Dringende Appelle

Bíblia Sagrada

Livro dos Provérbios


1

1 Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel, 2 para conhecer a sabedoria e a instrução, para compreender as palavras sensatas, 3 para adquirir as lições do bom senso, da justiça, da eqüidade e da retidão; 4 para dar aos simples o discernimento, ao adolescente a ciência e a reflexão. 5 Que o sábio escute, e aumentará seu saber, e o homem inteligente adquirirá prudência 6 para compreender os provérbios, as alegorias, as máximas dos sábios e seus enigmas. 7 O temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução. 8 Ouve, meu filho, a instrução de teu pai: não desprezes o ensinamento de tua mãe. 9 Isto será, pois, um diadema de graça para tua cabeça e um colar para teu pescoço. 10 Meu filho, se pecadores te quiserem seduzir, não consintas; 11 se te disserem: Vem conosco, faremos emboscadas, para (derramar) sangue, armaremos ciladas ao inocente, sem motivo, 12 como a região dos mortos devoremo-lo vivo, inteiro, como aquele que desce à cova. 13 Nós acharemos toda a sorte de coisas preciosas, nós encheremos nossas casas de despojos. 14 Tu desfrutarás tua parte conosco, uma só será a bolsa comum de todos nós! 15 Oh, não andes com eles, afasta teus passos de suas sendas, 16 porque seus passos se dirigem para o mal, e se apressam a derramar sangue. 17 Debalde se lança a rede diante daquele que tem asas. 18 Eles mesmos armam emboscadas contra seu próprio sangue e se enganam a si mesmos. 19 Tal é a sorte de todo homem ávido de riqueza: arrebata a vida àquele que a detém. 20 A Sabedoria clama nas ruas, eleva sua voz na praça, 21 clama nas esquinas da encruzilhada, à entrada das portas da cidade ela faz ouvir sua voz: e até quando os que zombam se comprazerão na zombaria? 22 Até quando, insensatos, amareis a tolice, e os tolos odiarão a ciência? 23 Convertei-vos às minhas admoestações, espalharei sobre vós o meu espírito, ensinar-vos-ei minhas palavras. 24 Uma vez que recusastes o meu chamado e ninguém prestou atenção quando estendi a mão, 25 uma vez que negligenciastes todos os meus conselhos e não destes ouvidos às minhas admoestações, 26 também eu me rirei do vosso infortúnio e zombarei, quando vos sobrevier um terror, 27 quando vier sobre vós um pânico, como furacão; quando se abater sobre vós a calamidade, como a tempestade; e quando caírem sobre vós tribulação e angústia. 28 Então me chamarão, mas não responderei; procurar-me-ão, mas não atenderei. 29 Porque detestam a ciência sem lhe antepor o temor do Senhor, 30 porque repelem meus conselhos com desprezo às minhas exortações; 31 comerão do fruto dos seus erros e se saciarão com seus planos, 32 porque a apostasia dos tolos os mata e o desleixo dos insensatos os perde. 33 Aquele que me escuta, porém, habitará com segurança, viverá tranqüilo, sem recear dano algum.

2

1 Meu filho, se acolheres minhas palavras e guardares com carinho meus preceitos, 2 ouvindo com atenção a sabedoria e inclinando teu coração para o entendimento; 3 se tu apelares à penetração, se invocares a inteligência, 4 buscando-a como se procura a prata; se a pesquisares como um tesouro, 5 então compreenderás o temor do Senhor, e descobrirás o conhecimento de Deus, 6 porque o Senhor é quem dá a sabedoria, e de sua boca é que procedem a ciência e a prudência. 7 Ele reserva para os retos a salvação e é um escudo para os que caminham com integridade; 8 protege as sendas da retidão e guarda o caminho de seus fiéis. 9 Então compreenderás a justiça e a eqüidade, a retidão e todos os caminhos que conduzem ao bem. 10 Quando a sabedoria penetrar em teu coração e o saber deleitar a tua alma, 11 a reflexão velará sobre ti, amparar-te-á a razão, 12 para preservar-te do mau caminho, do homem de conversas tortuosas 13 que abandona o caminho reto para percorrer caminhos tenebrosos; 14 que se compraz em praticar o mal e se alegra com a maldade; 15 do homem cujos caminhos são tortuosos e os trilhos sinuosos. 16 Ela te preservará da mulher alheia, da estranha que emprega palavras lisonjeiras, 17 que abandona o esposo de sua juventude e se esquece da aliança de seu Deus. 18 Sua casa declina para a morte, seu caminho leva aos lugares sombrios; 19 não retornam os que a buscam, nem encontram as veredas da vida. 20 Assim tu caminharás pela estrada dos bons e seguirás as pegadas dos justos, 21 porque os homens retos habitarão a terra, e os homens íntegros nela permanecerão, 22 enquanto os maus serão arrancados da terra e os pérfidos dela serão exterminados.

3

1 Meu filho, não te esqueças de meu ensinamento e guarda meus preceitos em teu coração 2 porque, com longos dias e anos de vida, assegurar-te-ão eles a felicidade. 3 Oxalá a bondade e a fidelidade não se afastem de ti! Ata-as ao teu pescoço, grava-as em teu coração! 4 Assim obterás graça e reputação aos olhos de Deus e dos homens. 5 Que teu coração deposite toda a sua confiança no Senhor! Não te firmes em tua própria sabedoria! 6 Sejam quais forem os teus caminhos, pensa nele, e ele aplainará tuas sendas. 7 Não sejas sábio aos teus próprios olhos, teme o Senhor e afasta-te do mal. 8 Isto será saúde para teu corpo e refrigério para teus ossos. 9 Honra o Senhor com teus haveres, e com as primícias de todas as tuas colheitas. 10 Então, teus celeiros se abarrotarão de trigo e teus lagares transbordarão de vinho. 11 Meu filho, não desprezes a correção do Senhor, nem te espantes de que ele te repreenda, 12 porque o Senhor castiga aquele a quem ama, e pune o filho a quem muito estima. 13 Feliz do homem que encontrou a sabedoria, daquele que adquiriu a inteligência, 14 porque mais vale este lucro que o da prata, e o fruto que se obtém é melhor que o fino ouro. 15 Ela é mais preciosa que as pérolas, jóia alguma a pode igualar. 16 Na mão direita ela sustenta uma longa vida; na esquerda, riqueza e glória. 17 Seus caminhos estão semeados de delícias. Suas veredas são pacíficas. 18 É uma árvore de vida para aqueles que lançarem mãos dela. Quem a ela se apega é um homem feliz. 19 Foi pela sabedoria que o Senhor criou a terra, foi com inteligência que ele formou os céus. 20 Foi pela ciência que se fenderam os abismos, por ela as nuvens destilam o orvalho. 21 Meu filho, guarda a sabedoria e a reflexão, não as percas de vista. 22 Elas serão a vida de tua alma e um adorno para teu pescoço. 23 Então caminharás com segurança, sem que o teu pé tropece. 24 Se te deitares, não terás medo. Uma vez deitado, teu sono será doce. 25 Não terás a recear nem terrores repentinos, nem a tempestade que cai sobre os ímpios, 26 porque o Senhor é tua segurança e preservará teu pé de toda cilada. 27 Não negues um benefício a quem o solicita, quando está em teu poder conceder-lho. 28 Não digas ao teu próximo: Vai, volta depois! Eu te darei amanhã, quando dispões de meios. 29 Não maquines o mal contra teu vizinho, quando ele habita com toda a confiança perto de ti. 30 Não litigues com alguém sem ter motivo, se esse alguém não te fez mal algum. 31 Não invejes o homem violento, nem adotes o seu procedimento, 32 porque o Senhor detesta o que procede mal, mas reserva sua intimidade para os homens retos. 33 Sobre a casa do ímpio pesa a maldição divina, a bênção do Senhor repousa sobre a habitação do justo. 34 Se ele escarnece dos zombadores, concede a graça aos humildes. 35 A glória será o prêmio do sábio, a ignomínia será a herança dos insensatos.

4

1 Ouvi, filhos meus, a instrução de um pai; sede atentos, para adquirir a inteligência, 2 porque é sã a doutrina que eu vos dou; não abandoneis o meu ensino. 3 Fui um (verdadeiro) filho para meu pai, terno e amado junto de minha mãe. 4 Deu-me ele este conselho: Que teu coração retenha minhas palavras; guarda meus preceitos e viverás. 5 Adquire sabedoria, adquire perspicácia, não te esqueças de nada, não te desvies de meus conselhos. 6 Não abandones a sabedoria, ela te guardará; ama-a, ela te protegerá. 7 Eis o princípio da sabedoria: adquire a sabedoria. Adquire a inteligência em troca de tudo o que possuis. 8 Tem-na em grande estima, ela te exaltará, glorificar-te-á quando a abraçares, 9 colocará sobre tua fronte uma graciosa coroa, outorgar-te-á um magnífico diadema. 10 Ouve, meu filho, recebe minhas palavras e se multiplicarão os anos de tua vida. 11 É o caminho da sabedoria que te mostro, é pela senda da retidão que eu te guiarei. 12 Se nela caminhares, teus passos não serão dificultosos; se correres, não tropeçarás. 13 Aferra-te à instrução, não a soltes, guarda-a, porque ela é tua vida. 14 Na estrada dos ímpios não te embrenhes, não sigas pelo caminho dos maus. 15 Evita-o, não passes por ele, desvia-te e toma outro, 16 Porque eles não dormiriam sem antes haverem praticado o mal, não conciliariam o sono se não tivessem feito cair alguém, 17 tanto mais que a maldade é o pão que comem e a violência, o vinho que bebem. 18 Mas a vereda dos justos é como a aurora, cujo brilho cresce até o dia pleno. 19 A estrada dos iníquos é tenebrosa, não percebem aquilo em que hão de tropeçar. 20 Meu filho, ouve as minhas palavras, inclina teu ouvido aos meus discursos. 21 Que eles não se afastem dos teus olhos, conserva-os no íntimo do teu coração, 22 pois são vida para aqueles que os encontram, saúde para todo corpo. 23 Guarda teu coração acima de todas as outras coisas, porque dele brotam todas as fontes da vida. 24 Preserva tua boca da malignidade, longe de teus lábios a falsidade! 25 Que teus olhos vejam de frente e que tua vista perceba o que há diante de ti! 26 Examina o caminho onde colocas os pés e que sejam sempre retos! 27 Não te desvies nem para a direita nem para a esquerda, e retira teu pé do mal.

