavras perniciosas, ó língua pérfida! 7 Por isso Deus te destruirá, há de te excluir para sempre; ele te expulsará de tua tenda, e te extirpará da terra dos vivos. 8 Vendo isto, tomados de medo, os justos zombarão de ti, dizendo: 9 Eis o homem que não tomou a Deus por protetor, mas esperou na multidão de suas riquezas e se prevaleceu de seus próprios crimes. 10 Eu sou, porém, como a virente oliveira na casa de Deus: confio na misericórdia de Deus para sempre. 11 Louvar-vos-ei eternamente pelo que fizestes e cantarei vosso nome, na presença de vossos fiéis, porque é bom.

52

1 Ao mestre de canto. Em melodia triste. Hino de Davi. 2 Diz o insensato em seu coração: Não há Deus. Corromperam-se os homens, seu proceder é abominável, não há um só que pratique o bem. 3 O Senhor, do alto do céu, observa os filhos dos homens para ver se, acaso, existe alguém sensato que busque a Deus. 4 Todos eles, porém, se extraviaram e se perverteram; não há mais ninguém que faça o bem, nem um, nem mesmo um só. 5 Não se emendarão esses obreiros do mal? Eles que devoram meu povo como quem come pão, não invocarão o Senhor? 6 Foram tomados de terror, não havendo nada para temer. Porque Deus dispersou os ossos dos que te assediam; foram confundidos porque Deus os rejeitou. 7 Ah, que venha de Sião a salvação de Israel! Quando Deus tiver mudado a sorte de seu povo, Jacó exultará e Israel se alegrará.

53

1 Ao mestre de canto. Com instrumentos de corda. Hino de Davi, 2 quando os zifeus vieram dizer a Saul: Davi encontra-se escondido entre nós. 3 Pela honra de vosso nome, salvai-me, meu Deus! Por vosso poder, fazei-me justiça. 4 Ó meu Deus, escutai minha oração, atendei às minhas palavras, 5 pois homens soberbos insurgiram-se contra mim; homens violentos odeiam a minha vida: não têm Deus em sua presença. 6 Mas eis que Deus vem em meu auxílio, o Senhor sustenta a minha vida. 7 Fazei recair o mal em meus adversários e, segundo vossa fidelidade, destruí-os. 8 De bom grado oferecer-vos-ei um sacrifício, cantarei a glória de vosso nome, Senhor, porque é bom, 9 pois me livrou de todas as tribulações, e pude ver meus inimigos derrotados.

54

1 Ao mestre de canto. Com instrumentos de corda. Hino de Davi. 2 Prestai ouvidos, ó Deus, à minha oração, não vos furteis à minha súplica; 3 Escutai-me e atendei-me. Na minha angústia agito-me num vaivém, perturbo-me 4 à voz do inimigo, sob os gritos do pecador. Eles lançam o mal contra mim, e me perseguem com furor. 5 Palpita-me no peito o coração, invade-me um pavor de morte. 6 Apoderam-se de mim o terror e o medo, e o pavor me assalta. 7 Digo-me, então: tivesse eu asas como a pomba, voaria para um lugar de repouso; 8 ir-me-ia bem longe morar no deserto. 9 Apressar-me-ia em buscar um abrigo contra o vendaval e a tempestade. 10 Destruí-os, Senhor, confundi-lhes as línguas, porque só vejo violência e discórdia na cidade. 11 Dia e noite percorrem suas muralhas, no seu interior só há injustiça e opressão. 12 Grassa a astúcia no seu meio, a iniqüidade e a fraude não deixam suas praças. 13 Se o ultraje viesse de um inimigo, eu o teria suportado; se a agressão partisse de quem me odeia, dele me esconderia. 14 Mas eras tu, meu companheiro, meu íntimo amigo, 15 com quem me entretinha em doces colóquios; com quem, por entre a multidão, íamos à casa de Deus. 16 Que a morte os colha de improviso, que eles desçam vivos à mansão dos mortos. Porque entre eles, em suas moradas, só há perversidade. 17 Eu, porém, bradarei a Deus, e o Senhor me livrará. 18 Pela tarde, de manhã e ao meio-dia lamentarei e gemerei; e ele ouvirá minha voz. 19 Dar-me-á a paz, livrando minha alma dos que me acossam, pois numerosos são meus inimigos. 20 O Senhor me ouvirá e os humilhará, ele que reina eternamente, porque não se emendem nem temem a Deus. 21 Cada um deles levanta a mão contra seus amigos. Todos violam suas alianças. 22 De semblante mais brando do que o creme, trazem, contudo, no coração a hostilidade; suas palavras são mais untuosas do que o óleo, porém, na verdade, espadas afiadas. 23 Depõe no Senhor os teus cuidados, porque ele será teu sustentáculo; não permitirá jamais que vacile o justo. 24 E vós, ó meu Deus, vós os precipitareis no fundo do abismo da morte. Os homens sanguinários e ardilosos não alcançarão a metade de seus dias! Quanto a mim, é em vós, Senhor, que ponho minha esperança.

55

1 Ao mestre de canto. Conforme: Muda pomba de longínquas terras. Cântico de Davi, quando vai para junto dos filisteus, em Get. 2 Tende piedade de mim, ó Deus, porque aos pés me pisam os homens; sem cessar eles me oprimem combatendo. 3 Meus inimigos continuamente me espezinham, são numerosos os que me fazem guerra. 4 Ó Altíssimo, quando o terror me assalta, é em vós que eu ponho a minha confiança. 5 É em Deus, cuja promessa eu proclamo, sim, é em Deus que eu ponho minha esperança; nada temo: que mal me pode fazer um ser de carne? 6 O dia inteiro eles me difamam, seus pensamentos todos são para o meu mal; 7 Reúnem-se, armam ciladas, observam meus passos, e odeiam a minha vida. 8 Tratai-os segundo a sua iniqüidade. Ó meu Deus, em vossa cólera, prostrai esses povos. 9 Vós conheceis os caminhos do meu exílio, vós recolhestes minhas lágrimas em vosso odre; não está tudo escrito em vosso livro? 10 Sempre que vos invocar, meus inimigos recuarão: bem sei que Deus está por mim. 11 É em Deus, cuja promessa eu proclamo, 12 é em Deus que eu ponho minha esperança; nada temo: que mal me pode fazer um ser de carne? 13 Os votos que fiz, ó Deus, devo cumpri-los; oferecer-vos-ei um sacrifício de louvor, 14 porque da morte livrastes a minha vida, e da queda preservastes os meus pés, para que eu ande na presença de Deus, na luz dos vivos.

56

1 Ao mestre de canto. Não destruas. Cântico de Davi, quando fugiu para a caverna, perseguido por Saul. 2 Tende piedade de mim, ó Deus, tende piedade de mim, porque a minha alma em vós procura o seu refúgio. Abrigo-me à sombra de vossas asas, até que a tormenta passe. 3 Clamo ao Deus Altíssimo, ao Deus que me cumula de benefícios. 4 Mande ele do céu auxílio que me salve, cubra de confusão meus perseguidores; envie-me Deus a sua graça e fidelidade. 5 Estou no meio de leões, que devoram os homens com avidez. Seus dentes são como lanças e flechas, suas línguas como espadas afiadas. 6 Elevai-vos, ó Deus, no mais alto dos céus, e sobre toda a terra brilhe a vossa glória. 7 Ante meus pés armaram rede; fizeram-me perder a coragem. Cavaram uma fossa diante de mim; caiam nela eles mesmos. 8 Meu coração está firme, ó Deus, meu coração está firme; vou cantar e salmodiar. 9 Desperta-te, ó minha alma; despertai, harpa e cítara! Quero acordar a aurora. 10 Entre os povos, Senhor, vos louvarei; salmodiarei a vós entre as nações, 11 porque aos céus se eleva a vossa misericórdia, e até as nuvens a vossa fidelidade. 12 Elevai-vos, ó Deus, nas alturas dos céus, e brilhe a vossa glória sobre a terra inteira.

57

1 Ao mestre de canto. Não destruas. Cântico de Davi. 2 Será que realmente fazeis justiça, ó poderosos do mundo? Será que julgais pelo direito, ó filhos dos homens? 3 Não, pois em vossos corações cometeis iniqüidades, e vossas mãos distribuem injustiças sobre a terra. 4 Desde o seio materno se extraviaram os ímpios, desde o seu nascimento se desgarraram os mentirosos. 5 Semelhante ao das serpentes é o seu veneno, ao veneno da víbora surda que fecha os ouvidos 6 para não ouvir a voz dos fascinadores, do mágico que enfeitiça habilmente. 7 Ó Deus, quebrai-lhes os dentes na própria boca; parti as presas dos leões, ó Senhor. 8 Que eles se dissipem como as águas que correm, e fiquem suas flechas despontadas. 9 Passem como o caracol que deslizando se consome, sejam como o feto abortivo que não verá o sol. 10 Antes que os espinhos cheguem a aquecer vossas panelas, que o turbilhão os arrebate enquanto estão ainda verdes. 11 O justo terá a alegria de ver o castigo dos ímpios, e lavará os pés no sangue deles. 12 E os homens dirão: Sim, há recompensa para o justo; sim, há um Deus para julgar a terra.

58

1 Para o mestre de canto. Não destruas. Cântico de Davi, quando Saul mandou cercar-lhe a casa para o matar. 2 Livrai-me, ó meu Deus, dos meus inimigos, defendei-me dos meus adversários. 3 Livrai-me dos que praticam o mal, salvai-me dos homens sanguinários. 4 Vede: armam ciladas para me tirar a vida, homens poderosos conspiram contra mim. 5 Senhor, não há em mim crime nem pecado. Sem que eu tenha culpa, eles acorrem e atacam. Despertai-vos, vinde para mim e vede, 6 porque vós, Senhor dos exércitos, sois o Deus de Israel. Erguei-vos para castigar esses pagãos, não tenhais misericórdia desses pérfidos. 7 Eles voltam todas as noites, latindo como cães, e percorrem a cidade toda. 8 Eis que se jactam à boca cheia, tendo nos lábios só injúrias, e dizem: Pois quem é que nos ouve? 9 Mas vós, Senhor, vos rides deles, zombais de todos os pagãos. 10 Ó vós que sois a minha força, é para vós que eu me volto. Porque vós, ó Deus, sois a minha defesa. 11 Ó meu Deus, vós sois todo bondade para mim. Venha Deus em meu auxílio, faça-me deleitar pela perda de meus inimigos. 12 Destruí-os, ó meu Deus, para que não percam o meu povo; conturbai-os, abatei-os com vosso poder, ó Deus, nosso escudo. 13 Cada palavra de seus lábios é um pecado. Que eles, surpreendidos em sua arrogância, sejam as vítimas de suas próprias calúnias e maldições. 14 Destruí-os em vossa cólera, destruí-os para que não subsistam, para que se saiba que Deus reina em Jacó e até os confins da terra. 15 Todas as noites eles voltam, latindo como cães, rondando pela cidade toda. 16 Vagueiam em busca de alimento; não se fartando, eles se põem a uivar. 17 Eu, porém, cantarei vosso poder, e desde o amanhecer celebrarei vossa bondade. Porque vós sois o meu amparo, um refúgio no dia da tribulação. 18 Ó vós, que sois a minha força, a vós, meu Deus, cantarei salmos porque sois minha defesa. Ó meu Deus, vós sois todo bondade para mim.

59

1 Ao mestre de canto. Conforme: A lei é como o lírio. Poema didático de Davi, 2 quando guerreou contra os sírios da Mesopotâmia e os sírios de Soba e quando Joab, voltando, derrotou doze mil edomitas no vale do Sal. 3 Ó Deus, vós nos rejeitastes, rompestes nossas fileiras, estais irado; restabelecei-nos. 4 Fizestes nossa terra tremer e a fendestes; reparai suas brechas, pois ela vacila. 5 Impusestes duras provas ao vosso povo, fizestes-nos sorver um vinho atordoante. 6 Mas aos que vos temem destes um estandarte, a fim de que das flechas escapassem. 7 Para que vossos amigos fiquem livres, ajudai-nos com vossa destra, ouvi-nos. 8 Deus falou no seu santuário: Triunfarei, repartindo Siquém; medirei com o cordel o vale de Sucot. 9 Minha é a terra de Galaad, minha a de Manassés; Efraim é o elmo de minha cabeça; Judá, o meu cetro; 10 Moab é a bacia em que me lavo. Sobre Edom atirarei minhas sandálias, cantarei vitória sobre a Filistéia. 11 Quem me conduzirá à cidade fortificada? Quem me levará até Edom? 12 Quem, senão vós, ó Deus, que nos repelistes e já não saís à frente de nossas forças? 13 Dai-nos auxílio contra o inimigo, porque é vão qualquer socorro humano. 14 Com o auxílio de Deus faremos proezas, ele abaterá nossos inimigos.

60

1 Ao mestre de canto. Com instrumentos de corda. De Davi. 2 Ouvi, ó Deus, o meu clamor, atendei à minha oração. 3 Dos confins da terra clamo a vós, quando me desfalece o coração. 4 Haveis de me elevar sobre um rochedo e me dar descanso, porque vós sois o meu refúgio, uma torre forte contra o inimigo. 5 Habite eu sempre em vosso tabernáculo, e me abrigue à sombra de vossas asas! 6 Pois vós, ó meu Deus, ouvistes os meus votos, destes-me a recompensa dos que temem vosso nome. 7 Acrescentai dias aos dias do rei, que seus anos atinjam muitas gerações. 8 Reine ele na presença de Deus eternamente, dai-lhe por salvaguarda vossa graça e fidelidade. 9 Assim, cantarei sempre o vosso nome e cumprirei todos os dias os meus votos.

61

1 Ao mestre de canto. Segundo Iditum. Salmo de Davi. 2 Só em Deus repousa minha alma, só dele me vem a salvação. 3 Só ele é meu rochedo, minha salvação; minha fortaleza: jamais vacilarei. 4 Até quando, juntos, atacareis o próximo para derribá-lo como a uma parede já inclinada, como a um muro que se fendeu? 5 Sim, de meu excelso lugar pretendem derrubar-me; eles se comprazem na mentira. Enquanto me bendizem com os lábios, amaldiçoam-me no coração. 6 Só em Deus repousa a minha alma, é dele que me vem o que eu espero. 7 Só ele é meu rochedo e minha salvação; minha fortaleza: jamais vacilarei. 8 Só em Deus encontrarei glória e salvação. Ele é meu rochedo protetor, meu refúgio está nele. 9 Ó povo, confia nele de uma vez por todas; expandi, em sua presença, os vossos corações. Nosso refúgio está em Deus. 10 Os homens não passam de um sopro, e de uma mentira os filhos dos homens. Eles sobem na concha da balança, pois todos juntos são mais leves que o vento. 11 Não confieis na violência, nem espereis vãmente no roubo; crescendo vossas riquezas, não prendais nelas os vossos corações. 12 Numa só palavra de Deus compreendi duas coisas: a Deus pertence o poder, 13 ao Senhor pertence a bondade. Pois vós dais a cada um segundo suas obras.

62

1 Salmo de Davi, quando se achava no deserto de Judá. 2 Ó Deus, vós sois o meu Deus, com ardor vos procuro. Minha alma está sedenta de vós, e minha carne por vós anela como a terra árida e sequiosa, sem água. 3 Quero vos contemplar no santuário, para ver vosso poder e vossa glória. 4 Porque vossa graça me é mais preciosa do que a vida, meus lábios entoarão vossos louvores. 5 Assim vos bendirei em toda a minha vida, com minhas mãos erguidas vosso nome adorarei. 6 Minha alma saciada como de fino manjar, com exultante alegria meus lábios vos louvarão. 7 Quando, no leito, me vem vossa lembrança, passo a noite toda pensando em vós. 8 Porque vós sois o meu apoio, exulto de alegria, à sombra de vossas asas. 9 Minha alma está unida a vós, sustenta-me a vossa destra. 10 Quanto aos que me procuram perder, cairão nas profundezas dos abismos, 11 serão passados a fio de espada, e se tornarão pasto dos chacais. 12 O rei, porém, se alegrará em Deus. Será glorificado todo o que jurar pelo seu nome, enquanto aos mendazes lhes será tapada a boca.

63

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. 2 Ouvi, Senhor, minha lastimosa voz. Do terror do inimigo protegei a minha vida, 3 preservai-me da conspiração dos maus, livrai-me da multidão dos malfeitores. 4 Eles aguçam suas línguas como espadas, desferem como flechas palavras envenenadas, 5 para atirarem, do esconderijo, sobre o inocente, a fim de feri-lo de improviso, não temendo nada. 6 Obstinam-se em seus maus desígnios, concertam, às ocultas, como armar seus laços, dizendo: Quem é que nos verá? 7 Planejam crimes e ocultam os seus planos; insondáveis são o espírito e o coração de cada um deles. 8 Mas Deus os atinge com as suas setas, eles são feridos de improviso. 9 Sua própria língua lhes preparou a ruína. Meneiam a cabeça os que os vêem. 10 Tomados de temor, proclamam ser obra de Deus, e reconhecem o que ele fez. 11 Alegra-se o justo no Senhor e nele confia. E triunfam todos os retos de coração.

64

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. Cântico. 2 A vós, ó Deus, convém o louvor em Sião, é a vós que todos vêm cumprir os seus votos, 3 vós que atendeis as preces. Todo homem acorre a vós, 4 por causa de seus pecados. Oprime-nos o peso de nossas faltas: vós no-las perdoais. 5 Feliz aquele que vós escolheis, e chamais para habitar em vossos átrios. Possamos nós ser saciados dos bens de vossa casa, da santidade de vosso templo. 6 Vós nos atendeis com os estupendos prodígios de vossa justiça, ó Deus, nosso salvador. Vós sois a esperança dos confins da terra, e dos mais longínquos mares. 7 Vós que, com a vossa força, sustentais montanhas, cingido de vosso poder. 8 Vós que aplacais os vagalhões do mar, o bramir de suas vagas e o tumultuar das nações pagãs. 9 À vista de vossos prodígios, temem-vos os habitantes dos confins da terra; saciais de alegria os extremos do oriente e do ocidente. 10 Visitastes a terra e a regastes, cumulando-a de fertilidade. De água encheu-se a divina fonte e fizestes germinar o trigo. Assim, pois, fertilizastes a terra: 11 irrigastes os seus sulcos, nivelastes e as sua glebas; amolecendo-as com as chuvas, abençoastes a sua sementeira. 12 Coroaste o ano com os vossos benefícios; onde passastes ficou a fartura. 13 Umedecidas as pastagens do deserto, revestem-se de alegria as colinas. 14 Os prados são cobertos de rebanhos, e os vales se enchem de trigais. Só há júbilo e cantos de alegria.

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1 Ao mestre de canto. Cântico. Salmo. Aclamai a Deus, toda a terra, 2 Cantai a glória de seu nome, rendei-lhe glorioso louvor. 3 Dizei a Deus: Vossas obras são estupendas! Tal é o vosso poder que os próprios inimigos vos glorificam. 4 Diante de vós se prosterne toda a terra, e cante em vossa honra a glória de vosso nome. 5 Vinde contemplar as obras de Deus: ele fez maravilhas entre os filhos dos homens. 6 Mudou o mar em terra firme; atravessaram o rio a pé enxuto; eis o motivo de nossa alegria. 7 Domina pelo seu poder para sempre, seus olhos observam as nações pagãs; que os rebeldes não levantem a cabeça. 8 Bendizei, ó povos, ao nosso Deus, publicai seus louvores. 9 Foi ele quem conservou a vida de nossa alma, e não permitiu resvalassem nossos pés. 10 Pois vós nos provastes, ó Deus, acrisolastes-nos como se faz com a prata. 11 Deixastes-nos cair no laço, carga pesada pusestes em nossas costas. 12 Submetestes-nos ao jugo dos homens, passamos pelo fogo e pela água; mas, por fim, nos destes alívio. 13 É, pois, com holocaustos que entrarei em vossa casa, pagarei os votos que fiz para convosco, 14 votos proferidos pelos meus lábios, quando me encontrava na tribulação. 15 Oferecerei em holocausto as mais belas ovelhas, com os mais gordos carneiros; imolarei touros e cabritos. 16 Vinde, ouvi vós todos que temeis ao Senhor. Eu vos narrarei quão grandes coisas Deus fez à minha alma. 17 Meus lábios o invocaram, com minha língua o louvei. 18 Se eu intentasse no coração o mal, não me teria ouvido o Senhor. 19 Mas Deus me ouviu; atendeu a voz da minha súplica. 20 Bendito seja Deus que não rejeitou a minha oração, nem retirou de mim a sua misericórdia.