5

1 Meu filho, atende à minha sabedoria, presta atenção à minha razão, 2 a fim de conservares o sentido das coisas e guardares a ciência em teus lábios. 3 Porque os lábios da mulher alheia destilam o mel; seu paladar é mais oleoso que o azeite. 4 No fim, porém, é amarga como o absinto, aguda como a espada de dois gumes. 5 Seus pés se encaminham para a morte, seus passos atingem a região dos mortos. 6 Longe de andarem pela vereda da vida, seus passos se extraviam, sem saber para onde. 7 Escutai-me, pois, meus filhos, não vos aparteis das palavras de minha boca. 8 Afasta dela teu caminho, não te aproximes da porta de sua casa, 9 para que não seja entregue a outros tua fortuna e tua vida a um homem cruel; 10 para que estranhos não se fartem de teus haveres e o fruto de teu trabalho não passe para a casa alheia; 11 para que não gemas no fim, quando forem consumidas tuas carnes e teu corpo 12 e tiveres que dizer: Por que odiei a disciplina, e meu coração desdenhou a correção? 13 Por que não ouvi a voz de meus mestres, nem dei ouvido aos meus educadores? 14 Por pouco eu chegaria ao cúmulo da desgraça no meio da assembléia do povo. 15 Bebe a água do teu poço e das correntes de tua cisterna. 16 Derramar-se-ão tuas fontes por fora e teus arroios nas ruas? 17 Sejam eles para ti só, sem que os estranhos neles tomem parte. 18 Seja bendita a tua fonte! Regozija-te com a mulher de tua juventude, 19 corça de amor, serva encantadora. Que sejas sempre embriagado com seus encantos e que seus amores te embriaguem sem cessar! 20 Por que hás de te enamorar de uma alheia e abraçar o seio de uma estranha? 21 Pois o Senhor olha os caminhos dos homens e observa todas as suas veredas. 22 O homem será preso por suas próprias faltas e ligado com as cadeias de seu pecado. 23 Perecerá por falta de correção e se desviará pelo excesso de sua loucura.

6

1 Meu filho, se ficaste por fiador do teu próximo, se estendeste a mão a um estranho, 2 se te ligaste com as palavras de teus lábios, se ficaste cativo com a tua própria linguagem, 3 faze, pois, meu filho, o que te digo: livra-te, pois caíste nas mãos do teu próximo; vai, apressa-te, solicita-o com instância, 4 não concedas sono aos teus olhos, nem repouso às tuas pálpebras. 5 Salva-te como a gazela [do caçador], e como o pássaro das mãos do que arma laços. 6 Vai, ó preguiçoso, ter com a formiga, observa seu proceder e torna-te sábio: 7 ela não tem chefe, nem inspetor, nem mestre; 8 prepara no verão sua provisão, apanha no tempo da ceifa sua comida. 9 Até quando, ó preguiçoso, dormirás? Quando te levantarás de teu sono? 10 Um pouco para dormir, outro pouco para dormitar, outro pouco para cruzar as mãos no seu leito, 11 e a indigência virá sobre ti como um ladrão; a pobreza, como um homem armado. 12 É um homem perverso, um iníquo aquele que caminha com falsidade na boca; 13 pisca os olhos, bate com o pé, faz sinais com os dedos; 14 só há perversidade em seu coração, não cessa de maquinar o mal, e de semear questões. 15 Por isso, repentinamente, virá sua ruína, de improviso ficará irremediavelmente quebrantado. 16 Seis coisas há que o Senhor odeia e uma sétima que lhe é uma abominação: 17 olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, 18 um coração que maquina projetos perversos, pés pressurosos em correr ao mal, 19 um falso testemunho que profere mentiras e aquele que semeia discórdias entre irmãos. 20 Guarda, filho meu, os preceitos de teu pai, não desprezes o ensinamento de tua mãe. 21 Traze-os constantemente ligados ao teu coração e presos ao teu pescoço. 22 Servir-te-ão de guia ao caminhares, de guarda ao dormires e falarão contigo ao despertares, 23 porque o preceito é uma tocha, o ensinamento é uma luz, a correção e a disciplina são o caminho da vida, 24 para te preservar da mulher corrupta e da língua lisonjeira da estranha. 25 Não cobices sua formosura em teu coração, não te deixes prender por seus olhares; 26 por uma meretriz o homem se reduz a um pedaço de pão, e a mulher adúltera arrebata a vida preciosa do homem. 27 Porventura pode alguém esconder fogo em seu seio sem que suas vestes se inflamem? 28 Pode caminhar sobre brasas sem que seus pés se queimem? 29 Assim o que vai para junto da mulher do seu próximo não ficará impune depois de a tocar. 30 Não se despreza o ladrão que furta para satisfazer seu apetite, quando tem fome; 31 se for preso, restituirá sete vezes mais e entregará todos os bens de sua casa. 32 Quem comete adultério carece de senso, é por sua própria culpa que um homem assim procede. 33 Só encontrará infâmia e ignomínia e seu opróbrio não se apagará, 34 porque o marido, furioso e ciumento, não perdoará no dia da vingança, 35 não se aplacará por resgate algum, nem aceitará nada, se multiplicares os presentes.

7

1 Meu filho, guarda minhas palavras, conserva contigo meus preceitos. Observa meus mandamentos e viverás. 2 Guarda meus ensinamentos como a pupila de teus olhos. 3 Traze-os ligados aos teus dedos, grava-os em teu coração. 4 Dize à sabedoria: Tu és minha irmã, e chama a inteligência minha amiga, 5 para que elas te guardem da mulher alheia, da estranha que tem palavras lúbricas. 6 Estava eu atrás da janela de minha casa, olhava por entre as grades. 7 Vi entre os imprudentes, entre os jovens, um adolescente incauto: 8 passava ele na rua perto da morada de uma destas mulheres e entrava na casa dela. 9 Era ao anoitecer, na hora em que surge a obscuridade da noite. 10 Eis que uma mulher sai-lhe ao encontro, ornada como uma prostituta e o coração dissimulado. 11 Inquieta e impaciente, seus pés não podem parar em casa; 12 umas vezes na rua, outras na praça, em todos os cantos ela está de emboscada. 13 Abraça o jovem e o beija, e com um semblante descarado diz-lhe: 14 Tinha que oferecer sacrifícios pacíficos, hoje cumpri meu voto. 15 Por isso saí ao teu encontro para te procurar! E achei-te! 16 Ornei minha cama com tapetes, com estofos recamados de rendas do Egito. 17 Perfumei meu leito com mirra, com aloés e cinamomo. 18 Vem! Embriaguemo-nos de amor até o amanhecer, desfrutemos as delícias da voluptuosidade; 19 pois o marido não está em casa: partiu para uma longa viagem, 20 levou consigo uma bolsa cheia de dinheiro e só voltará lá pela lua cheia. 21 Seduziu-o à força de palavras e arrastou-o com as lisonjas de seus lábios. 22 Põe-se ele logo a segui-la, como um boi que é levado ao matadouro, como um cervo que se lança nas redes, 23 até que uma flecha lhe traspassa o fígado, como o pássaro que se precipita para o laço sem saber que se trata dum perigo para sua vida. 24 E agora, meus filhos, ouvi-me, prestai atenção às minhas palavras. 25 Que vosso coração não se deixe arrastar para seguir essa mulher, nem vos extravieis em suas veredas, 26 porque numerosos são os feridos por ela e considerável é a multidão de suas vítimas. 27 Sua casa é o caminho da região dos mortos, que conduz às entranhas da morte.

8

1 Por ventura não clama a Sabedoria e a inteligência não eleva a sua voz? 2 No cume das montanhas posta-se ela, e nas encruzilhadas dos caminhos. 3 Alça sua voz na entrada das torres, junto às portas, nas proximidades da cidade. 4 É a vós, ó homens, que eu apelo; minha voz se dirige aos filhos dos homens. 5 Ó simples, aprendei a prudência, adquiri a inteligência, ó insensatos. 6 Prestai atenção, pois! Coisas magníficas vos anuncio, de meus lábios só sairá retidão, 7 porque minha boca proclama a verdade e meus lábios detestam a iniqüidade. 8 Todas as palavras de minha boca são justas, nelas nada há de falso nem de tortuoso. 9 São claras para os que as entendem e retas para o que chegou à ciência. 10 Recebei a instrução e não o dinheiro. Preferi a ciência ao fino ouro, 11 pois a Sabedoria vale mais que as pérolas e jóia alguma a pode igualar. 12 Eu, a Sabedoria, sou amiga da prudência, possuo uma ciência profunda. 13 O temor do Senhor é o ódio ao mal. Orgulho, arrogância, caminho perverso, boca mentirosa: eis o que eu detesto. 14 Meu é o conselho e o bom êxito, minha a inteligência, minha a força. 15 Por mim reinam os reis e os legisladores decretam a justiça; 16 por mim governam os magistrados e os magnatas regem a terra. 17 Amo os que me amam. Quem me procura, encontra-me. 18 Comigo estão a riqueza e a glória, os bens duráveis e a justiça. 19 Mais precioso que o mais fino ouro é o meu fruto, meu produto tem mais valor que a mais fina prata. 20 Sigo o caminho da justiça, no meio da senda da eqüidade. 21 Deixo os meus haveres para os que me amam e acumulo seus tesouros. 22 O Senhor me criou, como primícia de suas obras, desde o princípio, antes do começo da terra. 23 Desde a eternidade fui formada, antes de suas obras dos tempos antigos. 24 Ainda não havia abismo quando fui concebida, e ainda as fontes das águas não tinham brotado. 25 Antes que assentados fossem os montes, antes dos outeiros, fui dada à luz; 26 antes que fossem feitos a terra e os campos e os primeiros elementos da poeira do mundo. 27 Quando ele preparava os céus, ali estava eu; quando traçou o horizonte na superfície do abismo, 28 quando firmou as nuvens no alto, quando dominou as fontes do abismo, 29 quando impôs regras ao mar, para que suas águas não transpusessem os limites, quando assentou os fundamentos da terra, 30 junto a ele estava eu como artífice, brincando todo o tempo diante dele, 31 brincando sobre o globo de sua terra, achando as minhas delícias junto aos filhos dos homens. 32 E agora, meus filhos, escutai-me: felizes aqueles que guardam os meus caminhos. 33 Ouvi minha instrução para serdes sábios, não a rejeiteis. 34 Feliz o homem que me ouve e que vela todos os dias à minha porta e guarda os umbrais de minha casa! 35 Pois quem me acha encontra a vida e alcança o favor do Senhor. 36 Mas quem me ofende, prejudica-se a si mesmo; quem me odeia, ama a morte.

9

1 A Sabedoria edificou sua casa, talhou sete colunas. 2 Matou seus animais, preparou seu vinho e dispôs a mesa. 3 Enviou servas, para que anunciassem nos pontos mais elevados da cidade: 4 Quem for simples apresente-se! Aos insensatos ela disse: 5 Vinde comer o meu pão e beber o vinho que preparei. 6 Deixai a insensatez e vivereis; andai direito no caminho da inteligência! 7 Quem censura um mofador, atrai sobre si a zombaria; o que repreende o ímpio, arrisca-se a uma afronta. 8 Não repreendas o mofador, pois ele te odiará. Repreende o sábio e ele te amará. 9 Dá ao sábio: tornar-se-á ele mais sábio ainda, ensina ao justo e seu saber aumentará. 10 O temor do Senhor é o princípio da Sabedoria, e o conhecimento do Santo é a inteligência, 11 porque por mim se multiplicarão teus dias e ser-te-ão acrescentados anos de vida. 12 Se tu és sábio, é para teu bem que o és, mas se tu és um mofador, só tu sofrerás as conseqüências. 13 A senhora Loucura é irrequieta, uma tola que não sabe nada. 14 Ela se assenta à porta de sua casa, numa cadeira, nos pontos mais altos da cidade, 15 para convidar os viandantes que seguem direito seu caminho. 16 Quem for simples venha para cá! Aos insensatos, ela diz: 17 As águas furtivas são mais doces e o pão tomado às escondidas é mais delicioso. 18 Ignora ele que ali há sombras e que os convidados [da senhora Loucura] jazem nas profundezas da região dos mortos.

10

1 O filho sábio é a alegria de seu pai; o insensato, porém, a aflição de sua mãe. 2 Tesouros mal adquiridos de nada servem, mas a justiça livra da morte. 3 O Senhor não deixa o justo passar fome, mas repele a cobiça do ímpio. 4 A mão preguiçosa causa a indigência; a mão diligente se enriquece. 5 Quem recolhe no verão é um filho prudente; quem dorme na ceifa merece a vergonha. 6 As bênçãos descansam sobre a cabeça do justo, mas a boca dos maus oculta a injustiça. 7 A memória do justo alcança as bênçãos; o nome dos ímpios apodrecerá. 8 O sábio de coração recebe os preceitos, mas o insensato caminha para a ruína. 9 Quem anda na integridade caminha com segurança, mas quem emprega astúcias será descoberto. 10 Quem pisca os olhos traz desgosto, mas o que repreende com franqueza procura a paz. 11 A boca do justo é uma fonte de vida; a do ímpio, porém, esconde injustiça. 12 O ódio desperta rixas; a caridade, porém, supre todas as faltas. 13 Nos lábios do sábio encontra-se a sabedoria; no dorso do insensato a correção. 14 Os sábios entesouram a sabedoria, mas a boca do tolo é uma desgraça sempre ameaçadora. 15 A fortuna do rico é a sua cidade forte; a pobreza dos indigentes ocasiona-lhes ruína. 16 O salário do justo é para a vida; o fruto do ímpio produz o pecado. 17 O que observa a disciplina está no caminho da vida; anda errado o que esquece a repressão. 18 Quem dissimula o ódio é um mistificador; um insensato o que profere calúnias. 19 Não pode faltar o pecado num caudal de palavras; quem modera os lábios é um homem prudente. 20 A língua do justo é prata finíssima; o coração dos maus, porém, para nada serve. 21 Os lábios dos justos nutrem a muitos; mas os néscios perecem por falta de inteligência. 22 É a bênção do Senhor que enriquece; o labor nada acrescenta a ela. 23 É um divertimento para o ímpio praticar o mal; e para o sensato, ser sábio. 24 O que receia o mal, este cai sobre ele. O desejo do justo lhe é concedido. 25 Quando passa a tormenta, desaparece o perverso, mas o justo descansa sobre fundamentos duráveis. 26 Como o vinagre nos dentes e a fumaça nos olhos, assim é o preguiçoso para os que o mandam. 27 O temor do Senhor prolonga os dias, mas os anos dos ímpios serão abreviados. 28 A expectativa dos justos causa alegria; a esperança dos ímpios, porém, perecerá. 29 Para o homem íntegro o Senhor é uma fortaleza, mas é a ruína dos que fazem o mal. 30 Jamais o justo será abalado, mas os ímpios não habitarão a terra. 31 A boca do justo produz sabedoria, mas a língua perversa será arrancada. 32 Os lábios do justo sabem dizer o que é agradável; a boca dos maus, o que é mal.

11

1 A balança fraudulenta é abominada pelo Senhor, mas o peso justo lhe é agradável. 2 Vindo o orgulho, virá também a ignomínia, mas a sabedoria mora com os humildes. 3 A integridade dos justos serve-lhes de guia; mas a perversidade dos pérfidos arrasta-os à ruína. 4 No dia da cólera a riqueza não terá proveito, mas a justiça salva da morte. 5 A justiça do homem íntegro aplana-lhe o caminho, mas o ímpio se abisma em sua própria impiedade. 6 A justiça dos retos os salva, mas em sua própria cobiça os pérfidos se prendem. 7 Morto o ímpio, desaparece sua esperança, a esperança dos iníquos perecerá. 8 O justo livra-se da angústia; em seu lugar cai o malvado. 9 Com os lábios, o hipócrita arruína o seu próximo, mas os justos serão salvos pela ciência. 10 Com a felicidade dos justos, exulta a cidade; com a perdição dos ímpios solta brados de alegria. 11 Uma cidade prospera pela bênção dos justos, mas é destruída pelas palavras dos maus. 12 Quem despreza seu próximo demonstra falta de senso; o homem sábio guarda silêncio. 13 O perverso trai os segredos, enquanto um coração leal os mantém ocultos. 14 Por falta de direção cai um povo; onde há muitos conselheiros, ali haverá salvação. 15 Quem fica por fiador de um estranho cairá na desventura; o que evita os laços viverá tranqüilo. 16 Uma mulher graciosa obtém honras, mas os laboriosos alcançam fortuna. 17 O homem liberal faz bem a si próprio, mas o cruel prejudica a sua própria carne. 18 O ímpio obtém um lucro falaz, mas o que semeia justiça receberá uma recompensa certa. 19 Quem pratica a justiça o faz para a vida, mas quem segue o mal corre para a morte. 20 Os homens de coração perverso são odiosos ao Senhor; os de conduta íntegra são objeto de seus favores. 21 Na verdade, o iníquo não ficará impune, mas a posteridade dos justos será salva. 22 Um anel de ouro no focinho de um porco: tal é a mulher formosa e insensata. 23 O desejo dos justos é unicamente o bem; o que espera os ímpios é a cólera. 24 Há quem dá com liberalidade e obtém mais. Outros poupam demais e vivem na indigência. 25 A alma generosa será cumulada de bens; e o que largamente dá, largamente receberá. 26 O povo amaldiçoa o que esconde o trigo, mas a bênção virá sobre a cabeça dos que o vendem. 27 Quem investiga o bem busca o favor; o que busca o mal será por ele oprimido. 28 Quem confia em sua riqueza cairá, enquanto os justos reverdecerão como a folhagem. 29 O que perturba sua casa herda o vento, e o néscio será escravo do sábio. 30 O fruto do justo é uma árvore de vida; o que conquista as almas é sábio. 31 Se o justo recebe na terra sua recompensa, quanto mais o perverso e o pecador!

12

1 Aquele que ama a correção ama a ciência, mas o que detesta a reprimenda é um insensato. 2 O homem de bem alcança a benevolência do Senhor; o Senhor condena o homem que premedita o mal. 3 Não se firma o homem pela impiedade, mas a raiz dos justos não será abalada. 4 Uma mulher virtuosa é a coroa de seu marido, mas a insolente é como a cárie nos seus ossos. 5 Os pensamentos dos justos são cheios de retidão; as tramas dos perversos são cheias de dolo. 6 As palavras dos ímpios são ciladas mortíferas, enquanto a boca dos justos os salva. 7 Transtornados, os ímpios não subsistirão, mas a casa dos justos permanecerá firme. 8 Avalia-se um homem segundo a sua inteligência, mas o perverso de coração incorrerá em desprezo. 9 Mais vale um homem humilde, que tem um servo, que o jactancioso, que não tem o que comer. 10 O justo cuida das necessidades do seu gado, mas cruéis são as entranhas do ímpio. 11 Quem cultiva sua terra será saciado de pão; quem procura as futilidades é um insensato. 12 O ímpio cobiça o laço do perverso, mas a raiz do justo produz fruto. 13 No pecado dos lábios há uma cilada funesta, mas o justo livra-se da angústia. 14 O homem se farta com o fruto de sua boca; cada qual recebe a recompensa da obra de suas mãos. 15 Ao insensato parece reto seu caminho, enquanto o sábio ouve os conselhos. 16 O louco mostra logo a sua irritação; o circunspecto dissimula o ultraje. 17 O homem sincero anuncia a justiça; a testemunha falsa profere mentira. 18 O falador fere com golpes de espada; a língua dos sábios, porém, cura. 19 Os lábios sinceros permanecem sempre constantes; a língua mentirosa dura como um abrir e fechar de olhos. 20 No coração dos que tramam males há engano; a alegria está naqueles que dão conselhos de paz. 21 Ao justo nenhum mal pode abater, mas os maus enchem-se de tristezas. 22 Os lábios mentirosos são abominação para o Senhor, mas os que procedem com fidelidade agradam-lhe. 23 O homem prudente oculta sua sabedoria; o coração dos insensatos proclama sua própria loucura. 24 A mão diligente dominará; a mão preguiçosa torna-se tributária. 25 A aflição no coração do homem o deprime; uma boa palavra restitui-lhe a alegria. 26 O justo guia seu companheiro, mas o caminho dos ímpios os perde. 27 O indolente não assa o que caçou; um homem diligente, porém, é um tesouro valioso. 28 A vida está na vereda da justiça; o caminho do ódio, porém, conduz à morte.