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1 Ao mestre de canto. Com instrumentos de corda. Salmo. Cântico. 2 Tenha Deus piedade de nós e nos abençoe, faça resplandecer sobre nós a luz da sua face, 3 para que se conheçam na terra os seus caminhos e em todas as nações a sua salvação. 4 Que os povos vos louvem, ó Deus, que todos os povos vos glorifiquem. 5 Alegrem-se e exultem as nações, porquanto com eqüidade regeis os povos e dirigis as nações sobre a terra. 6 Que os povos vos louvem, ó Deus, que todos os povos vos glorifiquem. 7 A terra deu o seu fruto, abençoou-nos o Senhor, nosso Deus. 8 Sim, que Deus nos abençoe, e que o reverenciem até os confins da terra.

67

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. Cântico. 2 Levanta-se Deus; eis que se dispersam seus inimigos, e fogem diante dele os que o odeiam. 3 Eles se dissipam como a fumaça, como a cera que se derrete ao fogo. Assim perecem os maus diante de Deus. 4 Os justos, porém, exultam e se rejubilam em sua presença, e transbordam de alegria. 5 Cantai à glória de Deus, cantai um cântico ao seu nome, abri caminho para o que em seu carro avança pelo deserto. Senhor é o seu nome, exultai em sua presença. 6 É o pai dos órfãos e o protetor das viúvas, esse Deus que habita num templo santo. 7 Aos abandonados Deus preparou uma casa, conduz os cativos à liberdade e ao bem-estar; só os rebeldes ficam num deserto ardente. 8 Ó Deus, quando saíeis à frente de vosso povo, quando avançáveis pelo deserto, 9 a terra tremia, os próprios céus rorejavam diante de vós, o monte Sinai estremecia na presença do Deus de Israel. 10 Sobre vossa herança fizestes cair generosa chuva, e restaurastes suas forças fatigadas. 11 Vosso rebanho fixou habitação numa terra que vossa bondade, ó Deus, lhe havia preparado. 12 Apenas o Senhor profere uma palavra, tornam-se numerosas as mulheres que anunciam a boa nova: 13 Fogem, fogem os reis dos exércitos; os habitantes partilham os despojos. 14 Enquanto entre os rebanhos repousáveis, as asas da pomba refulgiam como prata, e de ouro era o brilho de suas penas. 15 Quando o Todo-poderoso dispersava os reis, caía a neve sobre o Salmon. 16 Os montes de Basã são elevados, alcantilados são os montes de Basã. 17 Montes escarpados, por que invejais a montanha que Deus escolheu para morar, para nela estabelecer uma habitação eterna? 18 São milhares e milhares os carros de Deus: do Sinai vem o Senhor ao seu santuário. 19 Subindo nas alturas levastes os cativos; recebestes homens como tributos, aqueles que recusaram habitar com o Senhor Deus. 20 Bendito seja o Senhor todos os dias; Deus, nossa salvação, leva nossos fardos: 21 nosso Deus é um Deus que salva, da morte nos livra o Senhor Deus. 22 Sim, Deus parte a cabeça de seus inimigos, o crânio hirsuto do que persiste em seus pecados. 23 Dissera o Senhor: Ainda que seja de Basã, eu os farei voltar, eu os trarei presos das profundezas do mar, 24 para que banhes no sangue os teus pés, e a língua de teus cães receba dos inimigos seu quinhão. 25 Contemplam a vossa chegada, ó Deus, a entrada do meu Deus, do meu rei, no santuário; 26 Vêm na frente os cantores, atrás os tocadores de cítara; no meio, as jovens tocando tamborins. 27 Bendizei a Deus nas vossas assembléias, bendizei ao Senhor, filhos de Israel! 28 Eis Benjamim, o mais jovem, que vai na frente; depois os príncipes de Judá, com seus esquadrões; os príncipes de Zabulon, os príncipes de Neftali. 29 Mostrai, ó Deus, o vosso poder, esse poder com que atuastes em nosso favor. 30 Pelo vosso templo em Jerusalém, ofereçam-vos presentes os reis! 31 Reprimi a fera dos canaviais, a manada dos touros com os novilhos das nações pagãs. Que eles se prosternem com barras de prata. Dispersai as nações que se comprazem na guerra. 32 Aproximem-se os grandes do Egito, estenda a Etiópia suas mãos para Deus. 33 Reinos da terra, cantai à glória de Deus, cantai um cântico ao Senhor, 34 que é levado pelos céus, pelos céus eternos; eis que ele fala, sua voz é potente: 35 Reconhecei o poder de Deus! Sua majestade se estende sobre Israel, sua potência aparece nas nuvens. 36 De seu santuário, temível é o Deus de Israel; é ele que dá ao seu povo a força e o poder. Bendito seja Deus!

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1 Ao mestre de canto. Segundo a melodia: Os lírios. 2 Salvai-me, ó Deus, porque as águas me vão submergir. 3 Estou imerso num abismo de lodo, no qual não há onde firmar o pé. Vim a dar em águas profundas, encobrem-me as ondas. 4 Já cansado de tanto gritar, enrouqueceu-me a garganta. Finaram-se-me os olhos, enquanto espero meu Deus. 5 Mais numerosos que os cabelos de minha cabeça são os que me detestam sem razão. São mais fortes que meus ossos os meus injustos inimigos. Porventura posso restituir o que não roubei? 6 Vós conheceis, ó Deus, a minha insipiência, e minhas faltas não vos são ocultas. 7 Os que esperam em vós, ó Senhor, Senhor dos exércitos, por minha causa não sejam confundidos. Que os que vos procuram, ó Deus de Israel, não tenham de que se envergonhar por minha causa, 8 pois foi por vós que eu sofri afrontas, cobrindo-se-me o rosto de confusão. 9 Tornei-me um estranho para meus irmãos, um desconhecido para os filhos de minha mãe. 10 É que o zelo de vossa casa me consumiu, e os insultos dos que vos ultrajam caíram sobre mim. 11 Por mortificar minha alma com jejuns, só recebi ultrajes. 12 Por trocar minhas roupas por um saco, tornei-me ludíbrio deles. 13 Falam de mim os que se assentam às portas da cidade, escarnecem-me os que bebem vinho. 14 Minha oração, porém, sobe até vós, Senhor, na hora de vossa misericórdia, ó Deus. Na vossa imensa bondade, escutai-me, segundo a fidelidade de vosso socorro. 15 Tirai-me do lodo, para que não me afunde. Livrai-me dos que me detestam, salvai-me das águas profundas. 16 Não me deixeis submergir nas muitas águas, nem me devore o abismo. Nem se feche sobre mim a boca do poço. 17 Ouvi-me, Senhor, pois que vossa bondade é compassiva; em nome de vossa misericórdia, voltai-vos para mim. 18 Não escondais ao vosso servo a vista de vossa face; atendei-me depressa, pois estou muito atormentado. 19 Aproximai-vos de minha alma, livrai-me de meus inimigos. 20 Bem vedes minha vergonha, confusão e ignomínia. Ante vossos olhos estão os que me perseguem: 21 seus ultrajes abateram meu coração e desfaleci. Esperei em vão quem tivesse compaixão de mim, quem me consolasse, e não encontrei. 22 Puseram fel no meu alimento, na minha sede deram-me vinagre para beber. 23 Torne-se a sua mesa um laço para eles, e uma armadilha para os seus amigos. 24 Que seus olhos se escureçam para não mais ver, que seus passos sejam sempre vacilantes. 25 Despejai sobre eles a vossa cólera, e os atinja o fogo de vossa ira. 26 Seja devastada a sua morada, não haja quem habite em suas tendas, 27 porque perseguiram aquele a quem atingistes, e aumentaram a dor daquele a quem feristes. 28 Deixai-os acumular falta sobre falta, e jamais sejam por vós reconhecidos como justos. 29 Sejam riscados do livro dos vivos, e não se inscrevam os seus nomes entre os justos. 30 Eu, porém, miserável e sofredor, seja protegido, ó Deus, pelo vosso auxílio. 31 Cantarei um cântico de louvor ao nome do Senhor, e o glorificarei com um hino de gratidão. 32 E isto a Deus será mais agradável que um touro, do que um novilho com chifres e unhas. 33 Ó vós, humildes, olhai e alegrai-vos; vós que buscais a Deus, reanime-se o vosso coração, 34 porque o Senhor ouve os necessitados, e seu povo cativo não despreza. 35 Louvem-no os céus e a terra, os mares e tudo o que neles se move. 36 Sim, Deus salvará Sião e reconstruirá as cidades de Judá; para aí hão de voltar e a possuirão. 37 A linhagem de seus servos a receberá em herança, e os que amam o seu nome aí fixarão sua morada.

69

1 Ao mestre de canto. De Davi. Para servir de lembrança. 2 Comprazei-vos, ó Deus, em me livrar; depressa, Senhor, vinde em meu auxílio. 3 Sejam confundidos e humilhados os que odeiam a minha vida. Recuem e corem de vergonha os que se comprazem com meus males. 4 Afastem-se, cobertos de confusão, os que me dizem: Ah! Ah! 5 Pelo contrário, exultem e se alegrem em vós todos os que vos procuram. Que repitam sem cessar: Glória ao Senhor! aqueles que desejam vosso auxílio. 6 Quanto a mim, sou pobre e desvalido. Socorrei-me, ó Deus, sois meu protetor e libertador. Senhor, não tardeis mais.

70

1 É em vós, Senhor, que procuro meu refúgio; que minha esperança não seja para sempre confundida. 2 Por vossa justiça, livrai-me, libertai-me; inclinai para mim vossos ouvidos e salvai-me. 3 Sede-me uma rocha protetora, uma cidadela forte para me abrigar: e vós me salvareis, porque sois meu rochedo e minha fortaleza. 4 Meu Deus, livrai-me da mãos do iníquo, das garras do inimigo e do opressor, 5 porque vós sois, ó meu Deus, minha esperança. Senhor, desde a juventude vós sois minha confiança. 6 Em vós eu me apoiei desde que nasci, desde o seio materno sois meu protetor; em vós eu sempre esperei. 7 Tornei-me para a turba um objeto de admiração, mas vós tendes sido meu poderoso apoio. 8 Minha boca andava cheia de vossos louvores, cantando continuamente vossa glória. 9 Na minha velhice não me rejeiteis, ao declinar de minhas forças não me abandoneis. 10 Porque falam de mim meus inimigos e os que me observam conspiram contra mim, 11 dizendo: Deus o abandonou; persegui-o e prendei-o, porque não há ninguém para o livrá-lo. 12 Ó Deus, não vos afasteis de mim. Meu Deus, apressai-vos em me socorrer. 13 Sejam confundidos e pereçam os que atentam contra minha vida, sejam cobertos de vergonha e confusão os que procuram minha desgraça. 14 Eu, porém, hei de esperar sempre, e, dia após dia, vos louvarei mais. 15 Minha boca proclamará vossa justiça e vossos auxílios de todos os dias, sem poder enumerá-los todos. 16 Os portentos de Deus eu narrarei, só a vossa justiça hei de proclamar, Senhor. 17 Vós me tendes instruído, ó Deus, desde minha juventude, e até hoje publico as vossas maravilhas. 18 Na velhice e até os cabelos brancos, ó Deus, não me abandoneis, a fim de que eu anuncie à geração presente a força de vosso braço, e vosso poder à geração vindoura, 19 e vossa justiça, ó Deus, que se eleva à altura dos céus, pela qual vós fizestes coisas grandiosas. Senhor, quem vos é comparável? 20 Vós me fizestes passar por numerosas e amargas tribulações para, de novo, me fazer viver e dos abismos da terra novamente me tirar. 21 Aumentai minha grandeza, e de novo consolai-me. 22 Celebrarei então vossa fidelidade nas cordas da lira, eu vos cantarei na harpa, ó Santo de Israel. 23 Meus lábios e minha alma que resgatastes exultarão de alegria quando eu cantar a vossa glória. 24 E, dia após dia, também minha língua exaltará vossa justiça, porque ficaram cobertos de vergonha e confusão aqueles que buscavam minha perdição.

71

1 De Salomão. Ó Deus, confiai ao rei os vossos juízos. Entregai a justiça nas mãos do filho real, 2 para que ele governe com justiça vosso povo, e reine sobre vossos humildes servos com eqüidade. 3 Produzirão as montanhas frutos de paz ao vosso povo; e as colinas, frutos de justiça. 4 Ele protegerá os humildes do povo, salvará os filhos dos pobres e abaterá o opressor. 5 Ele viverá tão longamente como dura o sol, tanto quanto ilumina a lua, através das gerações. 6 Descerá como a chuva sobre a relva, como os aguaceiros que embebem a terra. 7 Florescerá em seus dias a justiça, e a abundância da paz até que cesse a lua de brilhar. 8 Ele dominará de um ao outro mar, desde o grande rio até os confins da terra. 9 Diante dele se prosternarão seus inimigos, e seus adversários lamberão o pó. 10 Os reis de Társis e das ilhas lhe trarão presentes, os reis da Arábia e de Sabá oferecer-lhe-ão seus dons. 11 Todos os reis hão de adorá-lo, hão de servi-lo todas as nações. 12 Porque ele livrará o infeliz que o invoca, e o miserável que não tem amparo. 13 Ele se apiedará do pobre e do indigente, e salvará a vida dos necessitados. 14 Ele o livrará da injustiça e da opressão, e preciosa será a sua vida ante seus olhos. 15 Assim ele viverá e o ouro da Arábia lhe será ofertado; por ele hão de rezar sempre e o bendirão perpetuamente. 16 Haverá na terra fartura de trigo, suas espigas ondularão no cume das colinas como as ramagens do Líbano; e o povo das cidades florescerá como as ervas dos campos. 17 Seu nome será eternamente bendito, e durará tanto quanto a luz do sol. Nele serão abençoadas todas as tribos da terra, bem-aventurado o proclamarão todas as nações. 18 Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que, só ele, faz maravilhas. 19 Bendito seja eternamente seu nome glorioso, e que toda a terra se encha de sua glória. Amém! Amém! 20 Aqui terminam as preces de Davi, filho de Jessé.

72

1 Salmo de Asaf. Oh, como Deus é bom para os corações retos, e o Senhor para com aqueles que têm o coração puro! 2 Contudo, meus pés iam resvalar, por pouco não escorreguei, 3 porque me indignava contra os ímpios, vendo o bem-estar dos maus: 4 não existe sofrimento para eles, seus corpos são robustos e sadios. 5 Dos sofrimentos dos mortais não participam, não são atormentados como os outros homens. 6 Eles se adornam com um colar de orgulho, e se cobrem com um manto de arrogância. 7 Da gordura que os incha sai a iniqüidade, e transborda a temeridade. 8 Zombam e falam com malícia, discursam, altivamente, em tom ameaçador. 9 Com seus propósitos afrontam o céu e suas línguas ferem toda a terra. 10 Por isso se volta para eles o meu povo, e bebe com avidez das suas águas. 11 E dizem então: Porventura Deus o sabe? Tem o Altíssimo conhecimento disto? 12 Assim são os pecadores que, tranqüilamente, aumentam suas riquezas. 13 Então foi em vão que conservei o coração puro e na inocência lavei as minhas mãos? 14 Pois tenho sofrido muito e sido castigado cada dia. 15 Se eu pensasse: Também vou falar como eles, seria infiel à raça de vossos filhos. 16 Reflito para compreender este problema, mui penosa me pareceu esta tarefa, 17 até o momento em que entrei no vosso santuário e em que me dei conta da sorte que os espera. 18 Sim, vós os colocais num terreno escorregadio, à ruína vós os conduzis. 19 Eis que subitamente se arruinaram, sumiram, destruídos por catástrofe medonha. 20 Como de um sonho ao se despertar, Senhor, levantando-vos, desprezais a sombra deles. 21 Quando eu me exasperava e se me atormentava o coração, 22 eu ignorava, não entendia, como um animal qualquer. 23 Mas estarei sempre convosco, porque vós me tomastes pela mão. 24 Vossos desígnios me conduzirão, e, por fim, na glória me acolhereis. 25 Afora vós, o que há para mim no céu? Se vos possuo, nada mais me atrai na terra. 26 Meu coração e minha carne podem já desfalecer, a rocha de meu coração e minha herança eterna é Deus. 27 Sim, perecem aqueles que de vós se apartam, destruís os que procuram satisfação fora de vós. 28 Mas, para mim, a felicidade é me aproximar de Deus, é pôr minha confiança no Senhor Deus, a fim de narrar as vossas maravilhas diante das portas da filha de Sião.

73

1 Hino de Asaf. Por que, Senhor, persistis em nos rejeitar? Por que se inflama vossa ira contra as ovelhas de vosso rebanho? 2 Recordai-vos de vosso povo que elegestes outrora, da tribo que resgatastes para vossa possessão, da montanha de Sião onde fizestes vossa morada. 3 Dirigi vossos passos a estes lugares definitivamente devastados; o inimigo tudo destruiu no santuário. 4 Os adversários rugiam no local de vossas assembléias, como troféus hastearam suas bandeiras. 5 Pareciam homens a vibrar o machado na floresta espessa. 6 Rebentaram os portais do templo com malhos e martelos, 7 atearam fogo ao vosso santuário, profanaram, arrasaram a morada do vosso nome. 8 Disseram em seus corações: Destruamo-los todos juntos; incendiai todos os lugares santos da terra. 9 Não vemos mais nossos emblemas, já não há nenhum profeta e ninguém entre nós que saiba até quando... 10 Ó Deus, até quando nos insultará o inimigo? O adversário blasfemará vosso nome para sempre? 11 Por que retirais a vossa mão? Por que guardais vossa destra em vosso seio? 12 Entretanto, Deus é meu rei desde os tempos antigos, ele que opera a salvação por toda a terra. 13 Vosso poder abriu o mar, esmagastes nas águas as cabeças de dragões. 14 Quebrastes as cabeças do Leviatã, e as destes como pasto aos monstros do mar. 15 Fizestes jorrar fontes e torrentes, secastes rios caudalosos. 16 Vosso é o dia, a noite vos pertence: vós criastes a lua e o sol, 17 Vós marcastes à terra seus confins, estabelecestes o inverno e o verão. 18 Lembrai-vos: o inimigo vos insultou, Senhor, e um povo insensato ultrajou o vosso nome. 19 Não abandoneis ao abutre a vida de vossa pomba, não esqueçais para sempre a vida de vossos pobres. 20 Olhai para a vossa aliança, porque todos os recantos da terra são antros de violência. 21 Que os oprimidos não voltem confundidos, que o pobre e o indigente possam louvar o vosso nome. 22 Levantai-vos, ó Deus, defendei a vossa causa. Lembrai-vos das blasfêmias que continuamente vos dirige o insensato. 23 Não olvideis os insultos de vossos adversários, e o tumulto crescente dos que se insurgem contra vós.

74

1 Ao mestre de canto. Não destruas. Salmo de Asaf. Cântico. 2 Nós vos louvamos, Senhor, nós vos louvamos; glorificamos vosso nome e anunciamos vossas maravilhas. 3 No tempo que fixei, julgarei o justo juízo. 4 Vacile, embora, a terra com todos os seus habitantes, fui eu quem deu firmeza às suas colunas. 5 Digo aos arrogantes: Não sejais insolentes; aos ímpios: Não levanteis vossa fronte, 6 não ergais contra o Altíssimo a vossa cabeça, deixai de falar a Deus com tanta insolência. 7 Não é do oriente, nem do ocidente, nem do deserto, nem das montanhas que vem a salvação. 8 Mas Deus é o juiz; a um ele abate, a outro exalta. 9 Há na mão do Senhor uma taça de vinho espumante e aromático. Dela dá de beber. E até as fezes hão de esgotá-la; hão de sorvê-la os ímpios todos da terra. 10 Eu, porém, exultarei para sempre, salmodiarei ao Deus de Jacó. 11 Abaterei todas as potências dos ímpios, enquanto o poder dos justos será exaltado.

75

1 Ao mestre de canto. Com instrumentos de corda. Salmo de Asaf. Cântico. 2 Deus se fez conhecer em Judá, seu nome é grande em Israel. 3 Em Jerusalém está seu tabernáculo, e em Sião a sua morada. 4 Lá ele quebrou as fulminantes flechas do arco, os escudos, as espadas e todas as armas. 5 O esplendor luminoso de vosso poder manifestou-se do alto das eternas montanhas. 6 Foram despojados os guerreiros ousados, eles dormem tranqüilos seu último sono. Os valentes sentiram fraquejar suas mãos. 7 Só com a vossa ameaça, ó Deus de Jacó, ficaram inertes carros e cavalos. 8 Terrível sois, quem vos poderá resistir, diante do furor de vossa cólera? 9 Do alto do céu proclamastes a sentença; calou-se a terra de tanto pavor, 10 quando Deus se levantou para pronunciar a sentença de libertação em favor dos oprimidos da terra. 11 Pois o furor de Edom vos glorificará e os sobreviventes de Emat vos festejarão. 12 Fazei votos ao Senhor vosso Deus e cumpri-os. Todos os que o cercam tragam oferendas ao Deus temível, 13 a ele que abate o orgulho dos grandes e que é temido pelos reis da terra.