13

1 Um filho sábio ama a disciplina, mas o incorrigível não aceita repreensões. 2 O homem de bem goza do fruto de sua boca, mas o desejo dos pérfidos é a violência. 3 Quem vigia sua boca guarda sua vida; quem muito abre seus lábios se perde. 4 O preguiçoso cobiça, mas nada obtém. É o desejo dos homens diligentes que é satisfeito. 5 O justo detesta a mentira; o ímpio só faz coisas vergonhosas e ignominiosas. 6 A justiça protege o que caminha na integridade, mas a maldade arruína o pecador. 7 Há quem parece rico, não tendo nada, há quem se faz de pobre e possui copiosas riquezas. 8 A riqueza de um homem é o resgate de sua vida, mas o pobre está livre de ameaças. 9 A luz do justo ilumina, enquanto a lâmpada dos maus se extingue. 10 O orgulho só causa disputas; a sabedoria se acha com os que procuram aconselhar-se. 11 Os bens que muito depressa se ajuntam se desvanecem; os acumulados pouco a pouco aumentam. 12 Esperança retardada faz adoecer o coração; o desejo realizado, porém, é uma árvore de vida. 13 Quem menospreza a palavra perder-se-á; quem respeita o preceito será recompensado. 14 O ensinamento do sábio é uma fonte de vida para libertar-se dos laços da morte. 15 Bom entendimento procura favor; o caminho dos pérfidos, porém, é escabroso. 16 Todo homem prudente age com discernimento, mas o insensato põe em evidência sua loucura. 17 Um mau mensageiro provoca a desgraça; o enviado fiel, porém, traz a saúde. 18 Miséria e vergonha a quem recusa a disciplina; honra ao que aceita a reprimenda. 19 O desejo cumprido deleita a alma. Os insensatos detestam os que fogem do mal. 20 Quem visita os sábios torna-se sábio; quem se faz amigo dos insensatos perde-se. 21 A desgraça persegue os pecadores; a felicidade é a recompensa dos justos. 22 O homem de bem deixa sua herança para os filhos de seus filhos; ao justo foi reservada a fortuna do pecador. 23 É abundante em alimento um campo preparado pelo pobre, mas há quem pereça por falta de justiça. 24 Quem poupa a vara odeia seu filho; quem o ama, castiga-o na hora precisa. 25 O justo come até se saciar, mas o ventre dos pérfidos conhece a penúria.

14

1 A senhora Sabedoria edifica sua casa; a senhora Loucura destrói a sua com as próprias mãos. 2 Quem caminha direito teme o Senhor; o que anda desviado o despreza. 3 A boca do néscio encerra a vara para seu orgulho, mas os lábios do sábio são uma proteção para si mesmo. 4 Onde não há bois, a manjedoura está vazia; a abundância da colheita provém da força do gado. 5 A testemunha fiel não mente; a testemunha falsa profere falsidades. 6 O mofador busca a sabedoria, mas em vão; ao homem entendido a ciência é fácil. 7 Afasta-te da presença do tolo: em seus lábios não encontrarás palavras sábias. 8 A sabedoria do prudente está no cuidar do seu procedimento; a loucura dos insensatos consiste na fraude. 9 O insensato zomba do pecado; a benevolência (de Deus) é para os homens retos. 10 O coração conhece suas próprias amarguras; o estranho não pode partilhar de sua alegria. 11 A habitação dos pérfidos será destruída, mas a tenda dos justos florescerá. 12 Há caminho que parece reto ao homem; seu fim, porém, é o caminho da morte. 13 Mesmo no sorrir, o coração pode estar triste; a alegria pode findar na aflição. 14 O extraviado será saciado com seus próprios erros; o homem de bem, com seus atos. 15 O ingênuo acredita em tudo o que se diz; o prudente vigia seus passos. 16 O sábio teme o mal e dele se aparta, mas o insensato que se eleva dá-se por seguro. 17 O homem violento comete loucura; o dissimulado atrai a si o ódio. 18 Os ingênuos têm por herança a loucura; os prudentes, a ciência como coroa. 19 Diante dos bons humilham-se os maus e os ímpios ante as portas do justo. 20 Até mesmo ao seu companheiro o pobre é odioso; numerosos são os amigos do rico. 21 Quem despreza seu próximo comete um pecado; feliz aquele que tem compaixão dos desgraçados. 22 Porventura não erram os que maquinam o mal? Os que planejam o bem adquirem favor e verdade. 23 Para todo esforço há fruto, muito palavrório só produz penúria. 24 Para o sábio a riqueza é uma coroa. A loucura dos insensatos permanece loucura. 25 A testemunha fiel salva vidas; o que profere mentiras é falso. 26 No temor do Senhor [o justo] encontra apoio sólido; seus filhos nele encontrarão abrigo. 27 O temor do Senhor é uma fonte de vida para escapar aos laços da morte. 28 A multidão do povo é a glória de um rei; a falta de população é a ruína de um príncipe. 29 O paciente dá prova de bom senso; quem se arrebata rapidamente manifesta sua loucura. 30 Um coração tranqüilo é a vida do corpo, enquanto a inveja é a cárie dos ossos. 31 O opressor do pobre ultraja seu criador, mas honra-o o que se compadece do indigente. 32 É por causa de sua própria malícia que cai o ímpio; o justo, porém, até na morte conserva a confiança. 33 No coração do prudente repousa a sabedoria. Entre os tolos ela se fará conhecer? 34 A justiça enaltece uma nação; o pecado é a vergonha dos povos. 35 O servidor inteligente goza do favor do rei, mas a sua ira fere o desonrado.

15

1 Uma resposta branda aplaca o furor, uma palavra dura excita a cólera. 2 A língua dos sábios ornamenta a ciência, a boca dos imbecis transborda loucura. 3 Em todo o lugar estão os olhos do Senhor, observando os maus e os bons. 4 A língua sã é uma árvore de vida; a língua perversa corta o coração. 5 O néscio desdenha a instrução de seu pai, mas o que atende à repreensão torna-se sábio. 6 Na casa do justo há riqueza abundante, mas perturbação nos frutos dos maus. 7 Os lábios do sábio destilam saber, e não assim é o coração dos insensatos. 8 Os sacrifícios dos pérfidos são abominação para o Senhor, a oração dos homens retos lhe é agradável. 9 O Senhor abomina o caminho do mau, mas ama o que se prende à justiça. 10 Severa é a correção para o que se afasta do caminho, e o que aborrece a repreensão perecerá. 11 A habitação dos mortos e o abismo estão abertos diante do Senhor; quanto mais os corações dos filhos dos homens! 12 O zombador não gosta de quem o repreende, nem vai em busca dos sábios. 13 O coração contente alegra o semblante, o coração triste deprime o espírito. 14 O coração do inteligente procura a ciência; a boca dos tolos sacia-se de loucuras. 15 Para o aflito todos os dias são maus; para um coração contente, são um perpétuo festim. 16 Vale mais o pouco com o temor do Senhor que um grande tesouro com a inquietação. 17 Mais vale um prato de legume com amizade que um boi cevado com ódio. 18 O homem iracundo excita questões, mas o paciente apazigua as disputas. 19 O caminho do preguiçoso é como uma sebe de espinhos, o caminho dos corretos é sem tropeço. 20 O filho sábio alegra seu pai; o insensato despreza sua mãe. 21 A loucura diverte o insensato, mas o homem inteligente segue o caminho reto. 22 Os projetos malogram por falta de deliberação; conseguem bom êxito com muitos conselheiros. 23 Saber dar uma resposta é fonte de alegria; como é agradável uma palavra oportuna! 24 O sábio escala o caminho da vida, para evitar a descida à morada dos mortos. 25 O Senhor destrói a casa dos soberbos, mas firma os limites da viúva. 26 Os projetos dos pérfidos são abomináveis ao Senhor, mas as palavras benevolentes são puras. 27 O homem cobiçoso perturba a sua casa, aquele que odeia os subornos viverá. 28 O coração do justo estuda a sua resposta; a boca dos maus, porém, vomita o mal. 29 O Senhor está longe dos maus, mas atende à oração dos justos. 30 O brilho dos olhos alegra o coração; uma boa notícia fortifica os ossos. 31 Quem der atenção às repreensões salutares habitará entre os sábios. 32 O que rejeita a correção faz pouco caso de sua vida; quem ouve a repreensão adquire sabedoria. 33 O temor do Senhor é uma escola de sabedoria. A humildade precede a glória.

16

1 Cabe ao homem formular projetos em seu coração, mas do Senhor vem a resposta da língua. 2 Todos os caminhos parecem puros ao homem, mas o Senhor é quem pesa os corações. 3 Confia teus negócios ao Senhor e teus planos terão bom êxito. 4 Tudo fez o Senhor para seu fim, até o ímpio para o dia da desgraça. 5 Todo coração altivo é abominação ao Senhor: certamente não ficará impune. 6 É pela bondade e pela verdade que se expia a iniqüidade; pelo temor do Senhor evita-se o mal. 7 Quando agradam ao Senhor os caminhos de um homem, reconcilia com ele seus próprios inimigos. 8 Mais vale o pouco com justiça do que grandes lucros com iniqüidade. 9 O coração do homem dispõe o seu caminho, mas é o Senhor que dirige seus passos. 10 As palavras do rei são como oráculos: quando ele julga, sua boca não erra. 11 Balança e peso justos são do Senhor, e são obra sua todos os pesos da bolsa. 12 Fazer o mal, para um rei, é coisa abominável, porque pela justiça firma-se o trono. 13 Os lábios justos são agradáveis ao rei; ele ama o que fala com retidão. 14 A indignação do rei é prenúncio de morte, só o sábio sabe aplacá-la. 15 Na serenidade do semblante do rei está a vida: sua clemência é como uma chuva de primavera. 16 Adquirir a sabedoria vale mais que o ouro; antes adquirir a inteligência que a prata. 17 O caminho dos corretos consiste em evitar o mal; o que vigia seu procedimento conserva sua vida. 18 A soberba precede à ruína; e o orgulho, à queda. 19 Mais vale ser modesto com os humildes que repartir o despojo com os soberbos. 20 Quem ouve a palavra com atenção encontra a felicidade; ditoso quem confia no Senhor. 21 Inteligente é o que possui o coração sábio; a doçura da linguagem aumenta o saber. 22 A inteligência é fonte de vida para quem a possui; o castigo dos insensatos é a loucura. 23 O coração do sábio torna sua boca instruída, e acrescenta-lhes aos lábios o saber. 24 As palavras agradáveis são como um favo de mel; doçura para a alma e saúde para os ossos. 25 Há caminhos que parecem retos ao homem e, contudo, o seu termo é a morte. 26 A fome do trabalhador trabalha por ele, porque sua boca o constrange a isso. 27 O perverso cava o mal, há em seus lábios como que fogo devorador. 28 O perverso excita questões, o detrator separa os amigos. 29 O violento seduz seu próximo e o arrasta pelo mau caminho. 30 Quem fecha os olhos e planeja intriga, ao morder os lábios, já praticou o mal. 31 Os cabelos brancos são uma coroa de glória a quem se encontra no caminho da justiça. 32 Mais vale a paciência que o heroísmo, mais vale quem domina o coração do que aquele que conquista uma cidade. 33 As sortes lançam-se nas dobras do manto, mas do Senhor depende toda a decisão.

17

1 Mais vale um bocado de pão seco, com a paz, do que uma casa cheia de carnes, com a discórdia. 2 Um escravo prudente vale mais que um filho desonroso, e partilhará da herança entre os irmãos. 3 Um crisol para a prata, um forno para o ouro; é o Senhor, porém, quem prova os corações. 4 O mau dá ouvidos aos lábios iníquos; o mentiroso presta atenção à língua perniciosa. 5 Aquele que zomba do pobre insulta seu criador; quem se ri de um infeliz não ficará impune. 6 Os filhos dos filhos são a coroa dos velhos, e a glória dos filhos são os pais. 7 Uma linguagem elevada não convém ao néscio, quanto mais, a um nobre, palavras mentirosas. 8 Um presente parece uma gema preciosa a seu possuidor; para qualquer lado que ele se volte, logra êxito. 9 Aquele que dissimula faltas promove amizade; quem as divulga, divide amigos. 10 Uma repreensão causa mais efeito num homem prudente do que cem golpes num tolo. 11 O perverso só busca a rebeldia, mas será enviado contra ele um mensageiro cruel. 12 Antes encontrar uma ursa privada de seus filhotes do que um tolo em crise de loucura. 13 A desgraça não deixará a casa daquele que retribui o mal pelo bem. 14 Começar uma questão é como soltar as águas; desiste, antes que se exaspere a disputa. 15 Quem declara justo o ímpio e perverso o justo, ambos desagradam ao Senhor. 16 Para que serve o dinheiro na mão do insensato? Para comprar a sabedoria? Ele não tem critério. 17 O amigo ama em todo o tempo: na desgraça, ele se torna um irmão. 18 É destituído de senso o que aceita compromissos e que fica fiador para seu próximo. 19 O que ama as disputas ama o pecado; quem ergue sua porta busca a ruína. 20 O homem de coração falso não encontra a felicidade; o de língua tortuosa cai na desgraça. 21 Quem gera um tolo terá desventura; nem alegria terá o pai de um imbecil. 22 Coração alegre, bom remédio; um espírito abatido seca os ossos. 23 O ímpio aceita um presente ocultamente para desviar a língua da justiça. 24 Ante o homem prudente está a sabedoria; os olhos do insensato vagueiam até o fim do mundo. 25 Um filho néscio é o pesar de seu pai e a amargura de quem o deu à luz. 26 Não convém chamar a atenção do justo e ferir os homens honestos por causa de sua retidão. 27 O que mede suas palavras possui a ciência; quem é calmo de espírito é um homem inteligente. 28 Mesmo o insensato passa por sábio, quando se cala; por prudente, quando fecha sua boca.

18

1 Quem se isola procura sua própria vontade e se irrita contra tudo o que é razoável. 2 O insensato não tem propensão para a inteligência, mas para a expansão dos próprios sentimentos. 3 O desprezo ombreia com a iniqüidade; o opróbrio com a vergonha. 4 As palavras da boca de um homem são águas profundas; a fonte da sabedoria é uma torrente transbordante. 5 Não fica bem favorecer um perverso para prejudicar o direito do justo. 6 Os lábios do insensato promovem contendas: sua boca atrai açoites. 7 A boca do tolo é a sua ruína; seus lábios são uma armadilha para a sua própria vida. 8 As palavras do delator são como gulodices: penetram até as entranhas. 9 O frouxo no trabalho é um irmão do dissipador. 10 O nome do Senhor é uma torre: para lá corre o justo a fim de procurar segurança. 11 A fortuna do rico é sua cidade forte; em seu pensar, ela é como uma muralha elevada. 12 Antes da ruína, o coração do homem se eleva, mas a humildade precede a glória. 13 Quem responde antes de ouvir, passa por tolo e se cobre de confusão. 14 O espírito do homem suporta a doença, mas quem erguerá um espírito abatido? 15 O coração inteligente adquire o saber; o ouvido dos sábios procura a ciência. 16 O presente de um homem lhe abre tudo, e lhe dá acesso junto aos grandes. 17 Quem advoga sua causa, por primeiro, parece ter razão; sobrevém a parte adversa, que examina a fundo. 18 A sorte apazigua as contendas e decide entre os poderosos. 19 Um irmão ofendido é pior que uma cidade forte; as questões entre irmãos são como os ferrolhos de uma cidadela. 20 É do fruto de sua boca que um homem se nutre; com o produto de seus lábios ele se farta. 21 Morte e vida estão à mercê da língua: os que a amam comerão dos seus frutos. 22 Aquele que acha uma mulher, acha a felicidade: é um dom recebido do Senhor. 23 O pobre fala suplicando; a resposta do rico é ríspida. 24 O homem cercado de muitos amigos tem neles sua desgraça, mas existe um amigo mais unido que um irmão.

19

1 Mais vale um pobre que caminha na integridade que um insensato com lábios mentirosos. 2 Sem a ciência, nem mesmo o zelo é bom: quem precipita seus passos, desvia-se. 3 A loucura de um homem o leva a um mau caminho; é contra o Senhor que seu coração se irrita. 4 A riqueza aumenta o número de amigos, o pobre é abandonado pelo seu [único] companheiro. 5 O falso testemunho não fica sem castigo; o que profere mentira não escapará. 6 O homem generoso possui muitos lisonjeiros: todos se tornam amigos de quem dá. 7 Todos os irmãos do pobre o odeiam, quanto mais seus amigos não hão de se afastar dele? Está em busca de palavras, mas não terá nada. 8 Quem adquire bom senso ama sua alma; o que observa a prudência encontra a felicidade. 9 O falso testemunho não fica impune; o que profere mentira perecerá. 10 Não convém ao insensato viver entre delícias, muito menos ainda a um escravo dominar os chefes. 11 Um homem sábio sabe conter a sua cólera, e tem por honra passar por cima de uma ofensa. 12 Cólera de rei, rugido de leão; favor de rei, orvalho sobre a erva. 13 Um filho insensato é a desgraça de seu pai; a mulher intrigante é uma goteira inesgotável. 14 Casas e bens são a herança dos pais, mas uma mulher sensata é um dom do Senhor. 15 A preguiça cai no torpor: a alma indolente terá fome. 16 O que observa o preceito guarda sua vida; quem descuida de seu proceder morrerá. 17 Quem se apieda do pobre empresta ao Senhor, que lhe restituirá o benefício. 18 Corrige teu filho enquanto há esperança, mas não te enfureças até fazê-lo perecer. 19 O homem iracundo sofrerá um castigo; se o libertares, aumentarás a sua pena. 20 Ouve os conselhos, aceita a instrução: tu serás sábio para o futuro. 21 Há muitos planos no coração do homem, mas é a vontade do Senhor que se realiza. 22 O encanto de um homem é a sua caridade: mais vale o pobre que o mentiroso. 23 O temor do Senhor conduz à vida; (o que o possui) é saciado: passará a noite sem a visita da desgraça. 24 O preguiçoso põe sua mão no prato e nem sequer a leva à boca. 25 Castiga o zombador e o simples tornar-se-á sábio; repreende o homem sensato e ele compreenderá por quê. 26 Quem maltrata seu pai, quem expulsa sua mãe é um filho infame do qual todos se envergonham. 27 Cessa, meu filho, de ouvir as advertências e isto servirá para te afastares da sabedoria! 28 O testemunho falso zomba da justiça, a boca dos ímpios devora a iniqüidade. 29 As varas estão preparadas para os mofadores e os golpes para o dorso dos insensatos.

20

1 Zombeteiro é o vinho e amotinadora a cerveja: quem quer que se apegue a isto não será sábio. 2 O furor do rei é como um rugido de leão: aquele que o provoca, prejudica-se a si mesmo. 3 É uma glória para o homem abster-se de contendas; o tolo, porém, é o único que as procura. 4 Desde o outono o preguiçoso não trabalha: mendigará no tempo da colheita, mas não terá nada. 5 Água profunda é o conselho no íntimo do homem; o homem inteligente sabe haurir dela. 6 Muitos homens apregoam a sua bondade, mas quem achará um homem verdadeiramente fiel? 7 O justo caminha na integridade; ditosos os filhos que o seguirem! 8 O rei, que está sentado no trono da justiça, só com seu olhar dissipa todo o mal. 9 Quem pode dizer: Meu coração está puro, estou limpo de pecado? 10 Ter dois pesos e duas medidas é objeto de abominação para o Senhor. 11 O menino manifesta logo por seus atos se seu proceder será puro e reto. 12 O ouvido que ouve, o olho que vê, ambas estas coisas fez o Senhor. 13 Não sejas amigo do sono, para que não te tornes pobre: abre os olhos e terás pão à vontade. 14 Mau, mau! diz o comprador. Mas se gloria ao se retirar. 15 Há ouro, há pérola em abundância; jóia rara é a boca sábia. 16 Toma-lhe a roupa, porque ele respondeu por outrem; exige dele um penhor em proveito dos estranhos. 17 Saboroso é para o homem o pão defraudado, mas depois terá a boca cheia de cascalhos. 18 Os projetos triunfam pelo conselho; é com prudência que deve ser dirigida a guerra. 19 O mexiriqueiro trai os segredos: não te familiarizes com um falador. 20 Quem amaldiçoa seu pai ou sua mãe (verá) apagar-se sua luz no meio de densas trevas. 21 Herança muito depressa adquirida no princípio não será abençoada no fim. 22 Não digas: Eu me vingarei! Coloca tua esperança no Senhor, ele te salvará. 23 Ter dois pesos é abominação para o Senhor; uma balança falsa não é coisa boa. 24 O Senhor é quem dirige os passos do homem: como poderá o homem compreender seu caminho? 25 É um laço dizer inconsideradamente: Consagrado! e não refletir antes de ter emitido um voto. 26 O rei sábio joeira os ímpios, faz passar sobre eles a roda. 27 O espírito do homem é uma lâmpada do Senhor: ela penetra os mais íntimos recantos das entranhas. 28 Bondade e fidelidade montam guarda ao rei; pela justiça firma-se seu trono. 29 A força é o ornato dos jovens; o ornamento dos anciãos são os cabelos brancos. 30 A ferida sangrenta cura o mal; também os golpes, no mais íntimo do corpo.