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1 Ao mestre de canto, segundo Iditum. Salmo de Asaf. 2 Minha voz se eleva para Deus e clamo. Elevo minha voz a Deus para que ele me atenda; 3 No dia de angústia procuro o Senhor. De noite minhas mãos se levantam para ele sem descanso; e, contudo, minha alma recusa toda consolação. 4 Faz-me gemer a lembrança de Deus; na minha meditação, sinto o espírito desfalecer. 5 Vós me conservais os olhos abertos, estou perturbado, falta-me a palavra. 6 Penso nos dias passados, 7 lembro-me dos anos idos. De noite reflito no fundo do coração e, meditando, indaga meu espírito: 8 Porventura Deus nos rejeitará para sempre? Não mais há de nos ser propício? 9 Estancou-se sua misericórdia para o bom? Estará sua promessa desfeita para sempre? 10 Deus se terá esquecido de ter piedade? Ou sua cólera anulou sua clemência? 11 E concluo então: O que me faz sofrer é que a destra do Altíssimo não é mais a mesma... 12 Das ações do Senhor eu me recordo, lembro-me de suas maravilhas de outrora. 13 Reflito em todas vossas obras, e em vossos prodígios eu medito. 14 Ó Deus, santo é o vosso proceder. Que deus há tão grande quanto o nosso Deus? 15 Vós sois o Deus dos prodígios, vosso poder manifestastes entre os povos. 16 Com o poder de vosso braço resgatastes vosso povo, os filhos de Jacó e de José. 17 As águas vos viram, Senhor, as águas vos viram; elas tremeram e as vagas se puseram em movimento. 18 Em torrentes de água as nuvens se tornaram, elas fizeram ouvir a sua voz, de todos os lados fuzilaram vossas flechas. 19 Na procela ribombaram os vossos trovões, os relâmpagos iluminaram o globo; abalou-se com o choque e tremeu a terra toda. 20 Vós vos abristes um caminho pelo mar, uma senda no meio das muitas águas, permanecendo invisíveis vossos passos. 21 Como um rebanho conduzistes vosso povo, pelas mãos de Moisés e de Aarão.

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1 Hino de Asaf. Escuta, ó meu povo, minha doutrina; às palavras de minha boca presta atenção. 2 Abrirei os lábios, pronunciarei sentenças, desvendarei os mistérios das origens. 3 O que ouvimos e aprendemos, através de nossos pais, 4 nada ocultaremos a seus filhos, narrando à geração futura os louvores do Senhor, seu poder e suas obras grandiosas. 5 Ele promulgou uma lei para Jacó, instituiu a legislação de Israel, para que aquilo que confiara a nossos pais, eles o transmitissem a seus filhos, 6 a fim de que a nova geração o conhecesse, e os filhos que lhes nascessem pudessem também contar aos seus. 7 Aprenderiam, assim, a pôr em Deus sua esperança, a não esquecer as divinas obras, a observar as suas leis; 8 e a não se tornar como seus pais, geração rebelde e contumaz, de coração desviado, de espírito infiel a Deus. 9 Os filhos de Efraim, hábeis no arco, voltaram as costas no dia do combate. 10 Não guardaram a divina aliança, recusaram observar a sua lei. 11 Eles esqueceram suas obras, e as maravilhas operadas ante seus olhos. 12 Em presença de seus pais, ainda em terras do Egito, ele fez grandes prodígios nas planícies de Tanis. 13 O mar foi dividido para lhes dar passagem, represando as águas, verticais como um dique; 14 De dia ele os conduziu por trás de uma nuvem, e à noite ao clarão de uma flama. 15 Rochedos foram fendidos por ele no deserto, com torrentes de água os dessedentara. 16 Da pedra fizera jorrar regatos, e manar água como rios. 17 Entretanto, continuaram a pecar contra ele, e a se revoltar contra o Altíssimo no deserto. 18 Provocaram o Senhor em seus corações, reclamando iguarias de suas preferências. 19 E falaram contra Deus: Deus será capaz de nos servir uma mesa no deserto? 20 Eis que feriu a rocha para fazer jorrar dela água em torrentes. Mas poderia ele nos dar pão e preparar carne para seu povo? 21 O Senhor ouviu e se irritou: sua cólera se acendeu contra Jacó, e sua ira se desencadeou contra Israel, 22 porque não tiveram fé em Deus, nem confiaram em seu auxílio. 23 Contudo, ele ordenou às nuvens do alto, e abriu as portas do céu. 24 Fez chover o maná para saciá-los, deu-lhes o trigo do céu. 25 Pôde o homem comer o pão dos fortes, e lhes mandou víveres em abundância, 26 depois fez soprar no céu o vento leste, e seu poder levantou o vento sul. 27 Fez chover carnes, então, como poeira, numerosas aves como as areias do mar, 28 As quais caíram em seus acampamentos, ao redor de suas tendas. 29 Delas comeram até se fartarem, e satisfazerem os seus desejos. 30 Mas apenas o apetite saciaram, estando-lhes na boca ainda o alimento, 31 desencadeia-se contra eles a cólera divina, fazendo perecer a sua elite, e prostrando a juventude de Israel. 32 Malgrado tudo isso, persistiram em pecar, não se deixaram persuadir por seus prodígios. 33 Então, Deus pôs súbito termo a seus dias, e seus anos tiveram repentino fim. 34 Quando os feria, eles o procuravam, e de novo se voltavam para Deus. 35 E se lembravam que Deus era o seu rochedo, e que o Altíssimo lhes era o salvador. 36 Mas suas palavras enganavam, e lhe mentiam com a sua língua. 37 Seus corações não falavam com franqueza, não eram fiéis à sua aliança. 38 Mas ele, por compaixão, perdoava-lhes a falta e não os exterminava. Muitas vezes reteve sua cólera, não se entregando a todo o seu furor. 39 Sabendo que eles eram simples carne, um sopro só, que passa sem voltar. 40 Quantas vezes no deserto o provocaram, e na solidão o afligiram! 41 Recomeçaram a tentar a Deus, a exasperar o Santo de Israel. 42 Esqueceram a obra de suas mãos, no dia em que os livrou do adversário, 43 quando operou seus prodígios no Egito e maravilhas nas planícies de Tânis; 44 quando converteu seus rios em sangue, a fim de impedi-los de beber de suas águas; 45 quando enviou moscas para os devorar e rãs que os infestaram; 46 quando entregou suas colheitas aos pulgões, e aos gafanhotos o fruto de seu trabalho; 47 quando arrasou suas vinhas com o granizo, e suas figueiras com a geada; 48 quando extinguiu seu gado com saraivadas, e seus rebanhos pelos raios; 49 quando descarregou o ardor de sua cólera, indignação, furor, tribulação, um esquadrão de anjos da desgraça. 50 Deu livre curso à sua cólera; longe de preservá-los da morte, ele entregou à peste os seres vivos. 51 Matou os primogênitos no Egito, os primeiros partos nas habitações de Cam, 52 enquanto retirou seu povo como ovelhas, e o fez atravessar o deserto como rebanho. 53 Conduziu-o com firmeza sem nada ter que temer, enquanto aos inimigos os submergiu no mar. 54 Ele os levou para uma terra santa, até os montes que sua destra conquistou. 55 Ele expulsou nações diante deles, distribuiu-lhes as terras como herança, fez habitar em suas tendas as tribos de Israel. 56 Mas ainda tentaram a Deus e provocaram o Altíssimo, e não observaram os seus preceitos. 57 Transviaram-se e prevaricaram como seus pais, erraram o alvo, como um arco mal entesado. 58 Provocaram-lhe a ira com seus lugares altos, e inflamaram-lhe o zelo com seus ídolos. 59 À vista disso Deus se encolerizou e rejeitou Israel severamente. 60 Abandonou o santuário de Silo, tabernáculo onde habitara entre os homens. 61 Deixou conduzir cativa a arca de sua força, permitiu que a arca de sua glória caísse em mãos inimigas. 62 Abandonou seu povo à espada, e se irritou contra a sua herança. 63 O fogo devorou sua juventude, suas filhas não encontraram desponsório. 64 Seus sacerdotes pereceram pelo gládio, e as viúvas não choraram mais seus mortos. 65 Então, o Senhor despertou como de um sono, como se fosse um guerreiro dominado pelo vinho. 66 E feriu pelas costas os inimigos, infligindo-lhes eterna igomínia. 67 Rejeitou o tabernáculo de José, e repeliu a tribo de Efraim. 68 Mas escolheu a de Judá e o monte Sião, monte de predileção. 69 Construiu seu santuário, qual um céu, estável como a terra, firmada para sempre. 70 Escolhendo a Davi, seu servo, e o tomando dos apriscos das ovelhas. 71 Chamou-o do cuidado das ovelhas e suas crias, para apascentar o rebanho de Jacó, seu povo, e de Israel, sua herança. 72 Davi foi para eles um pastor reto de coração, que os dirigiu com mão prudente.

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1 Salmo de Asaf. Senhor, povos infiéis invadiram a vossa herança, profanaram o vosso santo templo. De Jerusalém fizeram um montão de ruínas. 2 Os corpos de vossos servos expuseram como pasto às aves, e os de vossos fiéis às feras da terra. 3 Rios de sangue fizeram correr em torno de Jerusalém, e nem sequer havia quem os sepultasse. 4 Tornamo-nos, para nossos vizinhos, objetos de desprezo, de escárnio e zombaria para os povos que nos cercam. 5 Até quando, Senhor?... Será eterna vossa cólera? Será como um braseiro ardente o vosso zelo? 6 Desferi, antes, vossa ira sobre as nações que não vos conhecem, e sobre os reinos que não invocam o vosso nome, 7 pois Jacó foi por eles devorado e devastaram a sua habitação. 8 De nossos antepassados esqueçais as culpas; vossa misericórdia venha logo ao nosso encontro, porque estamos reduzidos a extrema miséria. 9 Ajudai-nos, ó Deus salvador, pela glória de vosso nome; livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados pelo amor de vosso nome. 10 Por que hão de dizer as nações pagãs: Onde está o seu Deus? Mostrai-lhes, a esses pagãos, diante de nossos olhos, que pedireis conta do sangue de vossos fiéis, por eles derramado. 11 Cheguem até vós os gemidos dos cativos: livrai, por vosso braço, os condenados à pena de morte. 12 Sobre as cabeças dos nossos vizinhos recaiam, sete vezes, as injúrias com que vos ultrajaram, Senhor. 13 Quanto a nós, vosso povo e ovelhas de vosso rebanho, glorificaremos a vós perpetuamente; de geração em geração cantaremos os vossos louvores.

79

1 Ao mestre de canto. Conforme: A lei é como os lírios. Salmo de Asaf. 2 Escutai, ó pastor de Israel, vós que levais José como um rebanho. 3 Vós que assentais acima dos querubins, mostrai vosso esplendor em presença de Efraim, Benjamim e Manassés. Despertai vosso poder, e vinde salvar-nos. 4 Restaurai-nos, ó Senhor; mostrai-nos serena a vossa face e seremos salvos. 5 Ó Deus dos exércitos, até quando vos irritareis contra o vosso povo em oração? 6 Vós o nutristes com o pão das lágrimas, e o fizestes sorver um copioso pranto. 7 Vós nos tornastes uma presa disputada dos vizinhos: os inimigos zombam de nós. 8 Restaurai-nos, ó Deus dos exércitos; mostrai-nos serena a vossa face e seremos salvos. 9 Uma vinha do Egito vós arrancastes; expulsastes povos para a replantar. 10 O solo vós lhes preparastes; ela lançou raízes nele e se espalhou na terra. 11 As montanhas se cobriram com sua sombra, seus ramos ensombraram os cedros de Deus. 12 Até o mar ela estendeu sua ramagem, e até o rio os seus rebentos. 13 Por que derrubastes os seus muros, de sorte que os passantes a vindimem, 14 e a devaste o javali do mato, e sirva de pasto aos animais do campo? 15 Voltai, ó Deus dos exércitos; olhai do alto céu, vede e vinde visitar a vinha. 16 Protegei este cepo por vós plantado, este rebento que vossa mão cuidou. 17 Aqueles que a queimaram e cortaram pereçam em vossa presença ameaçadora. 18 Estendei a mão sobre o homem que escolhestes, sobre o homem que haveis fortificado. 19 E não mais de vós nos apartaremos; conservai-nos a vida e então vos louvaremos. 20 Restaurai-nos, Senhor, ó Deus dos exércitos; mostrai-nos serena a vossa face e seremos salvos.

80

1 Ao mestre de canto. Com a Gitiena. Salmo de Asaf. 2 Exultai em Deus, nosso protetor, aclamai o Deus de Jacó. 3 Tocai o saltério, vibrai os tímbales, tangei a melodiosa harpa e a lira. 4 Ressoai a trombeta na lua nova, na lua cheia, dia de grande festa, 5 porque é uma instituição para Israel, um preceito do Deus de Jacó; 6 uma lei que foi imposta a José, quando ele entrou em luta com o Egito. Eis que ouviu uma língua desconhecida: 7 Aliviei os seus ombros de fardos, já não carregam cestos as suas mãos, 8 na tribulação gritaste para mim e te livrei; da nuvem que troveja eu respondi, junto às águas de Meribá eu te provei. 9 Escuta, ó povo, a minha advertência: Possas tu me ouvir, ó Israel! 10 Não haja em teu meio um deus estranho; nem adores jamais o deus de outro povo. 11 Sou eu, o Senhor, teu Deus, eu que te retirei do Egito; basta abrires a boca e te satisfarei. 12 No entanto, meu povo não ouviu a minha voz, Israel não me quis obedecer. 13 Por isso, os abandonei à dureza de seus corações. Deixei-os que seguissem seus caprichos. 14 Oh, se meu povo me tivesse ouvido, se Israel andasse em meus caminhos! 15 Eu teria logo derrotado seus inimigos, e desceria minha mão contra seus adversários. 16 Os inimigos do Senhor lhes renderiam homenagens, estaria assegurado, para sempre, o destino do meu povo. 17 Eu o teria alimentado com a flor do trigo, e com o mel do rochedo o fartaria.

81

1 Salmo de Asaf. Levanta-se Deus na assembléia divina, entre os deuses profere o seu julgamento. 2 Até quando julgareis iniquamente, favorecendo a causa dos ímpios? 3 Defendei o oprimido e o órfão, fazei justiça ao humilde e ao pobre, 4 livrai o oprimido e o necessitado, tirai-o das garras dos ímpios. 5 Eles não querem saber nem compreender, andam nas trevas, vacilam os fundamentos da terra. 6 Eu disse: Sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo. 7 Contudo, morrereis como simples homens e, como qualquer príncipe, caireis. 8 Levantai-vos, Senhor, para julgar a terra, porque são vossas todas as nações.

82

1 Cântico. Salmo de Asaf 2 Senhor, não fiqueis silencioso, não permaneçais surdo, nem insensível, ó Deus. 3 Porque eis que se tumultuam vossos inimigos, levantam a cabeça aqueles que vos odeiam. 4 Urdem tramas para o vosso povo, conspiram contra vossos protegidos. 5 Vinde, dizem eles, exterminemo-lo dentre os povos, desapareça a própria lembrança do nome de Israel. 6 Com efeito, eles conspiram de comum acordo e contra vós fazem coalizão: 7 os nômades de Edom e os ismaelitas, Moab e os agarenos, 8 Gebal, Amon e Amalec, a Filistéia com as gentes de Tiro. 9 Também os assírios a eles se uniram, e aos filhos de Lot ofereceram a sua força. 10 Tratai-os como Madiã e Sísara, e Jabin junto à torrente de Cison! 11 Eles pereceram todos em Endor e serviram de adubo para a terra. 12 Tratai seus chefes como Oreb e Zeb; como Zebéia e Sálmana, seus príncipes, 13 que disseram: Tomemos posse das terras onde Deus reside. 14 Ó meu Deus, fazei deles como folhas que o turbilhão revolve, como a palha carregada pelo vento, 15 Como o fogo que devora a mata, como a labareda que incendeia os montes; 16 Persegui-os com a vossa tempestade, apavorai-os com o vosso furacão. 17 Cobri-lhes a face da ignomínia, para que, vencidos, busquem, Senhor, o vosso nome. 18 Enchei-os de vergonha e de humilhação eternas, que eles pereçam confundidos. 19 E que reconheçam que só vós, cujo nome é Senhor, sois o Altíssimo sobre toda a terra.

83

1 Ao mestre de canto. Com a Gitiena. Salmo dos filhos de Coré. 2 Como são amáveis as vossas moradas, Senhor dos exércitos! 3 Minha alma desfalecida se consome suspirando pelos átrios do Senhor. Meu coração e minha carne exultam pelo Deus vivo. 4 Até o pássaro encontra um abrigo, e a andorinha faz um ninho para pôr seus filhos. Ah, vossos altares, Senhor dos exércitos, meu rei e meu Deus! 5 Felizes os que habitam em vossa casa, Senhor: aí eles vos louvam para sempre. 6 Feliz o homem cujo socorro está em vós, e só pensa em vossa santa peregrinação. 7 Quando atravessam o vale árido, eles o transformam em fontes, e a chuva do outono vem cobri-los de bênçãos. 8 Seu vigor aumenta à medida que avançam, porque logo verão o Deus dos deuses em Sião. 9 Senhor dos exércitos, escutai minha oração, prestai-me ouvidos, ó Deus de Jacó. 10 Ó Deus, nosso escudo, olhai; vede a face daquele que vos é consagrado. 11 Verdadeiramente, um dia em vossos átrios vale mais que milhares fora deles. Prefiro deter-me no limiar da casa de meu Deus a morar nas tendas dos pecadores. 12 Porque o Senhor Deus é nosso sol e nosso escudo, o Senhor dá a graça e a glória. Ele não recusa os seus bens àqueles que caminham na inocência. 13 Ó Senhor dos exércitos, feliz o homem que em vós confia.

84

1 Ao mestre de canto. Salmo dos filhos de Coré. 2 Fostes propício, Senhor, à vossa terra; restabelecestes a sorte de Jacó. 3 A iniqüidade de vosso povo perdoastes, foram por vós cobertos seus pecados. 4 Aplacastes toda a vossa cólera, refreastes o furor de vossa ira. 5 Restaurai-nos, ó Deus, nosso salvador, ponde termo à indignação que tínheis contra nós. 6 Acaso será eterna contra nós a vossa cólera? Estendereis vossa ira sobre todas as gerações? 7 Não nos restituireis a vida, para que vosso povo se rejubile em vós? 8 Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia, e dai-nos a vossa salvação. 9 Escutarei o que diz o Senhor Deus, porque ele diz palavras de paz ao seu povo, para seus fiéis, e àqueles cujos corações se voltam para ele. 10 Sim, sua salvação está bem perto dos que o temem, de sorte que sua glória retornará à nossa terra. 11 A bondade e a fidelidade outra vez se irão unir, a justiça e a paz de novo se darão as mãos. 12 A verdade brotará da terra, e a justiça olhará do alto do céu. 13 Enfim, o Senhor nos dará seus benefícios, e nossa terra produzirá seu fruto. 14 A justiça caminhará diante dele, e a felicidade lhe seguirá os passos.

85

1 Oração de Davi. Inclinai, Senhor, vossos ouvidos e atendei-me, porque sou pobre e miserável. 2 Protegei minha alma, pois vos sou fiel; salvai o servidor que em vós confia. Vós sois meu Deus; 3 tende compaixão de mim, Senhor, pois a vós eu clamo sem cessar. 4 Consolai o coração de vosso servo, porque é para vós, Senhor, que eu elevo minha alma. 5 Porquanto vós sois, Senhor, clemente e bom, cheio de misericórdia para quantos vos invocam. 6 Escutai, Senhor, a minha oração; atendei à minha suplicante voz. 7 Neste dia de angústia é para vós que eu clamo, porque vós me atendereis. 8 Não há entre os deuses um que se vos compare, Senhor; não existe obra semelhante à vossa. 9 Todas as nações que criastes virão adorar-vos, e glorificar o vosso nome, ó Senhor. 10 Porque vós sois grande e operais maravilhas, só vós sois Deus. 11 Ensinai-me vosso caminho, Senhor, para que eu ande na vossa verdade. Dirigi meu coração para que eu tema o vosso nome. 12 De todo o coração eu vos louvarei, ó Senhor, meu Deus, e glorificarei o vosso nome eternamente. 13 Porque vossa misericórdia foi grande para comigo, arrancastes minha alma das profundezas da região dos mortos. 14 Ó Deus, os soberbos se levantaram contra mim, uma turba de prepotentes odeia a minha vida, eles que nem vos têm presente antes os olhos. 15 Mas vós, Senhor, sois um Deus bondoso e compassivo; lento para a ira, cheio de clemência e fidelidade. 16 Olhai-me e tende piedade de mim, dai ao vosso servo a vossa força, salvai o filho de vossa escrava. 17 Dai-me uma prova de vosso favor, a fim de que verifiquem meus inimigos, para sua confusão, que sois vós, Senhor, meu sustento e meu consolo.