21

1 O coração do rei é uma água fluente nas mãos do Senhor: ele o inclina para qualquer parte que quiser. 2 Os caminhos do homem parecem retos aos seus olhos, mas cabe ao Senhor pesar os corações. 3 A prática da justiça e da eqüidade vale aos olhos do Senhor mais que os sacrifícios. 4 Olhares altivos ensoberbecem o coração; o luzeiro dos ímpios é o pecado. 5 Os planos do homem ativo produzem abundância; a precipitação só traz penúria. 6 Tesouros adquiridos pela mentira: vaidade passageira para os que procuram a morte. 7 A violência dos ímpios os conduz à [ruína], porque se recusam a praticar a justiça. 8 O caminhos do perverso é tortuoso, mas o inocente age com retidão. 9 Melhor é habitar num canto do terraço do que conviver com uma mulher impertinente. 10 A alma do ímpio deseja o mal; nem mesmo seu amigo encontrará graça a seus olhos. 11 Quando se pune o zombador, o simples torna-se sábio; quando se adverte o sábio, ele adquire a ciência. 12 O justo observa a cada do ímpio e precipita os maus na desventura. 13 Quem se faz de surdo aos gritos do pobre não será ouvido, quando ele mesmo clamar. 14 Um presente dado sob o manto extingue a cólera; uma oferta concebida às ocultas acalma um furor violento. 15 Para o justo é uma alegria a prática da justiça, mas é um terror para aqueles que praticam a iniqüidade. 16 O homem que se desvia do caminho da prudência repousará na companhia das trevas. 17 O que ama os banquetes será um homem indigente; o que ama o vinho e o óleo não se enriquecerá. 18 O ímpio serve de resgate para o justo e o pérfido para os homens retos. 19 Melhor é habitar no deserto do que com uma mulher impertinente e intrigante. 20 Na casa do sábio há preciosas reservas e óleo; um homem imprudente, porém, os absorverá. 21 Quem segue a justiça e a misericórdia, achará vida, justiça e glória. 22 O sábio toma de assalto a cidade dos heróis: destrói a fortaleza em que depositava confiança. 23 Quem vigia sua boca e sua língua preserva sua vida da angústia. 24 Chamamos de zombador um soberbo arrogante, que age com orgulho desmedido. 25 Os desejos do preguiçoso o matam porque suas mãos recusam o trabalho; 26 passam todo o dia a desejar com ardor, mas quem é justo dá largamente. 27 O sacrifício dos ímpios é abominável, mormente quando o oferecem com má intenção. 28 A testemunha mentirosa perecerá, mas o homem que escuta sempre poderá falar. 29 O ímpio aparenta um ar firme; o homem correto consolida seu proceder. 30 Nem a sabedoria, nem prudência, nem conselho podem prevalescer contra o Senhor. 31 Prepara-se o cavalo para o dia da batalha, mas é do senhor que depende a vitória.

22

1 Bom renome vale mais que grandes riquezas; a boa reputação vale mais que a prata e o ouro. 2 Rico e pobre se encontram: foi o Senhor que criou a ambos. 3 O homem prudente percebe a aproximação do mal e se abriga, mas os imprudentes passam adiante e recebem o dano. 4 O prêmio da humildade é o temor do Senhor, a riqueza, a honra e a vida. 5 Espinhos e laços há no caminho do perverso; quem guarda sua vida retira-se para longe deles. 6 Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar. 7 O rico domina os pobres: o que toma emprestado torna-se escravo daquele que lhe emprestou. 8 Aquele que semeia o mal, recolhe o tormento: a vara de sua ira o ferirá. 9 O homem benevolente será abençoado porque tira do seu pão para o pobre. 10 Expulsa o mofador e cessará a discórdia: ultrajes e litígios cessarão. 11 Quem ama a pureza do coração, pela graça dos seus lábios, é amigo do rei. 12 Os olhos do Senhor protegem a sabedoria, mas arruínam as palavras do pérfido. 13 Há um leão do lado de fora!, diz o preguiçoso, eu poderei ser morto na rua! 14 A boca das meretrizes é uma cova profunda; nela cairá aquele contra o qual o Senhor se irar. 15 A loucura apega-se ao coração da criança; a vara da disciplina afastá-la-á dela. 16 Quem oprime o pobre, enriquece-o. Quem dá ao rico, empobrece-o. 17 Presta atenção às minhas palavras, aplica teu coração à minha doutrina, 18 porque é agradável que as guardes dentro de teu coração e que elas permaneçam, todas, presentes em teus lábios. 19 É para que o Senhor seja tua confiança, que quero instruir-te hoje. 20 Desde muito tempo eu te escrevi conselhos e instruções, 21 para te ensinar a verdade das coisas certas, para que respondas certo àquele que te indaga. 22 Não despojes o pobre, porque é pobre, não oprimas o fraco à porta da cidade, 23 porque o Senhor pleiteará sua causa e tirará a vida aos que os despojaram. 24 Não faças amizade com um homem colérico, não andes com o violento, 25 há o perigo de que aprendas os seus costumes e prepares um laço fatal. 26 Não sejas daqueles que se obrigam, apertando a mão, e se fazem fiadores de dívidas; 27 se não tens com que pagar, arrebatar-te-ão teu leito debaixo de ti. 28 Não passes além dos marcos antigos que puseram teus pais. 29 Viste um homem hábil em sua obra? Ele entrará ao serviço dos reis, e não ficará entre gente obscura.

23

1 Quando te assentares à mesa com um grande, considera com atenção quem está diante de ti: 2 põe uma faca na tua garganta, se tu sentes muito apetite; 3 não cobices seus manjares que são alimentos enganosos. 4 Não te afadigues para te enriqueceres, evita aplicar a isso teu espírito. 5 Mal fixas os olhos nos bens, e nada mais há, porque a riqueza tem asas como a águia que voa para o céu. 6 Não comas com homem invejoso, não cobices seus manjares, 7 porque ele se mostra tal qual se calculou em si mesmo. Ele te diz: Come e bebe, mas seu coração não está contigo. 8 Comido o bocado, tu o vomitarás e desperdiçarás tuas amabilidades. 9 Não fales aos ouvidos do insensato porque ele desprezaria a sabedoria de tuas palavras. 10 Não toques no marco antigo, não penetres na terra dos órfãos 11 porque seu vingador é poderoso e defenderá sua causa contra ti. 12 Aplica teu coração à instrução e teus ouvidos às palavras da ciência. 13 Não poupes ao menino a correção: se tu o castigares com a vara, ele não morrerá, 14 castigando-o com a vara, salvarás sua vida da morada dos mortos. 15 Meu filho, se o teu espírito for sábio, meu coração alegrar-se-á contigo! 16 Meus rins estremecerão de alegria, quando teus lábios proferirem palavras retas. 17 Que teu coração não inveje os pecadores, mas permaneça sempre no temor do Senhor 18 porque [então] haverá certamente um futuro e tua esperança não será frustrada. 19 Ouve, meu filho: sê sabio, dirige teu coração pelo caminho reto, 20 não te ajuntes com os bebedores de vinho, com aqueles que devoram carnes, 21 pois o ébrio e o glutão se empobrecem e a sonolência veste-se com andrajos. 22 Dá ouvidos a teu pai, àquele que te gerou e não desprezes tua mãe quando envelhecer. 23 Adquire a verdade e não a vendas, adquire sabedoria, instruções e inteligência. 24 O pai do justo exultará de alegria; aquele que gerou um sábio alegrar-se-á nele. 25 Que teu pai se alegre por tua causa, que viva na alegria aquela que te deu à luz! 26 Meu filho, dá-me teu coração. Que teus olhos observem meus caminhos, 27 pois a meretriz é uma fossa profunda e a entranha, um poço estreito: 28 como um salteador ele fica de emboscada e, entre os homens, multiplica os infiéis. 29 Para quem os ah? Para quem os ais? Para quem as contendas? Para quem as queixas? Para quem as feridas sem motivo? Para quem o vermelho dos olhos? 30 Para aqueles que permanecem junto ao vinho, para aqueles que vão saborear o vinho misturado. 31 Não consideres o vinho: como ele é vermelho, como brilha no copo, como corre suavemente! 32 Mas, no fim, morde como uma serpente e pica como um basilisco! 33 Os teus olhos verão coisas estranhas, teu coração pronunciará coisas incoerentes. 34 Serás como um homem adormecido no fundo do mar, ou deitado no cimo dum mastro: 35 Feriram-me, dirás tu; e não sinto dor! Bateram-me... e não sinto nada. Quando despertei eu? Quero mais ainda!