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1 Salmo dos filhos de Coré. Cântico. 2 O Senhor ama a cidade que fundou nos montes santos; ele prefere as portas de Sião às tendas de Jacó. 3 De ti se anuncia um glorioso destino, ó cidade de Deus. 4 Ajuntarei Raab e Babilônia aos que me honram; eis a Filistéia e Tiro com a Etiópia, lá todos nasceram. 5 Dir-se-á de Sião: Um por um, todos esses homens nela nasceram; foi o próprio Altíssimo quem a fundou. 6 O Senhor inscreverá então no registro dos povos: Aquele também nasceu em Sião. 7 E cantarão entre danças: Todas as minhas fontes se acham em ti.

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1 Cântico. Salmo dos filhos de Coré. Ao mestre de canto. Em melodia triste. Poema de Hemã, ezraíta. 2 Senhor, meu Deus, de dia clamo a vós, e de noite vos dirijo o meu lamento. 3 Chegue até vós a minha prece, inclinai vossos ouvidos à minha súplica. 4 Minha alma está saturada de males, e próxima da região dos mortos a minha vida. 5 Já sou contado entre os que descem à tumba, tal qual um homem inválido e sem forças. 6 Meu leito se encontra entre os cadáveres, como o dos mortos que jazem no sepulcro, dos quais vós já não vos lembrais, e não vos causam mais cuidados. 7 Vós me lançastes em profunda fossa, nas trevas de um abismo. 8 Sobre mim pesa a vossa indignação, vós me oprimis com o peso das vossas ondas. 9 Afastastes de mim os meus amigos, objeto de horror me tornastes para eles; estou aprisionado sem poder sair, 10 meus olhos se consomem de aflição. Todos os dias eu clamo para vós, Senhor; estendo para vós as minhas mãos. 11 Será que fareis milagres pelos mortos? Ressurgirão eles para vos louvar? 12 Acaso vossa bondade é exaltada no sepulcro, ou vossa fidelidade na região dos mortos? 13 Serão nas trevas manifestadas as vossas maravilhas, e vossa bondade na terra do esquecimento? 14 Eu, porém, Senhor, vos rogo, desde a aurora a vós se eleva a minha prece. 15 Por que, Senhor, repelis a minha alma? Por que me ocultais a vossa face? 16 Sou miserável e desde jovem agonizo, o peso de vossos castigos me abateu. 17 Sobre mim tombaram vossas iras, vossos temores me aniquilaram. 18 Circundam-me como vagas que se renovam sempre, e todas, juntas, me assaltam. 19 Afastastes de mim amigo e companheiro; só as trevas me fazem companhia...

88

1 Hino de Etã, ezraíta. 2 Cantarei, eternamente, as bondades do Senhor; minha boca publicará sua fidelidade de geração em geração. 3 Com efeito, vós dissestes: A bondade é um edifício eterno. Vossa fidelidade firmastes no céu. 4 Concluí, dizeis vós, uma aliança com o meu eleito; liguei-me por juramento a Davi, meu servo. 5 Conservarei tua linhagem para sempre, manterei teu trono em todas as gerações. 6 Senhor, os céus celebram as vossas maravilhosas obras, e na assembléia dos anjos a vossas fidelidade. 7 Quem poderá, nas nuvens, igualar-se a Deus? Quem é semelhante ao Senhor entre os filhos de Deus? 8 Terrível é Deus na assembléia dos santos, maior e mais tremendo que todos os que o cercam. 9 Quem se compara a vós, Senhor, Deus dos exércitos? Sois forte, Senhor, e cheio de fidelidade. 10 Dominais o orgulho do mar, amainais suas ondas revoltas. 11 Calcastes Raab e o transportastes; com poderoso braço dispersastes vossos inimigos. 12 Vossos são os céus e também a terra, vós que criastes o globo e tudo o que ele contém. 13 O norte e o sul vós os fizestes; Tabor e Hermon em vosso nome exultam. 14 Tendes o poder em vosso braço, a firmeza na mão, a autoridade em vossa destra. 15 A justiça e o direito são o fundamento de vosso trono, a bondade e a fidelidade vos precedem. 16 Feliz o povo que vos sabe louvar: caminha na luz de vossa face, Senhor. 17 Vosso nome lhe é causa de contínua alegria, pela vossa justiça ele se glorifica, 18 porque sois o esplendor de sua força, e é vosso favor que nos faz erguer a cabeça, 19 pois no Senhor está o nosso escudo, e nosso rei no Santo de Israel. 20 Outrora, em visão, falastes aos vossos santos e dissestes-lhes: Impus a coroa a um herói, escolhi meu eleito dentre o povo. 21 Encontrei Davi, meu servidor, e o sagrei com a minha santa unção. 22 Assistir-lhe-á sempre a minha mão, e meu braço o fortalecerá. 23 Não o há de surpreender o inimigo, nem ousará oprimi-lo o malvado. 24 Sob seus olhos esmagarei os seus contrários, serão feridos aqueles que o odeiam. 25 Com ele ficarão minha fidelidade e bondade, pelo meu nome crescerá o seu poder. 26 Estenderei a sua mão por sobre o mar, e a sua destra acima dos rios. 27 Ele me invocará: Vós sois meu Pai, vós sois meu Deus e meu rochedo protetor. 28 Por isso eu o constituirei meu primogênito, o mais excelso dentre todos os reis da terra. 29 Assegurado lhe estará o favor eterno, e indissolúvel será meu pacto com ele. 30 Dar-lhe-ei uma perpétua descendência, seu trono terá a duração dos céus. 31 Se, porém, seus filhos abandonarem minha lei, se não observarem os meus preceitos, 32 se violarem as minhas prescrições e não obedecerem às minhas ordens, 33 eu punirei com vara a sua transgressão, e a sua falta castigarei com açoite. 34 Mas não lhe retirarei o meu favor e não trairei minha promessa. 35 não violarei minha aliança, não mudarei minha palavra dada. 36 Jurei uma vez por todas pela minha santidade: a Davi não faltarei jamais. 37 Sua posteridade permanecerá eternamente, e seu trono, como o sol, subsistirá diante de mim, 38 como a lua que existirá sem fim, e o arco-íris, fiel testemunha nos céus. 39 E, contudo, vós o repelistes e rejeitastes, gravemente vos irritastes contra aquele que vos é consagrado. 40 Rompestes a aliança feita com o vosso servidor, lançastes por terra sua coroa, 41 derrubastes todos os seus muros, arruinastes as suas fortalezas. 42 Saquearam-no todos os transeuntes, e o escarneceram os seus vizinhos. 43 A mão de seus inimigos exaltastes, de gozo enchestes todos os seus contrários. 44 Embotastes o fio de sua espada, não o sustentastes na batalha. 45 Fizestes terminar seu esplendor, por terra derrubastes o seu trono. 46 Abreviastes a sua adolescência, e de ignomínia o cobristes. 47 Até quando, Senhor? Até quando continuareis escondido? Até quando estará acesa a vossa cólera? 48 Lembrai-vos como é curta a nossa vida, quão efêmeros os homens que criastes. 49 Qual é o vivo que se livra da morte, ou pode subtrair a sua alma ao poder da morada dos mortos? 50 Vossas bondades de outrora, ó Senhor, onde estão? E os juramentos que a Davi fizestes de fidelidade? 51 Considerai, Senhor, a vergonha imposta aos vossos servidores. Levo em meu seio ultrajes das nações pagãs, 52 insultos de vossos inimigos, Senhor, injúrias que lançam até nos passos daquele que vos é consagrado. 53 Bendito seja o Senhor eternamente! Amém! Amém!

89

1 Prece de Moisés, homem de Deus. Senhor, fostes nosso refúgio de geração em geração. 2 Antes que se formassem as montanhas, a terra e o universo, desde toda a eternidade vós sois Deus. 3 Reduzis o homem à poeira, e dizeis: Filhos dos homens, retornai ao pó, 4 porque mil anos, diante de vós, são como o dia de ontem que já passou, como uma só vigília da noite. 5 Vós os arrebatais: eles são como um sonho da manhã, como a erva virente, 6 que viceja e floresce de manhã, mas que à tarde é cortada e seca. 7 Sim, somos consumidos pela vossa severidade, e acabrunhados pela vossa cólera. 8 Colocastes diante de vós as nossas culpas, e nossos pecados ocultos à vista de vossos olhos. 9 Ante a vossa ira, passaram todos os nossos dias. Nossos anos se dissiparam como um sopro. 10 Setenta anos é o total de nossa vida, os mais fortes chegam aos oitenta. A maior parte deles, sofrimento e vaidade, porque o tempo passa depressa e desaparecemos. 11 Quem avalia a força de vossa cólera, e mede a vossa ira com o temor que vos é devido? 12 Ensinai-nos a bem contar os nossos dias, para alcançarmos o saber do coração. 13 Voltai-vos, Senhor - quanto tempo tardareis? E sede propício a vossos servos. 14 Cumulai-vos desde a manhã com as vossas misericórdias, para exultarmos alegres em toda a nossa vida. 15 Consolai-nos tantos dias quantos nos afligistes, tantos anos quantos nós sofremos. 16 Manifestai vossa obra aos vossos servidores, e a vossa glória aos seus filhos. 17 Que o beneplácito do Senhor, nosso Deus, repouse sobre nós. Favorecei as obras de nossas mãos. Sim, fazei prosperar o trabalho de nossas mãos.

90

1 Tu que habitas sob a proteção do Altíssimo, que moras à sombra do Onipotente, 2 dize ao Senhor: Sois meu refúgio e minha cidadela, meu Deus, em que eu confio. 3 É ele quem te livrará do laço do caçador, e da peste perniciosa. 4 Ele te cobrirá com suas plumas, sob suas asas encontrarás refúgio. Sua fidelidade te será um escudo de proteção. 5 Tu não temerás os terrores noturnos, nem a flecha que voa à luz do dia, 6 nem a peste que se propaga nas trevas, nem o mal que grassa ao meio-dia. 7 Caiam mil homens à tua esquerda e dez mil à tua direita, tu não serás atingido. 8 Porém verás com teus próprios olhos, contemplarás o castigo dos pecadores, 9 porque o Senhor é teu refúgio. Escolheste, por asilo, o Altíssimo. 10 Nenhum mal te atingirá, nenhum flagelo chegará à tua tenda, 11 porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos. 12 Eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra. 13 Sobre serpente e víbora andarás, calcarás aos pés o leão e o dragão. 14 Pois que se uniu a mim, eu o livrarei; e o protegerei, pois conhece o meu nome. 15 Quando me invocar, eu o atenderei; na tribulação estarei com ele. Hei de livrá-lo e o cobrirei de glória. 16 Será favorecido de longos dias, e mostrar-lhe-ei a minha salvação.

91

1 Salmo. Cântico para o dia de sábado. 2 É bom louvar ao Senhor e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo; 3 proclamar, de manhã, a vossa misericórdia, e, durante a noite, a vossa fidelidade, 4 com a harpa de dez cordas e com a lira, com cânticos ao som da cítara, 5 pois vós me alegrais, Senhor, com vossos feitos; exulto com as obras de vossas mãos. 6 Senhor, estupendas são as vossas obras! E quão profundos os vossos desígnios! 7 Não compreende estas coisas o insensato, nem as percebe o néscio. 8 Ainda que floresçam os ímpios como a relva, e floresçam os que praticam a maldade, eles estão à perda eterna destinados. 9 Vós, porém, Senhor, sois o Altíssimo por toda a eternidade. 10 Eis que vossos inimigos, Senhor, vossos inimigos hão de perecer, serão dispersados todos os artesãos do mal. 11 Exaltastes a minha cabeça como a do búfalo, e com óleo puríssimo me ungistes. 12 Meus olhos vêem os inimigos com desprezo, e meus ouvidos ouvem com prazer o que aconteceu aos que praticam o mal. 13 Como a palmeira, florescerão os justos, elevar-se-ão como o cedro do Líbano. 14 Plantados na casa do Senhor, nos átrios de nosso Deus hão de florir. 15 Até na velhice eles darão frutos, continuarão cheios de seiva e verdejantes, 16 para anunciarem quão justo é o Senhor, meu rochedo, e como não há nele injustiça.

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1 O Senhor é rei e se revestiu de majestade, ele se cingiu com um cinto de poder. A terra, que com firmeza ele estabeleceu, não será abalada. 2 Desde toda a eternidade vosso trono é firme e vós, vós desde sempre existis. 3 Elevam os rios, Senhor, elevam os rios a sua voz, e fazem eclodir o fragor de suas ondas. 4 Porém, mais poderoso que a voz das grandes águas, mais poderoso que os vagalhões do mar, mais poderoso é o Senhor nas alturas do céu. 5 Vossas promessas são sempre dignas de fé, e a vossa casa, Senhor, é santa na duração dos séculos.

93

1 Senhor, Deus justiceiro, Deus das vinganças, aparecei em vosso esplendor. 2 Levantai-vos, juiz da terra, castigai os soberbos como eles merecem. 3 Até quando, Senhor, triunfarão os ímpios? 4 Até quando se desmandarão em discursos arrogantes, e jactanciosos estarão esses obreiros do mal? 5 Eles esmagam o povo, Senhor, e oprimem vossa herança. 6 Trucidam a viúva e o estrangeiro, tiram a vida aos órfãos. 7 E dizem: O Senhor não vê, o Deus de Jacó não presta atenção nisso! 8 Tratai de compreender, ó gente estulta. Insensatos, quando cobrareis juízo? 9 Pois não ouvirá quem fez o ouvido? O que formou o olho não verá? 10 Aquele que dá lições aos povos não há de punir, ele que ensina ao homem o saber... 11 O Senhor conhece os pensamentos dos homens, e sabe que são vãos. 12 Feliz o homem a quem ensinais, Senhor, e instruís em vossa lei, 13 para lhe dar a paz no dia do infortúnio, enquanto uma cova se abre para o ímpio, 14 porque o Senhor não rejeitará o seu povo, e não há de abandonar a sua herança. 15 Mas o julgamento com justiça se fará, e a seguirão os retos de coração. 16 Quem se erguerá por mim contra os malfeitores? Quem será meu defensor contra os artesãos do mal? 17 Se o Senhor não me socorresse, em breve a minha alma habitaria a região do silêncio. 18 Quando penso: Vacilam-me os pés, sustenta-me, Senhor, a vossa graça. 19 Quando em meu coração se multiplicam as angústias, vossas consolações alegram a minha alma. 20 Acaso poderá aliar-se a vós um tribunal iníquo, que pratica vexames sob a aparência de lei? 21 Atentam contra a alma do justo, e condenam o sangue inocente. 22 Mas o Senhor certamente será o meu refúgio, e meu Deus o rochedo em que me abrigo. 23 Ele fará recair sobre eles suas próprias maldades, ele os fará perecer por sua própria malícia. O Senhor, nosso Deus, os destruirá.

94

1 Vinde, manifestemos nossa alegria ao Senhor, aclamemos o Rochedo de nossa salvação; 2 apresentemo-nos diante dele com louvores, e cantemos-lhe alegres cânticos, 3 porque o Senhor é um Deus imenso, um rei que ultrapassa todos os deuses; 4 nas suas mãos estão as profundezas da terra, e os cumes das montanhas lhe pertencem. 5 Dele é o mar, ele o criou; assim como a terra firme, obra de suas mãos. 6 Vinde, inclinemo-nos em adoração, de joelhos diante do Senhor que nos criou. 7 Ele é nosso Deus; nós somos o povo de que ele é o pastor, as ovelhas que as suas mãos conduzem. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: 8 Não vos torneis endurecidos como em Meribá, como no dia de Massá no deserto, 9 onde vossos pais me provocaram e me tentaram, apesar de terem visto as minhas obras. 10 Durante quarenta anos desgostou-me aquela geração, e eu disse: É um povo de coração desviado, que não conhece os meus desígnios. 11 Por isso, jurei na minha cólera: Não hão de entrar no lugar do meu repouso.

95

1 Cantai ao Senhor um cântico novo. Cantai ao Senhor, terra inteira. 2 Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome, anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe. 3 Proclamai às nações a sua glória, a todos os povos as suas maravilhas. 4 Porque o Senhor é grande e digno de todo o louvor, o único temível de todos os deuses. 5 Porque os deuses dos pagãos, sejam quais forem, não passam de ídolos. Mas foi o Senhor quem criou os céus. 6 Em seu semblante, a majestade e a beleza; em seu santuário, o poder e o esplendor. 7 Tributai ao Senhor, famílias dos povos, tributai ao Senhor a glória e a honra, 8 tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome. Trazei oferendas e entrai nos seus átrios. 9 Adorai o Senhor, com ornamentos sagrados. Diante dele estremece a terra inteira. 10 Dizei às nações: O Senhor é rei. E (a terra) não vacila, porque ele a sustém. Governa os povos com justiça. 11 Alegrem-se os céus e exulte a terra, retumbe o oceano e o que ele contém, 12 regozijem-se os campos e tudo o que existe neles. Jubilem todas as árvores das florestas 13 com a presença do Senhor, que vem, pois ele vem para governar a terra: julgará o mundo com justiça, e os povos segundo a sua verdade.

96

1 O Senhor reina! Que a terra exulte de alegria, que se rejubile a multidão das ilhas. 2 Está envolvido em escura nuvem, seu trono tem por fundamento a justiça e o direito. 3 Ele é precedido por um fogo que devora em redor os inimigos. 4 Seus relâmpagos iluminam o mundo, a terra estremece ao vê-los. 5 Na presença do Senhor, fundem-se as montanhas como a cera, em presença do Senhor de toda a terra. 6 Os céus anunciam a sua justiça e todos os povos contemplam a sua glória. 7 São confundidos os que adoram estátuas e se gloriam em seus ídolos; pois os deuses se prostram diante do Senhor. 8 Ouve e se alegra Sião, exultam as cidades de Judá por causa de vossos juízos, Senhor. 9 Porque vós, Senhor, sois o soberano de toda a terra, vós sois o Altíssimo entre todos os deuses. 10 O Senhor ama os que detestam o mal, ele vela pelas almas de seus servos e os livra das mãos dos ímpios. 11 A luz resplandece para o justo, e a alegria é concedida ao homem de coração reto. 12 Alegrai-vos, ó justo, no Senhor, e dai glória ao seu santo nome.

97

1 Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele operou maravilhas. Sua mão e seu santo braço lhe deram a vitória. 2 O Senhor fez conhecer a sua salvação. Manifestou sua justiça à face dos povos. 3 Lembrou-se de sua bondade e de sua fidelidade em favor da casa de Israel. Os confins da terra puderam ver a salvação de nosso Deus. 4 Aclamai o Senhor, povos todos da terra; regozijai-vos, alegrai-vos e cantai. 5 Salmodiai ao Senhor com a cítara, ao som do saltério e com a lira. 6 Com a tuba e a trombeta elevai aclamações na presença do Senhor rei. 7 Estruja o mar e tudo o que contém, o globo inteiro e os que nele habitam. 8 Que os rios aplaudam, que as montanhas exultem em brados de alegria 9 diante do Senhor que chega, porque ele vem para governar a terra. Ele governará a terra com justiça, e os povos com eqüidade.

98

1 O Senhor reina, tremem os povos; seu trono está sobre os querubins: vacila a terra. 2 Grande é o Senhor em Sião, elevado acima de todos os povos. 3 Seja celebrado vosso grande e temível nome, porque ele é Santo. 4 Reina o Rei poderoso que ama a justiça; sois vós que estabeleceis o que é reto, sois vos que exerceis em Jacó o direito e a justiça. 5 Exaltai ao Senhor, nosso Deus, e prostrai-vos ante o escabelo de seus pés, porque ele é Santo. 6 Entre seus sacerdotes estavam Moisés e Aarão, e Samuel um dos que invocaram o seu nome: clamavam ao Senhor, que os atendia. 7 Falava-lhes na coluna de nuvem, eles guardavam os seus preceitos e a lei que lhes havia dado. 8 Senhor, nosso Deus, vós os ouvistes, fostes para eles um Deus propício, ainda quando puníeis as suas injustiças. 9 Exaltai ao Senhor, nosso Deus, e prostrai-vos ante sua montanha santa, porque santo é o Senhor, nosso Deus.

99

1 Salmo de ação de graças. Aclamai o Senhor, por toda a terra. 2 Servi o Senhor com alegria. Vinde, entrai exultantes em sua presença. 3 Sabei que o Senhor é Deus: ele nos fez, e a ele pertencemos. Somos o seu povo e as ovelhas de seu rebanho. 4 Entrai cantando sob seus pórticos, vinde aos seus átrios com cânticos; glorificai-o e bendizei o seu nome, 5 porque o Senhor é bom, sua misericórdia é eterna e sua fidelidade se estende de geração em geração.

100

1 Salmo de Davi. Cantarei a bondade e a justiça. A vós, Senhor, salmodiarei. 2 Pelo caminho reto quero seguir. Oh, quando vireis a mim? Caminharei na inocência de coração, no seio de minha família. 3 Não proporei ante meus olhos nenhum pensamento culpável. Terei horror àquele que pratica o mal, não será ele meu amigo. 4 Estará sempre longe de mim o coração perverso, não quero conhecer o mal. 5 Exterminarei o que em segredo caluniar seu próximo. Não suportarei homem arrogante e de coração vaidoso. 6 Meus olhos se voltarão para os fiéis da terra, para fazê-los habitar comigo. Será meu servo o homem que segue o caminho reto. 7 O fraudulento não há de morar jamais em minha casa. Não subsistirá o mentiroso ante meus olhos. 8 Todos os dias extirparei da terra os ímpios, banindo da cidade do Senhor os que praticam o mal.

101

1 Prece de um aflito que desabafa sua angústia diante do Senhor. 2 Senhor, ouvi a minha oração, e chegue até vós o meu clamor. 3 Não oculteis de mim a vossa face no dia de minha angústia. Inclinai para mim o vosso ouvido. Quando vos invocar, acudi-me prontamente, 4 porque meus dias se dissipam como a fumaça, e como um tição consomem-se os meus ossos. 5 Queimando como erva, meu coração murcha, até me esqueço de comer meu pão. 6 A violência de meus gemidos faz com que se me peguem à pele os ossos. 7 Assemelho-me ao pelicano do deserto, sou como a coruja nas ruínas. 8 Perdi o sono e gemo, como pássaro solitário no telhado. 9 Insultam-me continuamente os inimigos, em seu furor me atiram imprecações. 10 Como cinza do mesmo modo que pão, lágrimas se misturam à minha bebida, 11 devido à vossa cólera indignada, pois me tomastes para me lançar ao longe. 12 Os meus dias se esvaecem como a sombra da noite e me vou murchando como a relva. 13 Vós, porém, Senhor, sois eterno, e vosso nome subsiste em todas as gerações. 14 Levantai-vos, pois, e sede propício a Sião; é tempo de compadecer-vos dela, chegou a hora... 15 porque vossos servos têm amor aos seus escombros e se condoem de suas ruínas. 16 E as nações pagãs reverenciarão o vosso nome, Senhor, e os reis da terra prestarão homenagens à vossa glória. 17 Quando o Senhor tiver reconstruído Sião, e aparecido em sua glória, 18 quando ele aceitar a oração dos desvalidos e não mais rejeitar as suas súplicas, 19 escrevam-se estes fatos para a geração futura, e louve o Senhor o povo que há de vir, 20 porque o Senhor olhou do alto de seu santuário, do céu ele contemplou a terra; 21 para escutar os gemidos dos cativos, para livrar da morte os condenados; 22 para que seja aclamado em Sião o nome do Senhor, e em Jerusalém o seu louvor, 23 no dia em que se hão de reunir os povos, e os reinos para servir o Senhor. 24 Deus esgotou-me as forças no meio do caminho, abreviou-me os dias. 25 Meu Deus, peço, não me leveis no meio da minha vida, vós cujos anos são eternos. 26 No começo criastes a terra, e o céu é obra de vossas mãos. 27 Um e outro passarão, enquanto vós ficareis. Tudo se acaba pelo uso como um traje. Como uma veste, vós os substituís e eles hão de sumir. 28 Mas vós permaneceis o mesmo e vossos anos não têm fim. 29 Os filhos de vossos servos habitarão seguros, e sua posteridade se perpetuará diante de vós.

102

1 Salmo de Davi. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que existe em mim bendiga o seu santo nome. 2 Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e jamais te esqueças de todos os seus benefícios. 3 É ele que perdoa as tuas faltas, e sara as tuas enfermidades. 4 É ele que salva tua vida da morte, e te coroa de bondade e de misericórdia. 5 É ele que cumula de benefícios a tua vida, e renova a tua juventude como a da águia. 6 O Senhor faz justiça, dá o direito aos oprimidos. 7 Revelou seus caminhos a Moisés, e suas obras aos filhos de Israel. 8 O Senhor é bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência. 9 Ele não está sempre a repreender, nem eterno é o seu ressentimento. 10 Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos castiga em proporção de nossas faltas, 11 porque tanto os céus distam da terra quanto sua misericórdia é grande para os que o temem; 12 tanto o oriente dista do ocidente quanto ele afasta de nós nossos pecados. 13 Como um pai tem piedade de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem, 14 porque ele sabe de que é que somos feitos, e não se esquece de que somos pó. 15 Os dias do homem são semelhantes à erva, ele floresce como a flor dos campos. 16 Apenas sopra o vento, já não existe, e nem se conhece mais o seu lugar. 17 É eterna, porém, a misericórdia do Senhor para com os que o temem. E sua justiça se estende aos filhos de seus filhos, 18 sobre os que guardam a sua aliança, e, lembrando, cumprem seus mandamentos. 19 Nos céus estabeleceu o Senhor o seu trono, e o seu império se estende sobre o universo. 20 Bendizei ao Senhor todos os seus anjos, valentes heróis que cumpris suas ordens, sempre dóceis à sua palavra. 21 Bendizei ao Senhor todos os seus exércitos, ministros que executais sua vontade. 22 Bendizei ao Senhor todas as suas obras, em todos os lugares onde ele domina. Bendize, ó minha alma, ao Senhor.

103

1 Bendize, ó minha alma, o Senhor! Senhor, meu Deus, vós sois imensamente grande! De majestade e esplendor vos revestis, 2 envolvido de luz como de um manto. Vós estendestes o céu qual pavilhão, 3 acima das águas fixastes vossa morada. De nuvens fazeis vosso carro, andais nas asas do vento; 4 fazeis dos ventos os vossos mensageiros, e dos flamejantes relâmpagos vossos ministros. 5 Fundastes a terra em bases sólidas que são eternamente inabaláveis. 6 Vós a tínheis coberto com o manto do oceano, as águas ultrapassavam as montanhas. 7 Mas à vossa ameaça elas se afastaram, ao estrondo de vosso trovão estremeceram. 8 Elevaram-se as montanhas, sulcaram-se os vales nos lugares que vós lhes destinastes. 9 Estabelecestes os limites, que elas não hão de ultrapassar, para que não mais tornem a cobrir a terra. 10 Mandastes as fontes correr em riachos, que serpeiam por entre os montes. 11 Ali vão beber os animais dos campos, neles matam a sede os asnos selvagens. 12 Os pássaros do céu vêm aninhar em suas margens, e cantam entre as folhagens. 13 Do alto de vossas moradas derramais a chuva nas montanhas, do fruto de vossas obras se farta a terra. 14 Fazeis brotar a relva para o gado, e plantas úteis ao homem, para que da terra possa extrair o pão 15 e o vinho que alegra o coração do homem, o óleo que lhe faz brilhar o rosto e o pão que lhe sustenta as forças. 16 As árvores do Senhor são cheias de seiva, assim como os cedros do Líbano que ele plantou. 17 Lá constroem as aves os seus ninhos, nos ciprestes a cegonha tem sua casa. 18 Os altos montes dão abrigo às cabras, e os rochedos aos arganazes. 19 Fizestes a lua para indicar os tempos; o sol conhece a hora de se pôr. 20 Mal estendeis as trevas e já se faz noite, entram a rondar os animais das selvas. 21 Rugem os leõezinhos por sua presa, e pedem a Deus o seu sustento. 22 Mas se retiram ao raiar do sol, e vão se deitar em seus covis. 23 É então que o homem sai para o trabalho, e moureja até o entardecer. 24 Ó Senhor, quão variadas são as vossas obras! Feitas, todas, com sabedoria, a terra está cheia das coisas que criastes. 25 Eis o mar, imenso e vasto, onde, sem conta, se agitam animais grandes e pequenos. 26 Nele navegam as naus e o Leviatã que criastes para brincar nas ondas. 27 Todos esses seres esperam de vós que lhes deis de comer em seu tempo. 28 Vós lhes dais e eles o recolhem; abris a mão, e se fartam de bens. 29 Se desviais o rosto, eles se perturbam; se lhes retirais o sopro, expiram e voltam ao pó donde saíram. 30 Se enviais, porém, o vosso sopro, eles revivem e renovais a face da terra. 31 Ao Senhor, glória eterna; alegre-se o Senhor em suas obras! 32 Ele, cujo olhar basta para fazer tremer a terra, e cujo contato inflama as montanhas. 33 Enquanto viver, cantarei à glória do Senhor, salmodiarei ao meu Deus enquanto existir. 34 Possam minhas palavras lhe ser agradáveis! Minha única alegria se encontra no Senhor. 35 Sejam tirados da terra os pecadores e doravante desapareçam os ímpios. Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Aleluia.

104

1 Aleluia. Celebrai o Senhor, aclamai o seu nome, apregoai entre as nações as suas obras. 2 Cantai-lhe hinos e cânticos, anunciai todas as suas maravilhas. 3 Gloriai-vos do seu santo nome; rejubile o coração dos que procuram o Senhor. 4 Recorrei ao Senhor e ao seu poder, procurai continuamente sua face. 5 Recordai as maravilhas que operou, seus prodígios e julgamentos por seus lábios proferidos, 6 ó descendência de Abraão, seu servidor, ó filhos de Jacó, seus escolhidos! 7 É ele o Senhor, nosso Deus; suas sentenças comandam a terra inteira. 8 Ele se lembra eternamente de sua aliança, da palavra que empenhou a mil gerações, 9 que garantiu a Abraão, e jurou a Isaac, 10 e confirmou a Jacó irrevogavelmente, e a Israel como aliança eterna, 11 quando disse: Dar-te-ei a terra de Canaã, como parte de vossa herança. 12 Quando não passavam de um reduzido número, minoria insignificante e estrangeiros na terra, 13 e andavam errantes de nação em nação, de reino em reino, 14 não permitiu que os oprimissem, e castigou a reis por causa deles. 15 Não ouseis tocar nos que me são consagrados, nem maltratar os meus profetas. 16 E chamou a fome sobre a terra, e os privou do pão que os sustentava. 17 Diante deles enviara um homem: José, que fora vendido como escravo. 18 Apertaram-lhe os pés entre grilhões, com cadeias cingiram-lhe o pescoço, 19 até que se cumpriu a profecia, e o justificou a palavra de Deus. 20 Então o rei ordenou que o soltassem, o soberano de povos o livrou, 21 e o nomeou senhor de sua casa e governador de seus domínios, 22 para, a seu bel-prazer, dar ordens a seus príncipes, e a seus anciãos, lições de sabedoria. 23 Então Israel penetrou no Egito, Jacó foi viver na terra de Cam. 24 Deus multiplicou grandemente o seu povo, e o tornou mais forte que seus inimigos. 25 Depois, de tal modo lhes mudou os corações, que com aversão trataram o seu povo, e com perfídia, os seus servidores. 26 Mas Deus lhes suscitou Moisés, seu servo, e Aarão, seu escolhido. 27 Ambos operaram entre eles prodígios e milagres na terra de Cam. 28 Mandou trevas e se fez noite, resistiram, porém, às suas palavras. 29 Converteu-lhes as águas em sangue, matando-lhes todos os seus peixes. 30 Infestou-lhes a terra de rãs, até nos aposentos reais. 31 A uma palavra sua vieram nuvens de moscas, mosquitos em todo o seu território. 32 Em vez de chuva lhes mandou granizo e chamas devorantes sobre a terra. 33 Devastou-lhes as vinhas e figueiras, e partiu-lhes as árvores de seus campos. 34 A seu mandado vieram os gafanhotos, e lagartas em quantidade enorme, 35 que devoraram toda a erva de suas terras e comeram os frutos de seus campos. 36 Depois matou os primogênitos do seu povo, primícias de sua virilidade. 37 E Deus tirou os hebreus carregados de ouro e prata; não houve, nas tribos, nenhum enfermo. 38 Alegraram-se os egípcios com sua partida, pelo temor que os hebreus lhes tinham causado. 39 Para os abrigar Deus estendeu uma nuvem, e para lhes iluminar a noite uma coluna de fogo. 40 A seu pedido, mandou-lhes codornizes, e os fartou com pão vindo do céu. 41 Abriu o rochedo e jorrou água como um rio a correr pelo deserto, 42 pois se lembrava da palavra sagrada, empenhada a seu servo Abraão. 43 E fez sair, com júbilo, o seu povo, e seus eleitos com grande exultação. 44 Deu-lhes a terra dos pagãos e desfrutaram das riquezas desses povos, 45 sob a condição de guardarem seus mandamentos e observarem fielmente suas lei

105

1 Aleluia. Louvai o Senhor porque ele é bom, porque a sua misericórdia é eterna. 2 Quem contará os poderosos feitos do Senhor? Quem poderá apregoar os seus louvores? 3 Felizes aqueles que observam os preceitos, aqueles que, em todo o tempo, fazem o que é reto. 4 Lembrai-vos de mim, Senhor, pela benevolência que tendes com o vosso povo. Assisti-me com o vosso socorro, 5 para que eu prove a felicidade de vossos eleitos, compartilhe do júbilo de vosso povo e me glorie com os que constituem vossa herança. 6 Como nossos pais, nós também pecamos, cometemos a iniqüidade, praticamos o mal. 7 Nossos pais, no Egito, não prezaram os vossos milagres, esqueceram a multidão de vossos benefícios e se revoltaram contra o Altíssimo no mar Vermelho. 8 Mas ele os poupou para a honra de seu nome, para tornar patente o seu poder. 9 Ameaçou o mar e ele se tornou seco, e os conduziu por entre as ondas como através de um deserto. 10 Livrou-os das mãos daquele que os odiava, e os salvou do poder inimigo. 11 As águas recobriram seus adversários, nenhum deles escapou. 12 Então acreditaram em sua palavra, e cantaram os seus louvores. 13 Depressa, porém, esqueceram suas obras, e não confiaram em seus desígnios. 14 Entregaram-se à concupiscência no deserto, e tentaram a Deus na solidão. 15 Ele lhes concedeu o que pediam, mas os feriu de um mal mortal. 16 Em seus acampamentos invejaram Moisés e Aarão, o eleito do Senhor. 17 Abriu-se a terra e tragou Datã, e sepultou os sequazes de Abiron. 18 Um fogo devassou as suas tropas e as chamas consumiram os ímpios. 19 Fabricaram um bezerro de ouro no sopé do Horeb, e adoraram um ídolo de ouro fundido. 20 Eles trocaram a sua glória pela estátua de um touro que come feno. 21 Esqueceram a Deus que os salvara, que obrara prodígios no Egito, 22 maravilhas na terra de Cam, estupendos feitos no mar Vermelho. 23 Já cogitava em exterminá-los se Moisés, seu eleito, não intercedesse junto dele para impedir que sua cólera os destruísse. 24 Depois, eles desprezaram uma terra de delícias, desconfiados de sua palavra. 25 Em suas tendas se puseram a murmurar, e desobedeceram ao Senhor. 26 Então, com a mão alçada, ele jurou que havia de prostrá-los no deserto 27 e dispersar sua descendência entre as nações pagãs, disseminando-os por toda a terra. 28 Aderiram também ao Baal de Fegor, comeram vítimas oferecidas a deuses sem vida. 29 E, provocando-o com seus crimes, uma peste irrompeu entre eles. 30 Mas levantou-se Finéias para fazer justiça; cessou a peste. 31 Seu zelo lhe foi imputado como mérito, de geração em geração, para sempre. 32 Em seguida, irritaram a Deus nas águas de Meribá, e adveio o mal a Moisés por causa deles. 33 Porque o provocaram tanto, palavras temerárias saíram-lhe dos lábios. 34 Não exterminaram os povos, como o Senhor lhes havia ordenado, 35 mas se misturaram com as nações pagãs e aprenderam seus costumes. 36 Prestaram culto aos seus ídolos, que se tornaram um laço para eles. 37 Imolaram os seus filhos e suas filhas aos demônios. 38 Derramaram o sangue inocente: o sangue de seus filhos e de suas filhas, que aos ídolos de Canaã sacrificaram; seu país ficou manchado com esse sangue. 39 Eles se contaminaram com homicídios, e se prostituíram com seus crimes. 40 Então se inflamou contra seu povo a cólera divina, e Deus teve aversão de sua herança. 41 Ele os entregou nas mãos das nações pagãs, e foram dominados pelos que os odiavam. 42 Oprimiram-nos os seus inimigos, foram submetidos ao seu jugo. 43 Muitas vezes ele os libertou; mas sua conduta o exasperou, de tal modo que foram abatidos por causa de suas iniqüidades. 44 Entretanto, vendo a sua aflição, ouviu-lhes as orações. 45 Em favor deles lembrou-se de sua aliança, e por sua misericórdia deles se apiedou. 46 E fez com que encontrassem a clemência junto aos que os tinham aprisionado. 47 Salvai-nos, Senhor, nosso Deus, e recolhei-nos de entre as nações, para que possamos celebrar o vosso santo nome e ter a satisfação de vos louvar. 48 Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, pelos séculos dos séculos! E que todo o povo diga: Amém!

106

1 Aleluia. Louvai o Senhor, porque ele é bom. Porque eterna é a sua misericórdia. 2 Assim o dizem aqueles que o Senhor resgatou, aqueles que ele livrou das mãos do opressor, 3 assim como os que congregou de todos os países, do oriente e do ocidente, do norte e do sul. 4 Erravam na solidão do deserto, sem encontrar caminho de cidade habitável. 5 Consumidos de fome e de sede, sentiam desfalecer-lhes a vida. 6 Em sua angústia clamaram então para o Senhor, ele os livrou de suas tribulações 7 e os conduziu pelo bom caminho, para chegarem a uma cidade habitável. 8 Agradeçam ao Senhor por sua bondade, e por suas grandes obras em favor dos homens, 9 porque dessedentou a garganta sequiosa, e cumulou de bens a que tinha fome. 10 Outros estavam nas trevas e na sombra da morte, prisioneiros na miséria e em ferros, 11 por se haverem revoltado contra as ordens de Deus e terem desprezado os desígnios do Altíssimo. 12 Pelo sofrimento lhes humilhara o coração, sucumbiam sem que ninguém os socorresse. 13 Em sua angústia clamaram então para o Senhor, e ele os livrou de suas tribulações. 14 Tirou-os das trevas e da sombra da morte, quebrou-lhes os grilhões. 15 Agradeçam ao Senhor por sua bondade, e por suas grandes obras em favor dos homens. 16 Ele arrombou as portas de bronze, e despedaçou os ferrolhos de ferro. 17 Outros, enfermos por causa de seu mau proceder, eram feridos por causa de seus pecados. 18 Todo alimento lhes causava náuseas, chegaram às portas da morte. 19 Em sua angústia clamaram então para o Senhor; ele os livrou de suas tribulações. 20 Enviou a sua palavra para os curar, para os arrancar da morte. 21 Agradeçam ao Senhor por sua bondade, e por suas grandes obras em favor dos homens. 22 Ofereçam sacrifícios de ação de graças, e proclamem alegremente as suas obras. 23 Os que se fizeram ao mar, para trafegar nas muitas águas, 24 foram testemunhas das obras do Senhor e de suas maravilhas no alto-mar. 25 Sua palavra levantou tremendo vento, que impeliu para o alto as suas ondas. 26 Subiam até os céus, desciam aos abismos, suas almas definhavam em angústias. 27 Titubeavam e cambaleavam como ébrios, e toda a sua perícia se esvaiu. 28 Em sua agonia clamaram então ao Senhor, e ele os livrou da tribulação. 29 Transformou a procela em leve brisa, e as ondas do mar silenciaram. 30 E se alegraram porque elas amainaram, e os conduziu ao desejado porto. 31 Agradeçam eles ao Senhor por sua bondade, e por suas grandes obras em favor dos homens. 32 Celebrem-no na assembléia do povo, e o louvem no conselho dos anciãos. 33 Transformou rios em deserto, e fontes de água em terra árida. 34 Converteu o solo fértil em salinas, por causa da malícia de seus habitantes. 35 Mudou o deserto em lençol de água, e a terra árida em abundantes fontes. 36 Aí fez habitar os esfaimados, que fundaram uma cidade para morar. 37 E semearam os campos e plantaram vinhas, colhendo deles abundantes frutos. 38 E os abençoou: eles se multiplicaram grandemente, e lhes concedeu rebanhos numerosos. 39 Depois seu número se reduziu e caíram na miséria, sob a opressão, a desgraça e o sofrimento. 40 Mas aquele que lança seu desprezo sobre os grandes, e os faz errar por ínvios desertos, 41 [Deus,] soergueu o pobre da miséria, multiplicando famílias como rebanhos. 42 À vista disso os justos se alegram, e toda a maldade deve fechar a boca. 43 Quem é sábio para julgar estas coisas e compreender as misericórdias do Senhor?