24

1 Não invejes os maus, nem desejes estar com eles, 2 porque seus corações maquinam a violência e seus lábios só proclamam a iniqüidade. 3 É com sabedoria que se constrói a casa, pela prudência ela se consolida. 4 Pela ciência enchem-se os celeiros de todo bem precioso e agradável. 5 O sábio é um homem forte, o douto é cheio de vigor. 6 É com a prudência que empreenderás a guerra e a vitória depende de grande número de conselheiros. 7 A sabedoria é por demais sublime para o tolo; à porta da cidade, ele não abre a boca. 8 Quem medita fazer o mal, é chamado mestre intrigante. 9 O desígnio da loucura é o pecado; e detrator é terror para os outros. 10 Se te deixas abater no dia da adversidade, minguada é a tua força. 11 Livra os que foram entregues à morte, salva os que cambaleiam indo para o massacre. 12 Se disseres: Mas, não o sabia! Aquele que pesa os corações não o verá? Aquele que vigia tua alma não o saberá? E não retribuirá a cada qual segundo seu procedimento? 13 Meu filho, come mel, pois é bom; um favo de mel é doce para teu paladar. 14 Sabe, pois, que assim será a sabedoria para tua alma. Se tu a encontrares, haverá para ti um bom futuro e tua esperança não será frustrada. 15 Não conspires, ó ímpio, contra a casa do justo, não destruas sua habitação! 16 Porque o justo cai sete vezes, mas ergue-se, enquanto os ímpios desfalecem na desgraça. 17 Não te alegres, se teu inimigo cair, se tropeçar, que não se rejubile teu coração, 18 para não suceder que o Senhor o veja, e isto lhe desagrade, e tire de cima dele sua ira. 19 Não te indignes à vista dos maus, não invejes os ímpios, 20 porque para o mal não há futuro e o luzeiro dos ímpios extinguir-se-á. 21 Meu filho, teme o Senhor e o rei, não te mistures com os sediciosos, 22 porque, de repente, surgirá sua desgraça. Quem conhece a destruição de uns e de outros? 23 O que segue é ainda dos sábios: Não é bom mostrar-se parcial no julgamento. 24 Ao que diz ao culpado: Tu és inocente, os povos o amaldiçoarão, as nações o abominarão. 25 Aqueles que sabem repreender são louvados, sobre eles cai uma chuva de bênçãos. 26 Dá um beijo nos lábios aquele que responde com sinceridade. 27 Cuida da tua tarefa de fora, aplica-te ao teu campo e depois edificarás tua habitação. 28 Não sejas testemunha inconsiderada contra teu próximo. Queres, acaso, que teus lábios te enganem? 29 Não digas: Far-lhe-ei o que me fez, pagarei a este homem segundo seus atos. 30 Perto da terra do preguiçoso eu passei, junto à vinha de um homem insensato: 31 eis que, por toda a parte, cresciam abrolhos, urtigas cobriam o solo, o muro de pedra estava por terra. 32 Vendo isso, refleti; daquilo que havia visto, tirei esta lição: 33 um pouco de sono, um pouco de torpor, um pouco cruzando as mãos para descansar 34 e virá a indigência como um vagabundo, a miséria como um homem armado!

25

1 Ainda alguns provérbios de Salomão, recolhidos pelos homens de Ezequias, rei de Judá. 2 A glória de Deus é ocultar uma coisa; a glória dos reis é esquadrinhá-la. 3 A altura dos céus, a profundeza da terra são impenetráveis, bem como o coração dos reis. 4 Tira as escórias da prata e terás um vaso para o ourives; 5 afasta o mau de presença do rei e seu trono se firmará na justiça. 6 Não te faças de pretensioso diante do rei, não te ponhas no lugar dos grandes. 7 É melhor que te digam: Sobe aqui!, do que seres humilhado diante de um personagem. O que teus olhos viram, 8 não o descubras com precipitação numa contenda, pois, no final das contas, que farás tu quando o outro te houver confundido? 9 Trata teu negócio com teu próximo de maneira a não revelar o segredo de outro, 10 para que não sejas repreendido por aquele que o ouviu nem incorras em descrédito irreparável. 11 Maçãs de ouro sobre prata gravada: tais são as palavras oportunas. 12 Anel de ouro, jóia de ouro fino: tal é o sábio que admoesta um ouvido atento. 13 Frescor de neve no tempo da colheita, tal é um mensageiro fiel para quem o envia: ele restaura a alma de seu senhor. 14 Nuvens e vento sem chuva: tal é o homem que se gaba falsamente de dar. 15 Pela paciência o juiz se deixa aplacar: a língua que fala com brandura pode quebrantar ossos. 16 Achaste mel? Come o que for suficiente: se comeres demais, tu o vomitarás. 17 Põe raramente o pé na casa do vizinho: enfastiado de ti, ele te viria a aborrecer. 18 Clava, espada, flecha penetrante: tal é o que usa de falso testemunho contra seu próximo. 19 Dente arruinado, pé que resvala: tal é a confiança de um pérfido no dia da desventura. 20 Tirar a capa num dia de frio, derramar vinagre numa ferida: isso faz aquele que canta canções a um coração atribulado. 21 Tem o teu inimigo fome? Dá-lhe de comer. Tem sede? Dá-lhe de beber: 22 assim amontoarás brasas ardentes sobre sua cabeça e o Senhor te recompensará. 23 O vento norte traz chuva e a língua detratora anuvia os semblantes. 24 É melhor habitar um canto do terraço do que viver com uma mulher impertinente. 25 Água fresca para uma garganta sedenta: tal é uma boa nova vinda de terra longínqua. 26 Fonte turva e manancial contaminado: tal é o justo que cede diante do ímpio. 27 Comer mel em demasia não é bom: usa de moderação nas palavras elogiosas. 28 Como uma cidade desmantelada, sem muralhas: tal é o homem que não é senhor de si.

26

1 Assim como a neve é imprópria no estio e a chuva na ceifa, do mesmo modo não convém ao insensato a consideração. 2 Como um pássaro que foge, uma andorinha que voa: uma maldição injustificada permanece sem efeito. 3 O açoite para o cavalo, o freio para o asno: a vara para as costas do tolo. 4 Não respondas ao néscio segundo sua insensatez, para não seres semelhante a ele. 5 Responde ao tolo segundo sua loucura para que ele não se julgue sábio aos seus olhos. 6 Corta os pés, bebe aflições quem confia uma mensagem a um tolo. 7 As pernas de um coxo não têm força: do mesmo modo uma sentença na boca de um tolo. 8 É colocar pedra na funda cumprimentar um tolo. 9 Um espinho que cai na mão de um embriagado: tal é uma sentença na boca dos insensatos. 10 Um arqueiro que fere a todos: tal é aquele que emprega um tolo ou um embriagado. 11 Um cão que volta ao seu vômito: tal é o louco que reitera suas loucuras. 12 Tu tens visto um homem que se julga sábio? Há mais a esperar de um tolo do que dele. 13 Há um leão no caminho, diz o preguiçoso, um leão na estrada! 14 A porta gira sobre seus gonzos: assim o preguiçoso no seu leito. 15 O preguiçoso põe sua mão no prato e custa-lhe muito levá-la à boca. 16 O preguiçoso julga-se mais sábio do que sete homens que respondem com prudência. 17 É pegar pelas orelhas um cão que passa envolver-se num debate que não interessa. 18 Um louco furioso que lança chamas, flechas e morte: 19 tal é o homem que engana seu próximo e diz em seguida: mas, era para brincar. 20 Sem lenha o fogo se apaga: desaparecido o relator, acaba-se a questão. 21 Carvão sobre a brasa, lenha sobre o fogo: tal é um intrigante para atiçar uma disputa. 22 As palavras do mexeriqueiro são como guloseimas: penetram até o fundo das entranhas. 23 Uma liga de prata sobre o pote de argila: tais são as palavras ardentes com um coração malévolo. 24 O que odeia, fala com dissimulação; no seu interior maquina a fraude; 25 quando ele falar com amabilidade, não te fies nele porque há sete abominações em seu coração; 26 pode dissimular seu ódio sob aparências, e sua malícia acabará por ser revelada ao público. 27 Quem cava uma fossa, ali cai; quem rola uma pedra, cairá debaixo dela. 28 A língua mendaz odeia aqueles que ela atinge, a boca enganosa conduz à ruína.

27

1 Não te gabes do dia de amanhã porque não sabes o que ele poderá engendrar. 2 Que seja outro que te louve, não a tua própria boca; um estranho, não teus próprios lábios. 3 Pesada é a pedra, pesada a areia, mais pesada ainda é a cólera de um tolo. 4 Crueldade do furor, ímpetos da cólera: mas quem pode suportar o ciúme? 5 Melhor é a correção manifesta do que uma amizade fingida. 6 As feridas do amigo são provas de lealdade, mas os beijos do que odeia são abundantes. 7 Saciado o apetite, calca aos pés o favo de mel; para o faminto tudo o que é amargo parece doce. 8 Um pássaro que anda longe do seu ninho: tal é o homem que vive longe da sua terra. 9 Azeite e incenso alegram o coração: a bondade de um amigo consola a alma. 10 Não abandones teu amigo, o amigo de teu pai; não vás à casa do teu irmão em dia de aflição. Vale mais um vizinho que está perto, que um irmão distante. 11 Sê sábio, meu filho, alegrarás meu coração e eu poderei responder ao que me ultrajar. 12 O homem prudente percebe o mal e se põe a salvo; os imprudentes passam adiante e agüentam o peso. 13 Toma a sua veste, porque ficou fiador de outrem, exige o penhor que deve aos estrangeiros. 14 Quem, desde o amanhecer, louva seu vizinho em alta voz é censurado de o ter amaldiçoado. 15 Goteira que cai de contínuo em dia de chuva e mulher litigiosa, tudo é a mesma coisa. 16 Querer retê-la, é reter o vento, ou pegar azeite com a mão. 17 O ferro com o ferro se aguça; o homem aguça o homem. 18 Quem trata de sua figueira, comerá seu fruto; quem cuida do seu senhor, será honrado. 19 Como o reflexo do rosto na água, assim é o coração do homem para o homem. 20 A morada dos mortos e o abismo nunca se enchem; assim os olhos do homem são insaciáveis. 21 Há um crisol para a prata, um forno para o ouro; assim o homem [é provado] pela sua reputação. 22 Ainda que pisasses o insensato num triturador, entre os grãos, com um pilão, sua loucura não se separaria dele. 23 Certifica-te bem do estado do teu gado miúdo; atende aos teus rebanhos, 24 porque a riqueza não é eterna e a coroa não permanece de geração em geração. 25 Quando se abre o prado, quando brotam as ervas, uma vez recolhido o feno das montanhas, 26 tens ainda cordeiros para te vestir e bodes para pagares um campo, 27 leite de cabra suficiente para teu sustento, para o sustento de tua casa e a manutenção das tuas servas.