107

1 Cântico. Salmo de Davi. 2 Meu coração está firme, ó Deus, meu coração está firme; vou cantar e salmodiar. Desperta-te, ó minha alma; 3 despertai-vos, harpa e cítara; quero acordar a aurora. 4 Entre os povos, Senhor, vos louvarei; salmodiarei a vós entre as nações, 5 porque acima dos céus se eleva a vossa misericórdia, e até as nuvens a vossa fidelidade. 6 Resplandecei, ó Deus, nas alturas dos céus, e brilhe a vossa glória sobre a terra inteira. 7 Para ficarem livres vossos amigos, ajudai-nos com vossa mão, ouvi-nos. 8 Deus falou no seu santuário: Triunfarei, e me apoderarei de Siquém, medirei com o cordel o vale de Sucot. 9 Minha é a terra de Galaad, minha a de Manassés; Efraim será o elmo de minha cabeça; Judá, o meu cetro; 10 Moab, a bacia em que me lavo. Sobre Edom porei minhas sandálias, cantarei vitória sobre a Filistéia. 11 Quem me conduzirá à cidade fortificada? Quem me levará até Edom? 12 Quem, senão vós, Senhor, que nos repelistes, e já não andais à frente dos nossos exércitos? 13 Dai-nos auxílio contra o inimigo, porque é vão qualquer socorro humano. 14 Com Deus faremos proezas, ele esmagará os nossos inimigos.

108

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. Ó Deus de meu louvor, não fiqueis insensível, 2 porque contra mim se abriu boca ímpia e pérfida. 3 Falaram-me com palavras mentirosas, com discursos odiosos me envolveram; e sem motivo me atacaram. 4 Em resposta ao meu afeto me acusaram. Eu, porém, orava. 5 Pagaram-me o bem com o mal, e o amor com o ódio. 6 Suscitai contra ele um ímpio, levante-se à sua direita um acusador. 7 Quando o julgarem, saia condenado, e sem efeito o seu recurso. 8 Sejam abreviados os seus dias, tome outro o seu encargo. 9 Fiquem órfãos os seus filhos, e viúva a sua esposa. 10 Andem errantes e mendigos os seus filhos, expulsos de suas casas devastadas. 11 Arrebate o credor todos os seus bens, estrangeiros pilhem o fruto de seu trabalho. 12 Ninguém lhes tenha misericórdia, nem haja quem se condoa de seus órfãos. 13 Exterminada seja a sua descendência, extinga-se o seu nome desde a segunda geração. 14 Conserve o Senhor a lembrança da culpa de seus pais, jamais se apague o pecado de sua mãe. 15 Deus os tenha sempre presentes na memória, e risque-se da terra a sua lembrança, 16 porque jamais pensou em ter misericórdia, mas perseguiu o pobre e desvalido e teve ódio mortal ao homem de coração abatido. 17 Amou a maldição: que ela caia sobre ele! Recusou a bênção: que ela o abandone! 18 Seja coberto de maldição como de um manto, que ela penetre em suas entranhas como água e se infiltre em seus ossos como óleo. 19 Seja-lhe como a veste que o cobre, como um cinto que o cinja para sempre. 20 Esta, a paga do Senhor àqueles que me acusam e que só dizem mal de mim. 21 Mas vós, Senhor Deus, tratai-me segundo a honra de vosso nome. Salvai-me em nome de vossa benigna misericórdia, 22 porque sou pobre e miserável; trago, dentro de mim, um coração ferido. 23 Vou-me extinguindo como a sombra da tarde que declina, sou levado para longe como o gafanhoto. 24 Vacilam-me os joelhos à força de jejuar, e meu corpo se definha de magreza. 25 Fizeram-me objeto de escárnio, abanam a cabeça ao me ver. 26 Ajudai-me, Senhor, meu Deus. Salvai-me segundo a vossa misericórdia. 27 Que reconheçam aqui a vossa mão, e saibam que fostes vós que assim fizestes. 28 Enquanto amaldiçoam, abençoai-me. Sejam confundidos os que se insurgem contra mim, e que vosso servo seja cumulado de alegria. 29 Cubram-se de ignomínia meus detratores, e envolvam-se de vergonha como de um manto. 30 Celebrarei altamente o Senhor, e o louvarei em meio à multidão, 31 porque ele se pôs à direita do pobre, para o salvar dos que o condenam.

109

1 Salmo de Davi. Eis o oráculo do Senhor que se dirige a meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu faça de teus inimigos o escabelo de teus pés. 2 O Senhor estenderá desde Sião teu cetro poderoso: Dominarás, disse ele, até no meio de teus inimigos. 3 No dia de teu nascimento, já possuis a realeza no esplendor da santidade; semelhante ao orvalho, eu te gerei antes da aurora. 4 O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec. 5 O Senhor está à tua direita: ele destruirá os reis no dia de sua cólera. 6 Julgará os povos pagãos, empilhará cadáveres; por toda a terra esmagará cabeças. 7 Beberá da torrente no caminho; por isso, erguerá a sua fronte.

110

1 Aleluia. Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembléia dos justos e em seu conselho. 2 Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. 3 Sua obra é toda ela majestade e magnificência. E eterna a sua justiça. 4 Memoráveis são suas obras maravilhosas; o Senhor é clemente e misericordioso. 5 Aos que o temem deu-lhes o sustento; lembrar-se-á eternamente da sua aliança. 6 Mostrou ao seu povo o poder de suas obras, dando-lhe a herança das nações pagãs. 7 As obras de suas mãos são verdade e justiça, imutáveis os seus preceitos, 8 Irrevogáveis pelos séculos eternos, instituídos com justiça e eqüidade. 9 Enviou a seu povo a redenção, concluiu com ele uma aliança eterna. Santo e venerável é o seu nome. 10 O temor do Senhor é o começo da sabedoria; sábios são aqueles que o adoram. Sua glória subsiste eternamente.

111

1 Aleluia. Feliz o homem que teme o Senhor, e põe o seu prazer em observar os seus mandamentos. 2 Será poderosa sua descendência na terra, e bendita a raça dos homens retos. 3 Suntuosa riqueza haverá em sua casa, e para sempre durará sua abundância. 4 Como luz, se eleva, nas trevas, para os retos, o homem benfazejo, misericordioso e justo. 5 Feliz o homem que se compadece e empresta, que regula suas ações pela justiça. 6 Nada jamais o há de abalar: eterna será a memória do justo. 7 Não temerá notícias funestas, porque seu coração está firme e confiante no Senhor. 8 Inabalável é seu coração, livre de medo, até que possa ver confundidos os seus adversários. 9 Com largueza distribuiu, deu aos pobres; sua liberalidade permanecerá para sempre. Pode levantar a cabeça com altivez. 10 O pecador, porém, não pode vê-lo sem inveja, range os dentes e definha; anulam-se, assim, os desejos dos maus.

112

1 Aleluia. Louvai, ó servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. 2 Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre. 3 Desde o nascer ao pôr-do-sol, seja louvado o nome do Senhor. 4 O Senhor é excelso sobre todos os povos, sua glória ultrapassa a altura dos céus. 5 Quem se compara ao Senhor, nosso Deus, que tem seu trono nas alturas, 6 e do alto olha o céu e a terra? 7 Ele levanta do pó o indigente e tira o pobre do monturo, 8 para, entre os príncipes, fazê-lo sentar, junto dos grandes de seu povo. 9 E a mulher, que, antes, era estéril, ele a faz, em sua casa, mãe feliz de muitos filhos.

113

1 Aleluia. Quando Israel saiu do Egito, e a casa de Jacó se apartou de um povo bárbaro, 2 a terra de Judá tornou-se o santuário do Senhor, e Israel seu reino. 2 l (13) abençoará aos que temem ao Senhor, os pequenos como os grandes. 3 O mar, à vista disso, fugiu, o Jordão volveu atrás. 4 Os montes saltaram como carneiros; as colinas, como cordeiros. 5 Que tens, ó mar, para assim fugires? E tu, Jordão, para retrocederes para a tua fonte? 6 Ó montes, por que saltastes como carneiros, e vós, colinas, como cordeiros? 7 Ante a face de Deus, treme, ó terra, 8 por quem o rochedo se mudou em lençol de água, e a pedra em fonte de água viva. 9 (1) Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória, por amor de vossa misericórdia e fidelidade. 10 (2) Por que diriam as nações pagãs: Onde está o Deus deles? 11 (3) Nosso Deus está nos céus; ele faz tudo o que lhe apraz. 12 (4) Quanto a seus ídolos de ouro e prata, são eles simples obras da mão dos homens. 13 (5) Têm boca, mas não falam, olhos e não podem ver, 14 (6) têm ouvidos, mas não ouvem, nariz e não podem cheirar. 15 (7) Têm mãos, mas não apalpam, pés e não podem andar, sua garganta não emite som algum. 16 (8) Semelhantes a eles sejam os que os fabricam e quantos neles põem sua confiança. 17 (9) Mas Israel, ao contrário, confia no Senhor: ele é o seu amparo e o seu escudo. 18 (10) Aarão confia no Senhor: ele é o seu amparo e o seu escudo. 19 (11) Confiam no Senhor os que temem o Senhor: ele é o seu amparo e o seu escudo. 20 (12) O Senhor se lembra de nós e nos dará a sua bênção; abençoará a casa de Israel, abençoará a casa de Aarão, 22 (l4) O Senhor há de vos multiplicar, vós e vossos filhos. 23 (15) Sede os benditos do Senhor, que fez o céu e a terra. 24 (16) O céu é o céu do Senhor, mas a terra ele a deu aos filhos de Adão. 25 (l7) Não são os mortos que louvam o Senhor, nem nenhum daqueles que descem aos lugares infernais. 26 (18) Mas somos nós que bendizemos ao Senhor agora e para sempre.

114

1 Aleluia. Amo o Senhor, porque ele ouviu a voz de minha súplica, 2 porque inclinou para mim os seus ouvidos no dia em que o invoquei. 3 Os laços da morte me envolviam, a rede da habitação dos mortos me apanhou de improviso; estava abismado na aflição e na ansiedade. 4 Foi então que invoquei o nome do Senhor: Ó Senhor, salvai-me a vida! 5 O Senhor é bom e justo, cheio de misericórdia é nosso Deus. 6 O Senhor cuida dos corações simples; achava-me na miséria e ele me salvou. 7 Volta, minha alma, à tua serenidade, porque o Senhor foi bom para contigo, 8 pois livrou-me a alma da morte, preservou-me os olhos do pranto, os pés da queda. 9 Na presença do Senhor continuarei o meu caminho na terra dos vivos.

115

1 (10) Salmo. Conservei a confiança ainda quando podia dizer: Em verdade sou extremamente infeliz. 2 (11) Em meu pavor eu dizia: O homem é um apoio falaz. 3 (12) Mas que poderei retribuir ao Senhor por tudo o que ele me tem dado? 4 (13) Erguerei o cálice da salvação, invocando o nome do Senhor. 5 (14) Cumprirei os meus votos para com o Senhor, na presença de todo o seu povo. 6 (15) É penoso para o Senhor ver morrer os seus fiéis. 7 (16) Senhor, eu sou vosso servo; vosso servo, filho de vossa serva: quebrastes os meus grilhões. 8 (17) Oferecer-vos-ei um sacrifício de louvor, invocando o nome do Senhor. 9 (18) Cumprirei os meus votos para com o Senhor, na presença de todo o seu povo, 10 (19) nos átrios da casa do Senhor, no teu recinto, ó Jerusalém!

116

1 Aleluia. Louvai ao Senhor todas as nações, louvai-o todos os povos, 2 porque sem limites é a sua misericórdia para conosco, e eterna a fidelidade do Senhor.

117

1 Aleluia. Louvai ao Senhor, porque ele é bom; porque eterna é a sua misericórdia. 2 Diga a casa de Israel: Eterna é sua misericórdia. 3 Proclame a casa de Aarão: Eterna é sua misericórdia. 4 E vós, que temeis o Senhor, repeti: Eterna é sua misericórdia. 5 Na tribulação invoquei o Senhor; ouviu-me o Senhor e me livrou. 6 Comigo está o Senhor, nada temo; que mal me poderia ainda fazer um homem? 7 Comigo está o Senhor, meu amparo; verei logo a ruína dos meus inimigos. 8 Mais vale procurar refúgio no Senhor do que confiar no homem. 9 Mais vale procurar refúgio no Senhor do que confiar nos grandes da terra. 10 Ainda que me cercassem todas as nações pagãs, eu as esmagaria em nome do Senhor. 11 Ainda que me assediassem de todos os lados, eu as esmagaria em nome do Senhor. 12 Ainda que me envolvessem como um enxame de abelhas, como um braseiro de espinhos, eu as esmagaria em nome do Senhor. 13 Forçaram-me violentamente para eu cair, mas o Senhor veio em meu auxílio. 14 O Senhor é minha força, minha coragem; ele é meu Salvador. 15 Brados de alegria e de vitória ressoam nas tendas dos justos: 16 a destra do Senhor fez prodígios, levantou-me a destra do Senhor; fez maravilhas a destra do Senhor. 17 Não hei de morrer; viverei para narrar as obras do Senhor. 18 O Senhor castigou-me duramente, mas poupou-me à morte. 19 Abri-me as portas santas, a fim de que eu entre para agradecer ao Senhor. 20 Esta é a porta do Senhor: só os justos por ela podem passar. 21 Graças vos dou porque me ouvistes, e vos fizestes meu Salvador. 22 A pedra rejeitada pelos arquitetos tornou-se a pedra angular. 23 Isto foi obra do Senhor, é um prodígio aos nossos olhos. 24 Este é o dia que o Senhor fez: seja para nós dia de alegria e de felicidade. 25 Senhor, dai-nos a salvação; dai-nos a prosperidade, ó Senhor! 26 Bendito seja o que vem em nome do Senhor! Da casa do Senhor nós vos bendizemos. 27 O Senhor é nosso Deus, ele fez brilhar sobre nós a sua luz. Organizai uma festa com profusão de coroas. E cheguem até os ângulos do altar. 28 Sois o meu Deus, venho agradecer-vos. Venho glorificar-vos, sois o meu Deus. 29 Dai graças ao Senhor porque ele é bom, eterna é sua misericórdia.

118

1 Salmo. Felizes aqueles cuja vida é pura, e seguem a lei do Senhor. 2 Felizes os que guardam com esmero seus preceitos e o procuram de todo o coração; 3 e os que não praticam o mal, mas andam em seus caminhos. 4 Impusestes vossos preceitos, para serem observados fielmente; 5 oxalá se firmem os meus passos na observância de vossas leis. 6 Não serei então confundido, se fixar os olhos nos vossos mandamentos. 7 Louvar-vos-ei com reto coração, uma vez instruído em vossos justos decretos. 8 Guardarei as vossas leis; não me abandoneis jamais. 9 Como um jovem manterá pura a sua vida? Sendo fiel às vossas palavras. 10 De todo o coração eu vos procuro; não permitais que eu me aparte de vossos mandamentos. 11 Guardo no fundo do meu coração a vossa palavra, para não vos ofender. 12 Sede bendito, Senhor; ensinai-me vossas leis. 13 Meus lábios enumeram todos os decretos de vossa boca. 14 Na observância de vossas ordens eu me alegro, muito mais do que em todas as riquezas. 15 Sobre os vossos preceitos meditarei, e considerarei vossos caminhos. 16 Hei de deleitar-me em vossas leis; jamais esquecerei vossas palavras. 17 Concedei a vosso servo esta graça: que eu viva guardando vossas palavras. 18 Abri meus olhos, para que veja as maravilhas de vossa lei. 19 Peregrino sou na terra, não me oculteis os vossos mandamentos. 20 Consome-se minha alma no desejo perpétuo de observar vossos decretos. 21 Repreendestes os soberbos, malditos os que se apartam de vossos mandamentos. 22 Livrai-me do opróbrio e do desprezo, pois observo as vossas ordens. 23 Mesmo que os príncipes conspirem contra mim, vosso servo meditará em vossas leis. 24 Vossos preceitos são minhas delícias, meus conselheiros são as vossas leis. 25 Prostrada no pó está minha alma, restituí-me a vida conforme vossa promessa. 26 Eu vos exponho a minha vida, para que me atendais: ensinai-me as vossas leis. 27 Mostrai-me o caminho de vossos preceitos, e meditarei em vossas maravilhas. 28 Chora de tristeza a minha alma; reconfortai-me segundo vossa promessa. 29 Afastai-me do caminho da mentira, e fazei-me fiel à vossa lei. 30 Escolhi o caminho da verdade, impus-me os vossos decretos. 31 Apego-me a vossas ordens, Senhor. Não permitais que eu seja confundido. 32 Correrei pelo caminho de vossos mandamentos, porque sois vós que dilatais meu coração. 33 Mostrai-me, Senhor, o caminho de vossas leis, para que eu nele permaneça com fidelidade. 34 Ensinai-me a observar a vossa lei e a guardá-la de todo o coração. 35 Conduzi-me pelas sendas de vossas leis, porque nelas estão minhas delícias. 36 Inclinai-me o coração às vossas ordens e não para a avareza. 37 Não permitais que meus olhos vejam a vaidade, fazei-me viver em vossos caminhos. 38 Cumpri a promessa para com vosso servo, que fizestes àqueles que vos temem. 39 Afastai de mim a vergonha que receio, pois são agradáveis os vossos decretos. 40 Anseio pelos vossos preceitos; dai-me que viva segundo vossa justiça. 41 Desçam a mim as vossas misericórdias, Senhor, e a vossa salvação, conforme vossa promessa. 42 Saberei o que responder aos que me ultrajam, porque tenho confiança em vossa palavra. 43 Não me tireis jamais da boca a palavra da verdade, porque tenho confiança em vossos decretos. 44 Guardarei constantemente a vossa lei, para sempre e pelos séculos dos séculos. 45 Andarei por um caminho seguro, porque procuro os vossos preceitos. 46 Diante dos reis falarei de vossas prescrições, e não me envergonharei. 47 Encontrarei minhas delícias em vossos mandamentos, porque os amo. 48 Erguerei as mãos para executar vossos mandamentos, e meditarei em vossas leis. 49 Lembrai-vos da palavra empenhada ao vosso servo, na qual me fizestes encontrar esperança. 50 O único consolo em minha aflição é que vossa palavra me dá vida. 51 De sarcasmos cumulam-me os soberbos, mas de vossa lei não me afasto. 52 Lembro-me de vossos juízos de outrora, e isso me consola. 53 Revolto-me à vista dos pecadores, que abandonam a vossa lei. 54 Vossas leis são objeto de meus cantares no lugar de meu exílio. 55 De noite, lembro-me, Senhor, de vosso nome; guardarei a vossa lei. 56 Escolhi, como parte que me toca, observar vossos preceitos. 57 Minha partilha, Senhor, eu o declaro, é guardar as vossas palavras. 58 De todo o coração imploro em vossa presença: tende piedade de mim como haveis prometido. 59 Considero os meus atos, e regulo meus passos conforme as vossas ordens. 60 Apresso-me, sem hesitação, em observar os vossos mandamentos. 61 As malhas dos ímpios me cercaram, mas eu não esqueço a vossa lei. 62 Em meio à noite levanto-me para vos louvar pelos vossos decretos cheios de justiça. 63 Sou amigo de todos os que vos temem e dos que seguem vossos preceitos. 64 De vossa bondade, Senhor, está cheia a terra; ensinai-me as vossas leis. 65 Tratastes com benevolência o vosso servo, Senhor, segundo a vossa palavra. 66 Dai-me o juízo reto e a sabedoria, porque confio em vossos mandamentos. 67 Antes de ser afligido pela provação, errei; mas agora guardo a vossa palavra. 68 Vós que sois bom e benfazejo, ensinai-me as vossas leis. 69 Contra mim os soberbos maquinam caluniosamente, mas eu, de todo o coração, fico fiel aos vossos preceitos. 70 Seu espírito tornou-se espesso como sebo; eu, porém, me deleito em vossa lei. 71 Foi bom para mim ser afligido, a fim de aprender vossos decretos. 72 Mais vale para mim a lei de vossa boca que montes de ouro e prata. 73 Formaram-me e plasmaram-me vossas mãos, dai-me a sabedoria para aprender os vossos mandamentos. 74 Aqueles que vos temem alegrem-se ao me ver, porque em vossa palavra pus minha esperança. 75 Sei, Senhor, que são justos os vossos decretos e que com razão vós me provastes. 76 Venha-me em auxílio a vossa misericórdia, e console-me segundo a promessa feita a vosso servo. 77 Venham sobre mim as vossas misericórdias, para que eu viva, porque a vossa lei são as minhas delícias. 78 Sejam confundidos esses orgulhosos que sem razão me afligem; porque medito em vossos preceitos. 79 Voltem para mim os que vos temem e os que observam as vossas prescrições. 80 Seja perfeito meu coração na observância de vossas leis, a fim de que eu não seja confundido. 81 Desfalece-me a alma ansiando por vosso auxílio; em vossa palavra ponho minha esperança. 82 Enlanguescem-me os olhos desejando a vossa palavra; quando vireis consolar-me? 83 Assemelho-me a um odre exposto ao fumeiro, e, contudo, não me esqueci de vossas leis. 84 Por quantos dias fareis esperar o vosso servo? Quando lhe fareis justiça de seus perseguidores? 85 Para mim cavaram fossas os orgulhosos, que não guardam a vossa lei. 86 Todos os vossos mandamentos são justos; sem razão me perseguem; ajudai-me. 87 Por pouco não me exterminaram da terra; eu, porém, não abandonei vossos preceitos. 88 Conservai-me vivo em vossa misericórdia, para que eu observe as prescrições de vossa boca. 89 É eterna, Senhor, vossa palavra, tão estável como o céu. 90 Vossa verdade dura de geração em geração, tão estável como a terra que criastes. 91 Tudo subsiste perpetuamente pelos vossos decretos, porque o universo vos é sujeito. 92 Se em vossa lei não tivesse encontrado as minhas delícias, já teria perecido em minha aflição. 93 Jamais esquecerei vossos preceitos, porque por eles é que me dais a vida. 94 Sou vosso, salvai-me, porquanto busco vossos preceitos. 95 Espreitam-me os pecadores para me perder, mas eu atendo às vossas ordens. 96 Vi que há um termo em toda perfeição, mas vossa lei se estende sem limites. 97 Ah, quanto amo, Senhor, a vossa lei! Durante o dia todo eu a medito. 98 Mais sábio que meus inimigos me fizeram os vossos mandamentos, pois eles me acompanham sempre. 99 Sou mais prudente do que todos os meus mestres, porque vossas prescrições são o único objeto de minha meditação. 100 . Sou mais sensato do que os anciãos, porque observo os vossos preceitos. 101 . Dos maus caminhos desvio os meus pés, para poder guardar vossas palavras. 102 . De vossos decretos eu não me desvio, porque vós mos ensinastes. 103 . Quão saborosas são para mim vossas palavras! São mais doces que o mel à minha boca. 104 . Vossos preceitos me fizeram sábio, por isso odeio toda senda iníqua. 105 . Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos, uma luz em meu caminho. 106 . Faço juramento e me obrigo a guardar os vossos justos decretos. 107 . Estou extremamente aflito, Senhor; conservai-me a vida como prometestes. 108 . Aceitai, Senhor, a oferenda da minha promessa e ensinai-me as vossas ordens. 109 . Em constante perigo está a minha vida, mas não me esqueço de vossa lei. 110 . Armaram-me laços os pecadores, mas não fugi de vossos preceitos. 111 . Minha herança eterna são as vossas prescrições, porque fazem a alegria de meu coração. 112 . Inclinei o meu coração à prática de vossas ordens, perpetuamente e com exatidão. 113 . Odeio os homens hipócritas, mas amo a vossa lei. 114 . Vós sois meu abrigo e meu escudo; vossa palavra é minha esperança. 115 . Afastai-vos de mim, homens malignos! E guardarei os mandamentos de meu Deus. 116 . Sustentai-me pela vossa promessa, para que eu viva, não queirais confundir minha esperança. 117 . Ajudai-me para que me salve, e sempre atenderei a vossos decretos. 118 . Desprezais os que se apartam de vossas leis, porque mentirosos são seus pensamentos. 119 . Como escória reputais os pecadores, por isso eu amo as vossas prescrições. 120 . O respeito que tenho por vós me faz estremecer e vossos decretos inspiram-me temor. 121 . Pratico o direito e a justiça; não me entregueis aos que me querem oprimir. 122 . Sede fiador de vosso servo para a sua segurança, a fim de que os orgulhosos não me oprimam. 123 . Desfalecem-me os olhos desejando vossa ajuda e na espera de vossas promessas de felicidade. 124 . Tratai vosso servo segundo vossa bondade, e ensinai-me vossas leis. 125 . Sou vosso servo: ensinai-me a sabedoria, para que conheça as vossas prescrições. 126 . Senhor, é tempo de vós intervirdes, porque violaram as vossas leis. 127 . Por isso amo os vossos mandamentos, mais que o ouro, mesmo o ouro mais fino. 128 . Por isso escolhi as vossas leis como partilha, e detesto o caminho da mentira. 129 . São admiráveis as vossas prescrições, por isso minha alma as observa. 130 . Vossas palavras são uma verdadeira luz, que dá sabedoria aos simples. 131 . Abro a boca para aspirar, num intenso amor de vossa lei. 132 . Voltai-vos para mim e mostrai-me vossa misericórdia, como fazeis sempre para com os que amam o vosso nome. 133 . Dirigi meus passos segundo a vossa palavra, a fim de que jamais o pecado reine sobre mim. 134 . Livrai-me da opressão dos homens, para que possa guardar as vossas ordens. 135 . Fazei brilhar sobre o vosso servo o esplendor da vossa face, e ensinai-me as vossas leis. 136 . Muitas lágrimas correram de meus olhos, por não ver observada a vossa lei. 137 . Justo sois, Senhor, e retos os vossos juízos. 138 . Promulgastes vossas prescrições com toda a justiça, em toda a verdade. 139 . Sinto-me consumido pela dor ao ver meus inimigos negligenciar vossas palavras. 140 . Vossa palavra é isenta de toda a impureza, vosso servo a ama com fervor. 141 . Sou pequeno e desprezado, mas não esqueço os vossos preceitos! 142 . Vossa justiça é justiça eterna; e firme, a vossa lei. 143 . Apesar da angústia e da tribulação que caíram sobre mim, vossos mandamentos continuam a ser minhas delícias. 144 . Eterna é a justiça das vossas prescrições; dai-me a compreensão delas para que eu viva. 145 . De todo o coração eu clamo. Ouvi-me, Senhor; e observarei as vossas leis. 146 . Clamo a vós: salvai-me, para que eu guarde as vossas prescrições. 147 . Já desde a aurora imploro vosso auxílio; nas vossas palavras ponho minha esperança. 148 . Meus olhos se antecipam às vigílias da noite, para meditarem em vossa palavra. 149 . Conforme vossa misericórdia, ouvi, Senhor, a minha voz; e dai-me a vida, segundo vossa promessa. 150 . Aproximam-se os que me perseguem sem razão, eles estão longe de vossa lei. 151 . Mas vós, Senhor, estais bem perto, e os vossos mandamentos são a verdade. 152 . De há muito sei que vossas prescrições, vós as estabelecestes desde toda a eternidade. 153 . Vede a minha aflição e libertai-me, porque não me esqueci de vossa lei. 154 . Tomai em vossas mãos a minha causa e vingai-me; como prometestes, dai-me a vida. 155 . Longe dos pecadores está a salvação, daqueles que não observam as vossas leis. 156 . São muitas, Senhor, as vossas misericórdias; dai-me a vida segundo as vossas decisões. 157 . Apesar do número dos que me perseguem e oprimem, não me aparto em nada de vossos preceitos. 158 . Ao ver os prevaricadores sinto desgosto, porque eles não observam a vossa palavra. 159 . Vede, Senhor, como amo vossos preceitos; conservai-me vivo segundo vossa promessa. 160 . O sumário da vossa palavra é a verdade, eternos são os decretos de vossa justiça. 161 . Perseguem-me sem razão os poderosos; meu coração só reverencia vossas palavras. 162 . Encontro minha alegria na vossa palavra, como a de quem encontra um imenso tesouro. 163 . Odeio o mal, eu o detesto; mas amo a vossa lei. 164 . Sete vezes ao dia publico vossos louvores, por causa da justiça de vossos juízos. 165 . Grande paz têm aqueles que amam vossa lei: não há para eles nada que os perturbe. 166 . Espero, Senhor, o vosso auxílio, e cumpro os vossos mandamentos. 167 . Minha alma é fiel às vossas prescrições, e eu as amo com fervor. 168 . Guardo os vossos preceitos e as vossas ordens, porque ante vossos olhos está minha vida inteira. 169 . Chegue até vós, Senhor, o meu clamor; instruí-me segundo a vossa palavra. 170 . Chegue até vós a minha prece; livrai-me segundo a vossa palavra. 171 . Meus lábios cantem a vós um cântico, por me haverdes ensinado as vossas leis. 172 . Cante minha língua as vossas palavras, porque justos são os vossos mandamentos. 173 . Estenda-se a vossa mão e me socorra, porque escolhi vossos preceitos. 174 . Suspiro, Senhor, pela vossa salvação, e a vossa lei são as minhas delícias. 175 . Viva a minha alma para vos louvar, e ajudem-me os vossos decretos. 176 . Ando errante como ovelha tresmalhada; vinde em busca do vosso servo, porque não me esqueci de vossos mandamentos!

119

1 Cântico das peregrinações. Na hora da tribulação, clamei ao Senhor e ele me atendeu. 2 Senhor, livrai minha alma dos lábios mentirosos e da língua pérfida. 3 Que ganharás, qual será teu proveito, ó língua pérfida? 4 Flechas agudas de guerreiro, carvões ardentes de giesta. 5 Ai de mim por habitar em Mesec e viver em meio às tendas de Cedar! 6 Por muito tempo minha alma tem vivido com aqueles que detestam a paz. 7 Só quero a paz, mas quando dela lhes falo, eles se dispõem para a guerra.

120

1 Cântico das peregrinações. Para os montes levanto os olhos: de onde me virá socorro? 2 O meu socorro virá do Senhor, criador do céu e da terra. 3 Ele não permitirá que teus pés resvalem; não dormirá aquele que te guarda. 4 Não, não há de dormir, nem adormecer o guarda de Israel. 5 O Senhor é teu guarda, o Senhor é teu abrigo, sempre ao teu lado. 6 De dia, o sol não te fará mal; nem a lua durante a noite. 7 O Senhor te resguardará de todo o mal; ele velará sobre tua alma. 8 O Senhor guardará os teus passos, agora e para todo o sempre.

121

1 Cântico das peregrinações. De Davi. Que alegria quando me vieram dizer: Vamos subir à casa do Senhor... 2 Eis que nossos pés se estacam diante de tuas portas, ó Jerusalém! 3 Jerusalém, cidade tão bem edificada, que forma um tão belo conjunto! 4 Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor, segundo a lei de Israel, para celebrar o nome do Senhor. 5 Lá se acham os tronos de justiça, os assentos da casa de Davi. 6 Pedi, vós todos, a paz para Jerusalém, e vivam em segurança os que te amam. 7 Reine a paz em teus muros, e a tranqüilidade em teus palácios. 8 Por amor de meus irmãos e de meus amigos, pedirei a paz para ti. 9 Por amor da casa do Senhor, nosso Deus, pedirei para ti a felicidade.

122

1 Cântico das peregrinações. Levanto os olhos para vós, que habitais nos céus. 2 Como os olhos dos servos estão fixos nas mãos de seus senhores, como os olhos das servas estão fixos nas mãos de suas senhoras, assim nossos olhos estão voltados para o Senhor, nosso Deus, esperando que ele tenha piedade de nós. 3 Tende misericórdia de nós, Senhor, tende misericórdia de nós, porque estamos saturados de desprezo. 4 Nossa alma está em excesso repleta da irrisão dos opulentos e do desprezo dos soberdos.

123

1 Cântico das peregrinações. De Davi. Se o Senhor não tivesse estado conosco, sim, diga-o Israel, 2 se o Senhor não tivesse estado conosco, os homens que se insurgiram contra nós 3 ter-nos-iam então devorado vivos. Quando seu furor se desencadeou contra nós, 4 as águas nos teriam submergido. Uma torrente teria passado sobre nós. 5 Então nos teriam recoberto as ondas intumescidas. 6 Bendito seja o Senhor, que não nos entregou como presa aos seus dentes. 7 Nossa alma escapou como um pássaro, dos laços do caçador. Rompeu-se a armadilha, e nos achamos livres. 8 Nosso socorro está no nome do Senhor, criador do céu e da terra.

124

1 Cântico das peregrinações. Os que confiam no Senhor são como o monte Sião, eternamente firme. 2 Como Jerusalém está toda cercada de montanhas, assim o Senhor envolve seu povo, agora e sempre. 3 Não permanecerá estendido o cetro dos ímpios sobre o destino dos justos, para que também estes não acabem por estender suas mãos ao crime. 4 Fazei bem, Senhor, aos que são bons, e aos homens de reto coração. 5 Mas aqueles que se desviam por caminhos tortuosos, que o Senhor os leve com os malfeitores. Paz para Israel!

125

1 Cântico das peregrinações. Quando o Senhor reconduzia os cativos de Sião, estávamos como sonhando. 2 Em nossa boca só havia expressões de alegria, e em nossos lábios canto de triunfo. Entre os pagãos se dizia: O Senhor fez por eles grandes coisas. 3 Sim, o Senhor fez por nós grandes coisas; ficamos exultantes de alegria! 4 Mudai, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes nos desertos do sul. 5 Os que semeiam entre lágrimas, recolherão com alegria. 6 Na ida, caminham chorando, os que levam a semente a espargir. Na volta, virão com alegria, quando trouxerem os seus feixes.

126

1 Cântico das peregrinações. De Salomão. Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem. Se o Senhor não guardar a cidade, debalde vigiam as sentinelas. 2 Inútil levantar-vos antes da aurora, e atrasar até alta noite vosso descanso, para comer o pão de um duro trabalho, pois Deus o dá aos seus amados até durante o sono. 3 Vede, os filhos são um dom de Deus: é uma recompensa o fruto das entranhas. 4 Tais como as flechas nas mãos do guerreiro, assim são os filhos gerados na juventude. 5 Feliz o homem que assim encheu sua aljava: não será confundido quando defender a sua causa contra seus inimigos à porta da cidade.

127

1 Cântico das peregrinações. Felizes os que temem o Senhor, os que andam em seus caminhos. 2 Poderás viver, então, do trabalho de tuas mãos, serás feliz e terás bem-estar. 3 Tua mulher será em teu lar como uma vinha fecunda. Teus filhos em torno à tua mesa serão como brotos de oliveira. 4 Assim será abençoado aquele que teme o Senhor. 5 De Sião te abençoe o Senhor para que em todos os dias de tua vida gozes da prosperidade de Jerusalém, 6 e para que possas ver os filhos dos teus filhos. Reine a paz em Israel!

128

1 Cântico das peregrinações. Ah, como me perseguiram desde a minha juventude! Que o diga Israel. 2 Como me perseguiram desde a minha juventude! Mas não me puderam vencer. 3 Lavraram sobre o meu dorso os lavradores, nele abriram longos sulcos. 4 Mas o Senhor é justo, ele cortou as correias com que me afligiram os maus. 5 Sejam confundidos e recuem todos os que odeiam Sião. 6 Que eles se tornem como a erva do telhado, que seca antes de ser arrancada. 7 Com ela não enche as mãos o ceifador, nem seu regaço quem recolhe os feixes. 8 Os que passam não lhes dirão: Desça sobre vós a bênção do Senhor! Nem: Nós vos abençoamos em nome do Senhor.

129

1 Cântico das peregrinações. Do fundo do abismo, clamo a vós, Senhor; 2 Senhor, ouvi minha oração. Que vossos ouvidos estejam atentos à voz de minha súplica. 3 Se tiverdes em conta nossos pecados, Senhor, Senhor, quem poderá subsistir diante de vós? 4 Mas em vós se encontra o perdão dos pecados, para que, reverentes, vos sirvamos. 5 Ponho a minha esperança no Senhor. Minha alma tem confiança em sua palavra. 6 Minha alma espera pelo Senhor, mais ansiosa do que os vigias pela manhã. 7 Mais do que os vigias que aguardam a manhã, espere Israel pelo Senhor, porque junto ao Senhor se acha a misericórdia; encontra-se nele copiosa redenção. 8 E ele mesmo há de remir Israel de todas as suas iniqüidades.

130

1 Cântico das peregrinações. De Davi. Senhor, meu coração não se enche de orgulho, meu olhar não se levanta arrogante. Não procuro grandezas, nem coisas superiores a mim. 2 Ao contrário, mantenho em calma e sossego a minha alma, tal como uma criança no seio materno, assim está minha alma em mim mesmo. 3 Israel, põe tua esperança no Senhor, agora e para sempre.

131

1 Cântico das peregrinações. Senhor, lembrai-vos de Davi e de sua grande piedade, 2 como ele fez ao Senhor este juramento, e este voto ao Poderoso de Jacó: 3 Não entrarei na tenda em que moro, não me deitarei no leito de meu repouso, 4 não darei sono aos meus olhos, nem repouso às minhas pálpebras, 5 até que encontre uma residência para o Senhor, uma morada ao Poderoso de Jacó. 6 Ouvimos dizer que a arca estava em Éfrata, nós a encontramos nas campinas de Jaar. 7 Entremos em sua morada, prostremo-nos diante do escabelo de seus pés. 8 Levantai-vos, Senhor, para vir ao vosso repouso, vós e a arca de vossa majestade. 9 Vistam-se de justiça os vossos sacerdotes, e jubilosos cantem de alegria vossos fiéis. 10 Pelo nome de Davi, vosso servo, não rejeiteis a face daquele que vos é consagrado. 11 O Senhor fez a Davi um juramento, de que não há de se retratar: Colocarei em teu trono um descendente de tua raça. 12 Se teus filhos guardarem minha aliança e os preceitos que eu lhes hei de ensinar, também os descendentes deles, para sempre, sentar-se-ão em teu trono. 13 Porque o Senhor escolheu Sião, ele a preferiu para sua morada. 14 É aqui para sempre o lugar de meu repouso, é aqui que habitarei porque o escolhi. 15 Abençoarei copiosamente sua subsistência, fartarei de pão os seus pobres. 16 Revestirei de salvação seus sacerdotes, e seus fiéis exultarão de alegria. 17 Aí farei crescer o poder de Davi, aí prepararei uma lâmpada para o que me é consagrado. 18 Cobrirei de confusão seus inimigos; em sua fronte, porém, brilhará meu diadema.

132

1 Cântico das peregrinações. Oh, como é bom, como é agradável para irmãos unidos viverem juntos. 2 É como um óleo suave derramado sobre a fronte, e que desce para a barba, a barba de Aarão, para correr em seguida até a orla de seu manto. 3 É como o orvalho do Hermon, que desce pela colina de Sião; pois ali derrama o Senhor a vida e uma bênção eterna.

133

1 Cântico das peregrinações. E agora, bendizei ao Senhor, vós todos, servos do Senhor, vós que habitais na casa do Senhor, durante as horas da noite. 2 Levantai as mãos para o santuário, e bendizei ao Senhor. 3 De Sião te abençoe o Senhor, ele que fez o céu e a terra!

134

1 Aleluia. Louvai o nome do Senhor, louvai-o, servos do Senhor, 2 vós que estais no templo do Senhor, nos átrios da casa de nosso Deus. 3 Louvai o Senhor, porque ele é bom; cantai à glória de seu nome, porque ele é amável. 4 Pois o Senhor escolheu Jacó para si, ele tomou Israel por sua herança. 5 Em verdade, sei que o Senhor é grande, e nosso Deus é maior que todos os deuses. 6 O Senhor faz tudo o que lhe apraz, no céu e na terra, no mar e nas profundezas das águas. 7 Ele chama as nuvens dos confins da terra, faz chover em meio aos relâmpagos, solta o vento de seus reservatórios. 8 Foi ele que feriu os primogênitos do Egito, tanto dos homens como dos brutos. 9 Realizou em ti, Egito, sinais e prodígios, contra o faraó de todos os seus servos. 10 Abateu numerosas nações, e exterminou reis poderosos: 11 Seon, rei dos amorreus; Og, rei de Basã, assim como todos os reis de Canaã. 12 E deu a terra deles em herança, como patrimônio para Israel, seu povo. 13 Ó Senhor, vosso nome é eterno! Senhor, vossa lembrança passa de geração em geração, 14 pois o Senhor é o guarda de seu povo, e tem piedade de seus servos. 15 Os ídolos dos pagãos não passam de prata e ouro, são obras de mãos humanas. 16 Têm boca e não podem falar; têm olhos e não podem ver; 17 têm ouvidos e não podem ouvir. Não há respiração em sua boca. 18 Assemelhem-se a eles todos os que os fizeram, e todos os que neles confiam. 19 Casa de Israel, bendizei o Senhor; casa de Aarão, bendizei o Senhor; 20 casa de Levi, bendizei o Senhor. Vós todos que o servis, bendizei o Senhor. 21 De Sião seja bendito o Senhor, que habita em Jerusalém.