28

1 O ímpio foge sem que ninguém o persiga, mas o justo sente-se seguro como um leão. 2 Por causa do pecado de um país, multiplicam-se os chefes, mas sob um homem sábio e sensato [a ordem] perdura. 3 Um pobre que oprime miseráveis é qual chuva torrencial, causa de fome. 4 Quem abandona a instrução, louva o ímpio; quem a observa, faz-lhe guerra. 5 Os homens maus não compreendem o que é justo; os que buscam o Senhor tudo entendem. 6 Mais vale um pobre que caminha na integridade do que um rico em caminhos tortuosos. 7 Um filho inteligente segue a instrução; quem convive com os devassos, torna-se a vergonha de seu pai. 8 Quem aumenta sua fortuna por usuras e logro, ajunta para o que tem piedade dos pequenos. 9 Aquele que afasta o ouvido para não ouvir a instrução, até em sua oração é um objeto de horror. 10 Quem seduz os homens corretos para um mau caminho, cairá no fosso que ele mesmo cavou e para os íntegros caberá a herança da felicidade. 11 O rico julga-se sábio, mas o pobre inteligente penetra-o a fundo. 12 Quando os justos triunfam, há muita alegria; quando os ímpios se erguem, cada qual se esconde. 13 Quem dissimula suas faltas, não há de prosperar; quem as confessa e as detesta, obtém misericórdia. 14 Feliz daquele que vive em temor contínuo; mas o que endurece seu coração, cairá na desgraça. 15 Leão rugidor, urso esfaimado: tal é o ímpio que domina sobre um povo pobre. 16 Um príncipe, destituído de senso, é rico em extorsões, mas o que odeia o lucro viverá longos dias. 17 O homem sobre o qual pesa o sangue de outro fugirá até o fosso: não o retenhas. 18 O que caminha na integridade, será salvo; quem seguir por caminhos tortuosos cairá no fosso. 19 O que cultiva seu solo, terá pão à vontade; o que corre atrás das vaidades fartar-se-á de miséria. 20 O homem leal será cumulado de bênçãos; o que, porém, tem pressa de se enriquecer, não ficará impune. 21 Não é bom mostrar-se parcial: há quem cometa este pecado por um pedaço de pão. 22 O homem invejoso precipita-se atrás da fortuna: não sabe que vai cair sobre ele a indigência. 23 Quem corrige alguém, encontra no fim mais gratidão do que lisonjas. 24 Quem furta de seu pai ou de sua mãe, dizendo: Isto não é pecado!, é colega do bandoleiro. 25 O homem cobiçoso provoca contendas, mas o que se fia no Senhor, será saciado. 26 O que se fia em seu próprio coração, é um tolo; quem caminha com sabedoria, escapará do perigo. 27 O que dá ao pobre, não padecerá penúria, mas quem fecha os olhos ficará cheio de maldições. 28 Quando se erguem os ímpios, cada qual se oculta; quando eles perecem, multiplicam-se os justos.

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1 O homem que, apesar das admoestações, se obstina será logo irremediavelmente arruinado. 2 Quando dominam os justos, alegra-se o povo; quando governa o ímpio, o povo geme. 3 Quem ama a sabedoria alegra seu pai; o que freqüenta as prostitutas dissipa sua fortuna. 4 É pela justiça que um rei firma seu país, mas aquele que o sobrecarrega com muitos impostos, o arruína. 5 O homem que adula seu próximo estende redes aos seus pés. 6 No delito do ímpio há um ardil, mas o justo corre alegremente. 7 O justo conhece a causa dos pobres; o ímpio a ignora. 8 Os escarnecedores ateiam fogo na cidade, mas os sábios acalmam o furor. 9 Discute um sábio com um tolo? Que ele se zangue ou que ele se ria, não terá paz. 10 Os homens sanguinários odeiam o íntegro, mas os homens retos tomam cuidado com sua vida. 11 O insensato desafoga toda sua ira, mas o sábio a domina e a recalca. 12 Quando um soberano presta atenção às mentiras, todos os seus servidores tornam-se maus. 13 O pobre e o opressor se encontram: é o Senhor que ilumina os olhos de cada um. 14 Um rei que julga com eqüidade os humildes terá seu trono firmado para sempre. 15 Vara e correção dão a sabedoria; menino abandonado à sua vontade se torna a vergonha da mãe. 16 Quando se multiplicam os ímpios, multiplica-se o crime, mas os justos contemplarão sua queda. 17 Corrige teu filho e ele te dará repouso e será as delícias de tua vida. 18 Por falta de visão, o povo vive sem freios; ditoso o que observa a instrução! 19 Não é com palavras que se corrige um escravo, porque ele compreende, mas não se atém a elas. 20 Viste um homem precipitado no falar: há mais esperança num tolo do que nele. 21 Um escravo mimado desde sua juventude, acaba por se tornar desobediente. 22 Um homem irascível excita contendas; o colérico acumula as faltas. 23 O orgulho de um homem leva-o à humilhação, mas o humilde de espírito obtém a glória. 24 Quem partilha com o ladrão, odeia-se a si mesmo; ouve a maldição e nada denuncia. 25 O temor dos homens prepara um laço, mas quem confia no Senhor permanece seguro. 26 Muitos buscam o favor dum príncipe, mas é do Senhor que cada homem alcança justiça 27 O homem iníquo é abominado pelos justos; o ímpio abomina aquele que anda pelo caminho certo.

30

1 Palavras de Agur, filho de Jaque, de Massa. Palavras desse homem: Eu me fatiguei por Deus, estou esgotado por Deus, eis-me entregue. 2 Porque eu sou o mais insensato dos homens, não tenho a inteligência de um homem. 3 Não aprendi a sabedoria e não conheci a ciência do Santo. 4 Quem subiu ao céu e quem dele desceu? Quem reteve o vento em suas mãos? Quem envolveu as águas em seu manto? Quem determinou as extremidades da terra? Qual é o seu nome, qual é o nome de seu filho, se é que o sabes? 5 Toda a palavra de Deus é provada, é um escudo para quem se fia nele. 6 Não acrescentes nada às suas palavras, para que ele não te corrija e sejas achado mentiroso. 7 Eu te peço duas coisas, não mas negues antes de minha morte: 8 afasta de mim falsidade e mentira, não me dês nem pobreza nem riqueza, concede-me o pão que me é necessário, 9 para que, saciado, eu não te renegue, e não diga: Quem é o Senhor? Ou que, pobre, eu não roube, e não profane o nome do meu Deus. 10 Não calunies um escravo junto de seu senhor, para que ele não te amaldiçoe e sofras o castigo. 11 Há uma raça que amaldiçoa seu pai e que não abençoa sua mãe. 12 Há uma raça que se julga pura e que não está limpa de sua mancha. 13 Há uma raça , oh, cujos olhos são altivos, com pálpebras levantadas! 14 Há uma raça cujos dentes são espadas e os maxilares, facas, para devorar os desvalidos da terra e os indigentes dentre os homens. 15 A sanguessuga tem duas filhas: Dá! Dá! Há três coisas insaciáveis, quatro mesmo, que nunca dizem: Basta! 16 A habitação dos mortos, o seio estéril, o solo que a água jamais sacia e o fogo que nunca diz: Basta! 17 Os olhos de quem zomba do pai, de quem se recusa obedecer sua mãe: os corvos da torrente o arrebatarão, os filhos da águia o devorarão. 18 Há três coisas que me são mistério, quatro mesmo, que não compreendo: 19 O vôo da águia nos céus, o rastejar da cobra no rochedo, a navegação de um navio em pleno mar, o caminho de um homem junto a uma jovem. 20 Tal é o procedimento da mulher adúltera: come, depois limpa a boca, dizendo: Não fiz mal algum. 21 Três coisas fazem tremer a terra, há mesmo quatro que ela não pode suportar: 22 um escravo que se torna rei, um tolo que está farto de pão, 23 uma filha desprezada que se casa, uma serva que suplanta sua senhora. 24 Há quatro animais pequenos na terra que, entretanto, são sábios, muito sábios: 25 as formigas, povo sem força, que, durante o verão, preparam suas provisões, 26 os arganazes, povo sem poder, que fazem sua habitação nos rochedos, 27 os gafanhotos, que não têm rei e avançam todos em bandos, 28 a lagartixa, que se pode pegar na mão e penetra nos palácios reais. 29 Há três coisas que têm bela aparência, quatro mesmo, que andam garbosamente: 30 O leão, o mais bravo dos animais, que não recua diante de nada, 31 o animal cingido pelos rins, o bode e o rei acompanhado de seu exército. 32 Se tiveres a asneira de elevar-te a ti mesmo, refletindo nisso, depois, põe tua mão à boca, 33 porque quem comprime o leite, tira dele a manteiga, quem aperta o nariz, faz jorrar o sangue, quem provoca a cólera, promove a disputa.

31

1 Palavras de Lamuel, rei de Massa, que lhe foram ensinadas por sua mãe: 2 Meu filho, filho de minhas entranhas, que te direi eu? Não, ó filho de meus votos! 3 Não dês teu vigor às mulheres e teu caminho àquelas que perdem os reis. 4 Não é próprio dos reis, Lamuel, não convém aos reis beber vinho, nem aos príncipes dar-se aos licores, 5 para que, bebendo, eles não esqueçam a lei e não desconheçam o direito de todos os infelizes. 6 Dai a bebida forte àquele que desfalece e o vinho àquele que tem amargura no coração: 7 que ele beba e esquecerá sua miséria e já não se lembrará de suas mágoas. 8 Abre tua boca a favor do mundo, pela causa de todos os abandonados; 9 abre tua boca para pronunciar sentenças justas, faze justiça ao aflito e ao indigente. 10 Uma mulher virtuosa, quem pode encontrá-la? Superior ao das pérolas é o seu valor. 11 Confia nela o coração de seu marido, e jamais lhe faltará coisa alguma. 12 Ela lhe proporciona o bem, nunca o mal, em todos os dias de sua vida. 13 Ela procura lã e linho e trabalha com mão alegre. 14 Semelhante ao navio do mercador, manda vir seus víveres de longe. 15 Levanta-se, ainda de noite, distribui a comida à sua casa e a tarefa às suas servas. 16 Ela encontra uma terra, adquire-a. Planta uma vinha com o ganho de suas mãos. 17 Cinge os rins de fortaleza, revigora seus braços. 18 Alegra-se com o seu lucro, e sua lâmpada não se apaga durante a noite. 19 Põe a mão na roca, seus dedos manejam o fuso. 20 Estende os braços ao infeliz e abre a mão ao indigente. 21 Ela não teme a neve em sua casa, porque toda a sua família tem vestes duplas. 22 Faz para si cobertas: suas vestes são de linho fino e de púrpura. 23 Seu marido é considerado nas portas da cidade, quando se senta com os anciãos da terra. 24 Tece linha e o vende, fornece cintos ao mercador. 25 Fortaleza e graça lhe servem de ornamentos; ri-se do dia de amanhã. 26 Abre a boca com sabedoria, amáveis instruções surgem de sua língua. 27 Vigia o andamento de sua casa e não come o pão da ociosidade. 28 Seus filhos se levantam para proclamá-la bem-aventurada e seu marido para elogiá-la. 29 Muitas mulheres demonstram vigor, mas tu excedes a todas. 30 A graça é falaz e a beleza é vã; a mulher inteligente é a que se deve louvar. 31 Dai-lhe o fruto de suas mãos e que suas obras a louvem nas portas da cidade.



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