135

1 Aleluia. Louvai o Senhor, porque ele é bom, porque sua misericórdia é eterna. 2 Louvai o Deus dos deuses, porque sua misericórdia é eterna. 3 Louvai o Senhor dos senhores, porque sua misericórdia é eterna. 4 Só ele operou maravilhosos prodígios, porque sua misericórdia é eterna. 5 Ele criou os céus com sabedoria, porque sua misericórdia é eterna. 6 Ele estendeu a terra sobre as águas, porque sua misericórdia é eterna. 7 Ele fez os grandes luminares, porque sua misericórdia é eterna. 8 O sol que domina os dias, porque sua misericórdia é eterna. 9 A lua e as estrelas para presidirem a noite, porque sua misericórdia é eterna. 10 Ele feriu os primogênitos dos egípcios, porque sua misericórdia é eterna. 11 Ele tirou Israel do meio deles, porque sua misericórdia é eterna. 12 Graças à força de sua mão e ao vigor de seu braço, porque sua misericórdia é eterna. 13 Ele dividiu em dois o mar Vermelho, porque sua misericórdia é eterna. 14 Ele fez passar Israel pelo meio dele, porque sua misericórdia é eterna. 15 Ele precipitou no mar Vermelho o faraó e seu exército, porque sua misericórdia é eterna. 16 Ele conduziu seu povo através do deserto, porque sua misericórdia é eterna. 17 Ele abateu grandes reis, porque sua misericórdia é eterna. 18 Ele exterminou reis poderosos, porque sua misericórdia é eterna. 19 Seon, rei dos amorreus, porque sua misericórdia é eterna. 20 E Og, rei de Basã, porque sua misericórdia é eterna. 21 E deu a terra deles em herança, porque sua misericórdia é eterna. 22 Como patrimônio de Israel, seu servo, porque sua misericórdia é eterna. 23 Em nosso abatimento ele se lembrou de nós, porque sua misericórdia é eterna. 24 E nos livrou de nossos inimigos, porque sua misericórdia é eterna. 25 Ele dá alimento a todos os seres vivos, porque sua misericórdia é eterna. 26 Louvai o Deus do céu, porque sua misericórdia é eterna.

136

1 Às margens dos rios de Babilônia, nos assentávamos chorando, lembrando-nos de Sião. 2 Nos salgueiros daquela terra, pendurávamos, então, as nossas harpas, 3 porque aqueles que nos tinham deportado pediam-nos um cântico. Nossos opressores exigiam de nós um hino de alegria: Cantai-nos um dos cânticos de Sião. 4 Como poderíamos nós cantar um cântico do Senhor em terra estranha? 5 Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, que minha mão direita se paralise! 6 Que minha língua se me apegue ao paladar, se eu não me lembrar de ti, se não puser Jerusalém acima de todas as minhas alegrias. 7 Contra os filhos de Edom, lembrai-vos, Senhor, do dia da queda de Jerusalém, quando eles gritavam: Arrasai-a, arrasai-a até os seus alicerces! 8 Ó filha de Babilônia, a devastadora, feliz aquele que te retribuir o mal que nos fizeste! 9 Feliz aquele que se apoderar de teus filhinhos, para os esmagar contra o rochedo!

137

1 De Davi. Eu vos louvarei de todo o coração, Senhor, porque ouvistes as minhas palavras. Na presença dos anjos eu vos cantarei. 2 Ante vosso santo templo prostrar-me-ei, e louvarei o vosso nome, pela vossa bondade e fidelidade, porque acima de todas as coisas, exaltastes o vosso nome e a vossa promessa. 3 Quando vos invoquei, vós me respondestes; fizestes crescer a força de minha alma. 4 Hão de vos louvar, Senhor, todos os reis da terra, ao ouvirem as palavras de vossa boca. 5 E celebrarão os desígnios do Senhor: Verdadeiramente, grande é a glória do Senhor. 6 Sim, excelso é o Senhor, mas olha os pequeninos, enquanto seu olhar perscruta os soberbos. 7 Em meio à adversidade vós me conservais a vida, estendeis a mão contra a cólera de meus inimigos; salva-me a vossa mão. 8 O Senhor completará o que em meu auxílio começou. Senhor, eterna é a vossa bondade: não abandoneis a obra de vossas mãos.

138

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. Senhor, vós me perscrutais e me conheceis, 2 sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto. De longe penetrais meus pensamentos. 3 Quando ando e quando repouso, vós me vedes, observais todos os meus passos. 4 A palavra ainda me não chegou à língua, e já, Senhor, a conheceis toda. 5 Vós me cercais por trás e pela frente, e estendeis sobre mim a vossa mão. 6 Conhecimento assim maravilhoso me ultrapassa, ele é tão sublime que não posso atingi-lo. 7 Para onde irei, longe de vosso Espírito? Para onde fugir, apartado de vosso olhar? 8 Se subir até os céus, ali estareis; se descer à região dos mortos, lá vos encontrareis também. 9 Se tomar as asas da aurora, se me fixar nos confins do mar, 10 é ainda vossa mão que lá me levará, e vossa destra que me sustentará. 11 Se eu dissesse: Pelo menos as trevas me ocultarão, e a noite, como se fora luz, me há de envolver. 12 As próprias trevas não são escuras para vós, a noite vos é transparente como o dia e a escuridão, clara como a luz. 13 Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, vós me tecestes no seio de minha mãe. 14 Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso. Pelas vossas obras tão extraordinárias, conheceis até o fundo a minha alma. 15 Nada de minha substância vos é oculto, quando fui formado ocultamente, quando fui tecido nas entranhas subterrâneas. 16 Cada uma de minhas ações vossos olhos viram, e todas elas foram escritas em vosso livro; cada dia de minha vida foi prefixado, desde antes que um só deles existisse. 17 Ó Deus, como são insondáveis para mim vossos desígnios! E quão imenso é o número deles! 18 Como contá-los? São mais numerosos que a areia do mar; se pudesse chegar ao fim, seria ainda com vossa ajuda. 19 Oxalá extermineis os ímpios, ó Deus, e que se apartem de mim os sanguinários! 20 Eles se revoltam insidiosamente contra vós, perfidamente se insurgem vossos inimigos. 21 Pois não hei de odiar, Senhor, aos que vos odeiam? Aos que se levantam contra vós, não hei de abominá-los? 22 Eu os odeio com ódio mortal, eu os tenho em conta de meus próprios inimigos. 23 Perscrutai-me, Senhor, para conhecer meu coração; provai-me e conhecei meus pensamentos. 24 Vede se ando na senda do mal, e conduzi-me pelo caminho da eternidade.

139

1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. 2 Livrai-me, Senhor, do homem mau; preservai-me do homem violento, 3 daqueles que tramam o mal no coração, que provocam discórdias diariamente, 4 que aguçam a língua qual serpente, que ocultam nos lábios veneno viperino. 5 Salvai-me, Senhor, das mãos do ímpio; preservai-me do homem violento, daqueles que tramam minha queda. 6 Orgulhosos, armam laços contra mim e estendem suas redes, e junto ao caminho me colocam ciladas. 7 Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus. Escutai, Senhor, a voz de minha súplica. 8 Senhor Deus, meu poderoso apoio! Vós protegeis minha fronte no dia do combate. 9 Não atendais, Senhor, os desejos do ímpio, não deixeis que se cumpram seus desígnios. 10 Que não levantem a cabeça os que me cercam; sobre eles recaia a malícia de seus lábios. 11 Carvões ardentes chovam sobre eles: sejam lançados numa fossa de onde não se ergam mais. 12 Não terá duração na terra a má língua; o infortúnio surpreenderá o homem violento. 13 Sei que o Senhor defende o desvalido, e faz justiça aos pobres. 14 Sim, os justos celebrarão o vosso nome, e os retos poderão viver em vossa presença.

140

1 Salmo de Davi. Senhor, eu vos chamo, vinde logo em meu socorro; escutai a minha voz quando vos invoco. 2 Que minha oração suba até vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para vós sejam como a oferenda da tarde. 3 Ponde, Senhor, uma guarda em minha boca, uma sentinela à porta de meus lábios. 4 Não deixeis meu coração inclinar-se ao mal, para impiamente cometer alguma ação criminosa. Não permitais que eu tome parte nos festins dos homens que praticam o mal. 5 Se o justo me bate é um favor, se me repreende é como perfume em minha fronte. Minha cabeça não o rejeitará; porém, sob seus golpes, apenas rezarei. 6 Seus chefes foram precipitados pelas encostas do rochedo, e ouviram quão brandas eram as minhas palavras. 7 Como a terra fendida e sulcada pelo arado, assim seus ossos se dispersam à beira da região dos mortos. 8 Pois é para vós, Senhor, que se voltam os meus olhos; eu me refugio junto de vós, não me deixeis perecer. 9 Guardai-me do laço que me armaram, e das ciladas dos que praticam o mal. 10 Caiam os ímpios, de uma vez, nas próprias malhas; quanto a mim, que eu escape são e salvo.

141

1 Hino de Davi, quando estava na caverna. Oração. 2 Minha voz lança um grande brado ao Senhor, em alta voz imploro ao Senhor. 3 Ponho diante dele a minha inquietação, eu lhe exponho toda a minha angústia. 4 Na hora em que meu espírito desfalece, vós conheceis o meu caminho. Na senda em que ando, ocultaram-me um laço. 5 Olho para a direita e vejo: não há ninguém que cuide de mim. Não existe para mim um refúgio, ninguém que se interesse pela minha vida. 6 Eu vos chamo, Senhor, vós sois meu refúgio, meu quinhão na terra dos vivos. 7 Atendei ao meu clamor, porque estou numa extrema miséria. Livrai-me daqueles que me perseguem, porque são mais fortes do que eu. 8 Tirai-me desta prisão, para que possa agradecer ao vosso nome. Os justos virão rodear-me, quando me tiverdes feito este benefício.

142

1 Salmo de Davi. Senhor, ouvi a minha oração; pela vossa fidelidade, escutai a minha súplica, atendei-me em nome de vossa justiça. 2 Não entreis em juízo com o vosso servo, porque ninguém que viva é justo diante de vós. 3 O inimigo trama contra a minha vida, ele me prostrou por terra; relegou-me para as trevas com os mortos. 4 Desfalece-me o espírito dentro de mim, gela-me no peito o coração. 5 Lembro-me dos dias de outrora, penso em tudo aquilo que fizestes, reflito nas obras de vossas mãos. 6 Estendo para vós os braços; minha alma, como terra árida, tem sede de vós. 7 Apressai-vos em me atender, Senhor, pois estou a ponto de desfalecer. Não me oculteis a vossa face, para que não me torne como os que descem à sepultura. 8 Fazei-me sentir, logo, vossa bondade, porque ponho em vós a minha confiança. Mostrai-me o caminho que devo seguir, porque é para vós que se eleva a minha alma. 9 Livrai-me, Senhor, de meus inimigos, porque é em vós que ponho a minha esperança. 10 Ensinai-me a fazer vossa vontade, pois sois o meu Deus. Que vosso Espírito de bondade me conduza pelo caminho reto. 11 Por amor de vosso nome, Senhor, conservai-me a vida; em nome de vossa clemência, livrai minha alma de suas angústias. 12 Pela vossa bondade, destruí meus inimigos e exterminai todos os que me oprimem, pois sou vosso servo.

143

1 De Davi. Bendito seja o Senhor, meu rochedo, que adestra minhas mãos para o combate, meus dedos para a guerra; 2 meu benfeitor e meu refúgio, minha cidadela e meu libertador, meu escudo e meu asilo, que submete a mim os povos. 3 Que é o homem, Senhor, para cuidardes dele, que é o filho do homem para que vos ocupeis dele? 4 O homem é semelhante ao sopro da brisa, seus dias são como a sombra que passa. 5 Inclinai, Senhor, os vossos céus e descei, tocai as montanhas para que se abrasem, 6 fulminai o raio e dispersai-os, lançai vossas setas e afugentai-os. 7 Estendei do alto a vossa mão, tirai-me do caudal, das mãos do estrangeiro, 8 cuja boca só diz mentiras e cuja mão só faz juramentos falsos. 9 Ó Deus, cantar-vos-ei um cântico novo, louvar-vos-ei com a harpa de dez cordas. 10 Vós que aos reis dais a vitória, que livrastes Davi, vosso servo; 11 salvai-me da espada da malícia, e livrai-me das mãos de estrangeiros, cuja boca só diz mentiras e cuja mão só faz juramentos falsos. 12 Sejam nossos filhos como as plantas novas, que crescem na sua juventude; sejam nossas filhas como as colunas angulares esculpidas, como os pilares do templo. 13 Encham-se os nossos celeiros de frutos variados e abundantes, multipliquem-se aos milhares nossos rebanhos, por miríades cresçam eles em nossos campos; sejam fecundas as nossas novilhas. 14 Não haja brechas em nossos muros, nem ruptura, nem lamentações em nossas praças. 15 Feliz o povo agraciado com tais bens, feliz o povo cujo Deus é o Senhor.

144

1 Louvor. De Davi. Ó meu Deus, meu rei, eu vos glorificarei, e bendirei o vosso nome pelos séculos dos séculos. 2 Dia a dia vos bendirei, e louvarei o vosso nome eternamente. 3 Grande é o Senhor e sumamente louvável, insondável é a sua grandeza. 4 Cada geração apregoa à outra as vossas obras, e proclama o vosso poder. 5 Elas falam do brilho esplendoroso de vossa majestade, e publicam as vossas maravilhas. 6 Anunciam o formidável poder de vossas obras e narram a vossa grandeza. 7 Proclamam o louvor de vossa bondade imensa, e aclamam a vossa justiça. 8 O Senhor é clemente e compassivo, longânime e cheio de bondade. 9 O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se estende a todas as suas obras. 10 Glorifiquem-vos, Senhor, todas as vossas obras, e vos bendigam os vossos fiéis. 11 Que eles apregoem a glória de vosso reino, e anunciem o vosso poder, 12 para darem a conhecer aos homens a vossa força, e a glória de vosso reino maravilhoso. 13 Vosso reino é um reino eterno, e vosso império subsiste em todas as gerações. O Senhor é fiel em suas palavras, e santo em tudo o que faz. 14 O Senhor sustém os que vacilam, e soergue os abatidos. 15 Todos os olhos esperançosos se dirigem para vós, e a seu tempo vós os alimentais. 16 Basta abrirdes as mãos, para saciardes com benevolência todos os viventes. 17 O Senhor é justo em seus caminhos, e santo em tudo o que faz. 18 O Senhor se aproxima dos que o invocam, daqueles que o invocam com sinceridade. 19 Ele satisfará o desejo dos que o temem, ouvirá seus clamores e os salvará. 20 O Senhor vela por aqueles que o amam, mas exterminará todos os maus. 21 Que minha boca proclame o louvor do Senhor, e que todo ser vivo bendiga eternamente o seu santo nome.

145

1 Aleluia. Louva, ó minha alma, o Senhor! 2 Louvarei o Senhor por toda a vida. Salmodiarei ao meu Deus enquanto existir. 3 Não coloqueis nos poderosos a vossa confiança, são apenas homens nos quais não há salvação. 4 Quando se lhe for o espírito, ele voltará ao pó, e todos os seus projetos se desvanecerão de uma só vez. 5 Feliz aquele que tem por protetor o Deus de Jacó, que põe sua esperança no Senhor, seu Deus. 6 É esse o Deus que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que eles contêm; que é eternamente fiel à sua palavra, 7 que faz justiça aos oprimidos, e dá pão aos que têm fome. O Senhor livra os cativos; 8 o Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor ergue os abatidos; o Senhor ama os justos. 9 O Senhor protege os peregrinos, ampara o órfão e a viúva; mas entrava os desígnios dos pecadores. 10 O Senhor reinará eternamente; ó Sião, teu Deus é rei por toda a eternidade.

146

1 Salmo. Louvai o Senhor porque ele é bom; cantai ao nosso Deus porque ele é amável, e o louvor lhe convém. 2 O Senhor reconstrói Jerusalém, e congrega os dispersos de Israel. 3 Ele cura os que têm o coração ferido, e pensa-lhes as chagas. 4 É ele que fixa o número das estrelas, e designa cada uma por seu nome. 5 Grande é o Senhor nosso e poderosa a sua força; sua sabedoria não tem limites. 6 O Senhor eleva os humildes, mas abate os ímpios até a terra. 7 Cantai ao Senhor um cântico de gratidão, cantai ao nosso Deus com a harpa. 8 A ele que cobre os céus de nuvens, que faz cair a chuva à terra; a ele que faz crescer a relva nas montanhas, e germinar plantas úteis para o homem. 9 Que dá sustento aos rebanhos, aos filhotes dos corvos que por ele clamam. 10 Não é o vigor do cavalo que lhe agrada, nem ele se compraz nos jarretes do corredor. 11 Agradam ao Senhor somente os que o temem, e confiam em sua misericórdia.

147

1 (12) Salmo. Louva, ó Jerusalém, ao Senhor; louva o teu Deus, ó Sião, 2 (13) porque ele reforçou os ferrolhos de tuas portas, e abençoou teus filhos em teu seio. 3 (14) Estabeleceu a paz em tuas fronteiras, e te nutre com a flor do trigo. 4 (15) Ele revelou sua palavra a Jacó, e aí ela corre velozmente. 5 (16) Ele faz cair a neve como lã, espalha a geada, como cinza. 6 (17) Atira o seu granizo como migalhas de pão, diante de seu frio as águas se congelam. 7 (18) À sua ordem, porém, elas se derretem; faz soprar o vento e as águas correm de novo. 8 (19) Ele revelou sua palavra a Jacó, sua lei e seus preceitos a Israel. 9 (20) Com nenhum outro povo agiu assim, a nenhum deles manifestou seus mandamentos.

148

1 Aleluia. Nos céus, louvai o Senhor, louvai-o nas alturas do firmamento. 2 Louvai-o, todos os seus anjos. Louvai-o, todos os seus exércitos. 3 Louvai-o, sol e lua; louvai-o, astros brilhantes. 4 Louvai-o, céus dos céus, e vós, ó oceanos dos espaços celestes. 5 Louvem o nome do Senhor, porque ele mandou e tudo foi criado. 6 Tudo estabeleceu pela eternidade dos séculos; fixou-lhes uma lei que não será violada. 7 Na terra, louvai o Senhor, cetáceos e todos das profundezas do mar; 8 fogo e granizo, neve e neblina; vendaval proceloso dócil às suas ordens; 9 montanhas e colinas, árvores frutíferas, árvores silvestres; 10 feras e rebanhos, répteis e aves; 11 reis da terra e todos os seus povos; príncipes e juízes do mundo; 12 jovens e donzelas; velhos e crianças! 13 Louvem todos o nome do Senhor, porque só o seu nome é excelso. Sua majestade transcende a terra e o céu, 14 e conferiu a seu povo um grande poder. Louvem-no todos os seus fiéis, filhos de Israel, povo a ele mais chegado.

149

1 Aleluia. Cantai ao Senhor um cântico novo, ressoe o seu louvor na assembléia dos fiéis. 2 Alegre-se Israel em seu criador, exultem em seu rei os filhos de Sião. 3 Em coros louvem o seu nome, cantem-lhe salmos com o tambor e a cítara, 4 porque o Senhor ama o seu povo, e dá aos humildes a honra da vitória. 5 Exultem os fiéis na glória, alegrem-se em seus leitos. 6 Tenham nos lábios o louvor de Deus, e nas mãos a espada de dois gumes, 7 para tirar vingança das nações pagãs, e impor castigos aos povos; 8 para lançar em ferros os seus reis, e pôr algemas em seus príncipes, 9 executando contra eles o julgamento pronunciado. Tal é a glória reservada a todos os seus fiéis.

150

1 Aleluia. Louvai o Senhor em seu santuário, louvai-o em seu majestoso firmamento. 2 Louvai-o por suas obras maravilhosas, louvai-o por sua majestade infinita. 3 Louvai-o ao som da trombeta, louvai-o com a lira e a cítara. 4 Louvai-o com tímpanos e danças, louvai-o com a harpa e a flauta. 5 Louvai-o com címbalos sonoros, louvai-o com címbalos retumbantes. Tudo o que respira louve o Senhor!



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